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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
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O primeiro-ministro não demitiu Pedro Nuno Santos nem o ministro se demitiu, após António Costa ter revogado, ontem, o despacho assinado na véspera pelo Ministério das Infraestruturas sobre o Plano de Ampliação da Capacidade Aeroportuária da Região de Lisboa.
Uma bizarria e um triste espetáculo para quem assistiu a este circo durante dois dias, com o chefe de Governo a desautorizar o enfant terrible da ala esquerda do PS, e candidato a líder, que na quarta-feira anunciara uma solução de dois aeroportos para substituir, a médio prazo, o aeroporto de Lisboa. Um plano que passava por acelerar a construção do aeroporto do Montijo para responder ao aumento da procura em Lisboa, complementar ao aeroporto Humberto Delgado, até à concretização do aeroporto em Alcochete, em 2035. Esta solução é, afinal, uma entre outras, segundo Costa, que constarão no cardápio da futura solução aeroportuária na procura de consenso com o maior partido da oposição.
António Costa puxou dos galões de domador e confrontou o leão com o “erro grave” que cometeu, afiançando que “não agiu de má-fé” e que “compete ao primeiro-ministro garantir a unidade, credibilidade e colegialidade da ação governativa”.
Após uma reunião de 40 minutos com o seu ministro, Costa segurou, assim, o seu ministro, assegurando que a confiança está totalmente restabelecida. E Pedro Nuno Santos acabou por assumir responsabilidades e pediu desculpa a Costa, que não explicou se conhecia ou não a solução aeroportuária anunciada, ainda que no epicentro da divergência estivesse o timing do seu anúncio.
O Presidente da República, acabrunhado, acaba por responsabilizar Costa por escolha “mais ou menos feliz” da sua equipa na avaliação que faz a cada momento. Uma indireta de Marcelo Rebelo de Sousa à falta de autoridade ao chefe de Governo que acabou por destruir a sua credibilidade, e também a do ministro, depois da humilhação política da revogação do despacho de Pedro Nuno Santos.
Tal como nos contos, parece o circo em que ninguém se contentava com o que era: o domador achava que era leão e o engolidor de fogo vestia-se de trapezista – determinado a não adiar a concretização de uma solução fundamental para o país e o trapezista de Belém vestia-se de engolidor de fogo, que desconhecia os planos do Governo para o novo aeroporto, tal como o futuro líder do PSD.
*Jornalista, subdirectora de "O JORNAL ECONÓMICO"
IN "O JORNAL ECONÓMICO" - 30/06/22.
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