01/11/2009

ANTONIO BARRETO

Atestado médico


Leiam este texto escrito por um professor de filosofia que escreve
semanalmente para o jornal O Torrejano.

O atestado médico por José Ricardo Costa

Imagine o meu caro que é professor, que é dia de exame do 12º ano e vai ter de fazer uma vigilância. Continue a imaginar.O despertador avariou durante a noite. Ou fica preso no elevador. Ou o seu filho, já à porta do infantário, vomitou o quente, pastoso, húmido e fétido pequeno-almoço em cima da sua imaculada camisa.Teve, portanto, de faltar à vigilância. Tem falta.
Ora esta coisa de um professor ficar com faltas injustificadas é complicada, por isso convém justificá-la.

A questão agora é: como justificá-la?
Passemos então à parte divertida. A única justificação para o facto de ficar preso no elevador, do despertador avariar ou de não poder ir para uma sala do exame com a camisa vomitada, ababalhada e malcheirosa, é um atestado médico.Qualquer pessoa com um pouco de bom senso percebe que quem precisa aqui do atestado médico será o despertador ou o elevador. Mas não. Só uma doença poderá justificar sua ausência na sala do exame.Vai ao médico. E, a partir deste momento, a situação deixa de ser divertida para passar a ser hilariante. Chega-se ao médico com o ar mais saudável deste mundo. Enfim, com o sorriso de Jorge Gabriel misturado com o ar rosado do Gabriel Alves e a felicidadedo padre Melícias. A partir deste momento mágico, gera-se um fenómeno que só pode ser explicado através de noções básicas da psicopatologia da vida quotidiana. As mesmas que explicam uma hipnose colectiva em Felgueiras, o holocausto nazi ou o sucesso da TVI. O professor sabe que não está doente. O médico sabe que ele não está doente. O presidente do executivo sabe que ele não está doente. O director regionalsabe que ele não está doente. O Ministério da Educação sabe que ele não está doente. O próprio legislador, que manda a um professor que fica preso no elevador apresentar um atestado médico, também sabe que o professor não está doente.Ora, num país em que isto acontece, para além do despertador que não toca, do elevador parado e da camisa vomitada, é o próprio país que está doente. Um país assim, onde a mentira é legislada, só pode mesmo ser um país doente.

Vamos lá ver, a mentira em si não é patológica. Até pode ser racional, útil e eficaz em certas ocasiões. O que já será patológico é o desejo que temos de sermos enganados ou a capacidade para fingirmos que a mentira é verdade.
Lá nesse aspecto somos um bom exemplo do que dizia Goebbels: uma mentira várias vezes repetida transforma-se numa verdade.
Já Aristóteles percebia uma coisa muito engraçada: quando vamos ao teatro, vamos com o desejo e uma predisposição para sermos enganados. Mas isso é normal. Sabemos bem, depois de termos chorado baba e ranhoa ver o 'ET', que este é um boneco e que temos de poupar a baba e o ranho para outras ocasiões.

O problema é que em Portugal a ficção se confunde com a realidade.

Portugal é ele próprio uma produção fictícia, provavelmente mesmo desde D.Afonso Henriques, que Deus me perdoe.
A começar pela política. Os nossos políticos são descaradamente mentirosos. Só que ninguém leva a mal porque já estamos habituados.

Aliás, em Portugal é-se penalizado por falar verdade, mesmo que seja por boas razões, o que significa que em Portugal não há boas razões para falar verdade. Se eu, num ambiente formal, disser a uma pessoa que tem uma nódoa na camisa, ela irá levar a mal. Fica ofendida se eu digo isso é para a ajudar,para que possa disfarçar a nódoa e não fazer má figura. Mas ela fica zangada comigo só porque eu vi a nódoa, sabe que eu sei que tem a nódoa e porque assumi perante ela que sei que tem a nódoa e que sei que ela sabe que eu sei. Nós, portugueses, adoramos viver enganados, iludidos e achamos normal que assim seja.

