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HOJE NO
"RECORD"
Hélder Ornelas
suspenso por quatro anos
Violação do passaporte biológico
Hélder Ornelas foi, esta quarta-feira, penalizado com uma suspensão de quatro anos devido a uma violação do passaporte biológico, tornando-se no primeiro atleta da modalidade a ser penalizado ao abrigo deste programa.
Segundo a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), Ornelas, de 37 anos, foi suspenso por quatro anos por parte da Federação Portuguesa de Atletismo, na sequência de recolhas de sangue efetuadas entre dezembro de 2009 e novembro de 2010.
O atleta português, que venceu as maratonas de Milão, em 2005, e Praga, em 2007, e esteve presente nos Jogos Olímpicos de Sydney'2000 e Pequim'2008, abdicou de recorrer para o Tribunal Arbitral do Desporto, afirma a IAAF, acrescentando que este é o primeiro caso de sempre de uma suspensão na modalidade com base no passaporte biológico.
* SEM PALAVRAS
PASSAPORTE BIOLÓGICO
O que é o passaporte biológico?
O passaporte biológico é um documento electrónico e individual, no qual são registados, todos os resultados dos controlos antidopagem efectuados a um atleta.
O passaporte contém:
* Os resultados dos controlos de urina
* Os resultados dos controlos sanguíneos
* Um perfil hematológico baseado nos resultados das análises dos parâmetros hematológicos realizados com as amostras de sangue recolhidas (Hemoglobina; Hematócrito; Reticulócitos; Hemoglobina Plasmática livre; Índice de Estimulação)
* Um perfil dos esteróides baseado nos resultados das análises dos níveis de esteróides nas amostras de urina recolhidas.
Que tipo de controlos serão efectuados aos atletas no âmbito do passaporte biológico?
Cada atleta será submetido a:
* Controlos sanguíneos, que na sua maioria serão efectuados fora de competição, tendo em conta a determinação do seu perfil hematológico
* Controlos de urina, que na sua maioria serão efectuados fora de competição, tendo em conta a determinação do seu perfil de esteróides
* Controlos sanguíneos complementares realizados em determinadas competições, sem qualquer relação com a determinação do seu perfil hematológico
* Outros controlos fora de competição, caso sejam necessário, nomeadamente no âmbito do programa de controlos dirigidos ou a título de acompanhamento individual.
Quando é que as amostras serão recolhidas?
As amostras de sangue e de urina podem ser recolhidas numa competição, no período de preparação e de treino ou no defeso. Poderá ser exigido aos atletas que forneçam uma amostra do seu sangue ou da sua urina em qualquer momento do ano e em qualquer sítio.
Todas as recolhas serão efectuadas por elementos oficiais reconhecidos pela UCI. As pessoas responsáveis pelas recolhas de sangue terão as qualificações necessárias, controladas pela UCI.
O que é um perfil hematológico?
Trata-se do elemento mais recente do programa antidopagem da UCI.
A principal novidade reside no facto de que a soma dos controlos efectuados a cada atleta permitirá estabelecer o seu perfil e desta forma, os seus limites individuais. De acordo com a actual abordagem, cada amostra de sangue é comparada com um limite válido para o conjunto da população. As regras de interdição de alinhar à partida baseiam-se actualmente no limite aplicável ao conjunto da população.
Graças à nova abordagem, cada amostra será comparada ao valor hematológico individual “normal” do corredor em questão. Qualquer variação significativa relativamente a esse valor individual poderá assim ser considerada como anormal (reveladora de uma manipulação sanguínea) e avaliada em consequência.
Esta abordagem baseia-se no conceito da detecção “indirecta”. Os peritos não dirão propriamente que estão na presença de uma substância interdita na amostra, mas irão comparar os parâmetros da nova amostra com os das anteriores. Desta forma, estarão em condições de identificar qualquer variação que indique que o sangue poderá ter sofrido uma manipulação. É impossível um atleta manter um perfil constante se manipular o seu sangue para melhorar a sua performance e/ou para evitar ser descoberto num controlo antidopagem.
Como são analisadas as amostras recolhidas para o perfil hematológico?
As amostras de sangue são analisadas e os resultados examinados em 3 etapas:
1. Cada amostra de sangue é analisada por um laboratório homologado utilizando o material de análise de sangue standard. Esses laboratórios fornecem os dados brutos ao Laboratório Suíço de Análise do Doping da Universidade de Lausanne (o Laboratório de Lausanne). Este laboratório é homologado pela AMA.
2. O Laboratório de Lausanne determina o nível de anormalidade do perfil sanguíneo através de vários parâmetros medidos em cada amostra. Em seguida, aplica um modelo estatístico baseado no conjunto da sequência de amostras recolhidas a cada atleta.
3. O relatório do Laboratório de Lausanne será interpretado por um grupo de peritos independentes, o qual recomendará à UCI as acções a tomar. Estes peritos serão nomeados pela AMA e pela UCI. O grupo será composto por conceituados pesquisadores neste novo campo do antidopagem.
O perfil hematológico pode ser utilizado para fins disciplinares?
Sim, o perfil hematológico constitui um novo meio para identificar os atletas que recorrem à manipulação sanguínea para melhorarem a sua performance de forma ilícita.
A avaliação científica do perfil de um atleta aplica princípios semelhantes aos que são utilizados nas peritagens médico-legais para determinar se uma pessoa é culpada ou não.
Se os peritos recolherem provas suficientes que demonstrem a culpabilidade de um atleta com um certo grau de certeza, recomendarão à UCI de activar um processo disciplinar por violação do regulamento antidopagem. Prevê-se que um perfil estabelecido com base em seis análises seja suficiente para permitir identificar uma manipulação do sangue. Em certos casos, o número de análises requeridas para detectar os efeitos do doping poderá ser inferior.
Uma tal violação será baseada no artículo 15.2 do regulamento antidopagem da UCI (“uso ou tentativa de uso de uma substância ou método interdito”).
O passaporte constitui uma viragem na luta antidopagem da UCI?
O passaporte biológico constitui um grande passo em frente. Está inserido no conjunto de esforços já desenvolvidos pela UCI para eliminar o doping do ciclismo. Desde 1998, a UCI tem sido pioneira na utilização de parâmetros hematológicos para a detecção e a prevenção das actividades de doping.
A novidade deste programa antidopagem reside no facto de:
* Apelar a métodos científicos novos de detecção indirecta
* Utiliza meios estatísticos sofisticados para a interpretação dos resultados
* Baseia-se numa sequência de análises para assegurar uma maior fiabilidade.
Uma coisa é certa: este novo sistema permitirá identificar os corredores que utilizam métodos de dopagem sanguíneos ou esteróides endógenos tais como a testosterona. A partir do momento em que um corredor tenha um passaporte biológico, será impossível não ser descoberto se recorrer à manipulação sanguínea ou de esteróides para melhorar a sua performance.
IN SITE "FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE CICLISMO"
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