Por exemplo, lemos revistas sociais e ficamos derretidos (não falo do cérebro, mas de um plano emocional) ao vermos casais felicíssimos e com vidas de sonho. Pronto, sabemos que aquilo é tudo mentira, que muitos deles divorciam-se ao fim de três meses e que outros vivem um alcoolismo disfarçado. Mas adoramos fingir que aquilo é tudo verdade.
Somos pobres, mas vivemos como os alemães e os franceses.
Somos ignorantes e culturalmente miseráveis, mas somos doutores e engenheiros.
Fazemos malabarismos e contorcionismos financeiros, mas vamos passar férias a Fortaleza. Fazemos estádios caríssimos para dois ou três jogos em 15 dias, temos auto-estradas modernas e europeias, mas para ver passar, a seu lado, entulho, lixo, mato por limpar, eucaliptos, floresta queimada, barracões com chapas de zinco, casas horríveis e fábricas desactivadas.
Portugal mente compulsivamente. Mente perante si próprio e mente perante o mundo.Claro que não é um professor que falta à vigilância de um exame por ficar preso no elevador que precisa de um atestado médico.

É Portugal que precisa, antes que comece a vomitar sobre si próprio.

SOUSA CARVALHO

3 DINASTIA - D. FILIPE III

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FILIPE III DE PORTUGAL

Felipe IV
Rei de Espanha e Portugal
Philip IV by Velazquez.jpg
Reinado Espanha: de 31 de Março de 1621 a 17 de Setembro de 1665
Portugal: de 31 de Março de 1621 a 1 de Dezembro de 1640
Coroação Abril de 1621, em Madrid
Nascimento 8 de Abril de 1605

Valladolid, Espanha
Morte 17 de Setembro de 1665

Madrid, Espanha
Sepultamento Real Mosteiro de São Lourenço do Escorial, Madrid
Antecessor Felipe III
Sucessor em Espanha: Carlos II
em Portugal: João IV
Consorte Isabel de Bourbon

Maria Ana de Áustria, Rainha de Espanha

Filhos com Isabel de Bourbon:
Maria Margarida
Margarida
Maria Eugénia
Isabel
Baltasar Carlos
Francisco
Maria Ana Antónia
Maria Teresa


com Maria Ana de Áustria:
Margarida Teresa
Maria Ambrósia da Conceição
Filipe
Tomás
Carlos II de Espanha

Dinastia Habsburgo (Filipina)
Pai Felipe III de Espanha
Mãe Margarida de Áustria

D. Filipe IV de Espanha (Valladolid, 8 de Abril de 1605Madrid, 17 de Setembro de 1665), o Grande, foi Rei de Espanha, entre 1621 e a sua morte, e Rei de Portugal, como D. Filipe III, até 1 de Dezembro de 1640.


Vida

Nasceu em Valladolid e morreu em Madrid e teve os apelidos de o Gordo, El Grande, o Rei Planeta. Foi, como Filipe III, rei de Portugal, de Nápoles, da Sicília, rei titular de Jerusalém, rei da Sardenha. Príncipe das Astúrias, aclamado rei da Espanha em 31 de março de 1621 aos 16 anos. Rei dos Países Baixos, foi Duque de Milão, Conde da Borgonha e Conde de Charolais, Conde de Artois. “Libertino sem convicção, voluptuoso sem alegria”, comentavam dele. E disse Quevedo: “A Nuestro rey lo llaman El Grande al estilo de los agujeros, que cuantas más tierras les quitas, más grandes son.”

Reinou 44 anos. Envolvida em guerras, a Espanha teve momentos difíceis. No Brasil, em 1621, favoreceu a divisão em dois Estados: o Estado do Brasil, com as capitanias ao sul do Rio Grande do Norte atual, e o Estado do Maranhão, do cabo São Roque à Amazônia.

Entregue aos dez anos ao homem forte do reino, D. Gaspar Filipe de Guzmán, conde-duque de Olivares, cuja queda aconteceria em 17 de janeiro de 1643. Adepto de política centralizadora e de submissão das províncias da Espanha ao governo de Madrid, Olivares não via diferenças entre Lisboa, Biscaia ou a Catalunha, aumentando o descontentamento de Portugal. Depois, seu valido até 1661 foi Luís de Haro, sobrinho de Olivares.

Em 14 de julho de 1619 foi jurado príncipe de Portugal. No começo do reinado, chamou D. Gaspar de Guzmán, fez dele conde-duque de Olivares, seu Ministro e valido, em que depositava a maior confiança e a quem entregou a administração. Era mais ativo e mais inteligente que os ministros, os Duques de Lerma e de Uzeda, mas pela sua má política foi mais prejudicial ao Rei e aos países que governava. Julgando conseguir seus fins com medidas rigorosas, tomou com relação a Portugal atitudes que provocaram resistência. Os portugueses aceitaram de bom grado, serenando os ânimos , a demissão do marquês de Alenquer, vice-rei de Portugal, substituindo-o por uma junta de três membros, composta do Conde de Basto, D. Nuno Álvares Portugal e o bispo de Coimbra. Seria um bom ensejo para numa política conciliadora, dada a irritação em Lisboa e nas províncias, mas Olivares não viu a gravidade da situação. Promulgou decretos sobre bens da Coroa, sobre a fiscalização financeira, que feriam os interesses do povo e provocaram indignação; arrancou tributos, a título de subsídios voluntários, ameaçou fechar outra vez os Portos do Reino aos holandeses, medidas que contribuíram para a ruína de Portugal, que esperara lucrar com a atividade do novo ministro.

A trégua com as Províncias Unidas estava concluída, e a luta recomeçava, não muito desvantajosa, na Europa, onde Spínola mantinha o prestigio das armas da Espanha. As colônias portuguesas eram menos protegidas que as de Espanha, pelo egoísmo do governo de Madrid. Em 1623, Ormuz caiu em poder dos persas auxiliados pelos ingleses; em 1624, os holandeses tomaram a Bahia; Macau e a Mina heroicamente defendidas repeliram os holandeses, e a Bahia foi reconquistada em 1625 por uma forte esquadra que Olivares mandou aprestar. A França, porém, aliara-se aos protestantes da Alemanha, à Dinamarca e à Holanda, e um dos planos dos aliados era o enfraquecimento da Espanha pelos repetidos assaltos às suas colônias pelas esquadras holandesas. Olivares resolveu ligar fortemente os reinos que constituíam a monarquia espanhola, quebrando os foros e as isenções que guardavam com tenacidade. Começou por enfraquecer os diversos reinos, exigindo-lhes pesados impostos, especialmente a Portugal. Olivares de tal forma o oprimiu que o povo se revolucionou. Os governadores do reino, o Conde de Basto e D. Afonso Furtado de Mendonça protestaram contra os tributos e vexações, ponderando que o povo poderia reagir, mas os protestos não foram ouvidos. Olivares, insaciável, empregava mil formas para arrancar dinheiro, alcançando dos cristãos novos milhão e meio de cruzados a troco de um indulto; levantando empréstimos, verdadeiros tributos, promovendo subscrições «voluntárias» a pretexto de socorrer as colônias. As ordens de Olivares tinham hábeis executores em Diogo Soares, secretario do conselho de Portugal em Madrid, e no seu parente, o celebre Miguel de Vasconcelos, nomeado escrivão de fazenda e secretario de Estado de Portugal, quando a Duquesa de Mântua, parenta do rei, foi nomeada em 1631 vice-rainha de Portugal.

A política europeia estava marcada pela influência dos cardeais Mazarino e Richelieu, que procuraram quebrar a hegemonia de Espanha na Europa. Neste período se reacendeu a guerra da Espanha com as Províncias Unidas. Apesar de todas as medidas de Filipe IV, o poderio da Holanda tornava-se cada vez maior, como o demonstra a criação da Companhia das Índias Ocidentais em 1621. Não é de estranhar, portanto, o interesse dos holandeses pelo Brasil, que levou à conquista da Bahia em 1624 e de Pernambuco em 1630. Um pouco mais tarde, os Ingleses apoderaram-se também da Ilha da Jamaica.

Vasconcelos tornou-se odioso aos portugueses pelo modo como desempenhava sua missão de secretário de Estado. Os impostos eram cada vez maiores. Olivares tivera a ideia de obrigar os portadores de títulos de divida publica a um empréstimo forçado, mandando que os tesoureiros das alfândegas retivessem um trimestre de juros aos portadores, a quem os pagavam. Com esta simplicidade entendia também Vasconcelos que se deviam cobrar os tributos. Foi quem lembrou que, em vez de se lançarem tributos novos, se lançasse ao reino uma finta de 500:000 cruzados, que as câmaras distribuiriam depois entre os contribuintes como lhes aprouvesse. A paciência popular estava esgotada; de tantos sacrifícios e vexames resultara o povo revolucionar-se. Em Évora romperam os tumultos e com Poda a energia, em que tanto se salientou o celebre Manuelinho de Évora. Tomaram um carácter exclusivamente democrático, que foi prejudicial, porque a nobreza viu-se insultada pelo povo, e o mais que pôde fazer foi apresentar-se como medianeira deixando a revolução entregue ás suas forças, mas o movimento propagou-se com bastante rapidez no Alentejo, Algarve, Porto e em alguns pontos do Minho.

Restauração de Portugal

Realeza Espanhola
Casa de Habsburgo
Descendência
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Em 1640, Portugal restaurou a independência de Espanha através de um golpe organizado pela aristocracia e classe média do país, descontentes com o domínio espanhol. Seria posta no trono outra dinastia, iniciada por D.João IV, o duque de Bragança.

A tirania do governo do duque de Olivares foi, sem dúvida, uma das causas das revoltas na Catalunha e em Portugal. O descontentamento dos portugueses tinha levado o duque a colocar à frente do governo de Portugal a duquesa de Mântua, sendo secretário desta Miguel de Vasconcelos. Em 1 de Dezembro de 1640 estalou a revolta em Lisboa, tendo rapidamente alastrado ao resto do país. A 15 do mesmo mês de Dezembro foi coroado D. João como rei de Portugal. Filipe IV procurou ainda impedir a revolução, entrando numa longa guerra com Portugal que apenas terminou em 1668.

Portugal encontrava-se muito descontente, no país se lhe atribuía o cognome de O Opressor. As frotas eram atacadas no mar por piratas e corsários, causando grande prejuízo e registam-se ataques às colónias na África, na Ásia e também no Brasil.

A Companhia das Índias Ocidentais, criada pelos holandeses, invadiu o Brasil em 1624 conquistando a cidade de Salvador e por lá permanecendo durante quase um ano, até à reconquista levada a cabo por uma armada ibérica em 1625. Em 1630, Pernambuco caiu nas mãos da mesma Companhia e, no ano seguinte, Recife e Olinda, que passaram a ser administrados por Maurício de Nassau. Goa, Macau, Angola e Guiné eram sítios onde se sentia a pressão dos holandeses.

Para sustentar as guerras no Brasil, na Índia e na costa africana, a par das demais contendas em que o Império estava envolvido, Olivares fez aumentar os impostos e os portugueses se sentiam explorados. A revolta cresceu, sobretudo com os rumores de que o dinheiro desaparecia na construção do Palácio do Bom Retiro, nos arredores de Madrid. Surgem tumultos por toda a parte. Em Évora, a 21 de Agosto de 1637, o povo amotina-se contra os aumentos dos impostos e, para que não se conheçam os principais impulsionadores da revolta, as ordens para o movimento aparecem assinadas pelo "Manuelinho", um pobre tonto da cidade. Noutros pontos do país, o motim de Évora faz eco do descontentamento geral e levantam-se tumultos por todo o reino.

Seu reinado terminou de forma melancólica em Portugal. O recrutamento de homens para auxiliar o exército espanhol na revolta da Catalunha e de parte da nobreza para acompanhar o rei nas Cortes de Aragão e Valencia deixaram Lisboa praticamente vazia, facilitando a ação do pequeno grupo liderado pelo que seria D. João IV. Em 1º de Dezembro de 1640, um grupo denominado de Os Conjurados invadiu o Palácio da Ribeira, residência da Duquesa de Mântua e matou a tiros Miguel de Vasconcelos, traidor como português ao serviço dos espanhois, atirando-o pela janela. É então consumada a Restauração do Reino, acabando-se o poder dos Filipes em Portugal. A notícia do sucedido chega a Madrid sete dias após a sublevação. Filipe III, a braços com uma revolta na Catalunha, ainda tenta preservar o trono em Portugal, mas o intento não vinga. A 15 de Dezembro de 1640, o Duque de Bragança é aclamado publicamente D. João IV, rei de Portugal.

D. Filipe III passou a ser D. Filipe IV de Espanha e ao morrer, em 1665, tinha perdido os Países Baixos e Portugal. Enquanto o seu ministro e valido Olivares governava, cavando com os seus planos e as suas teorias a ruína de Espanha, o rei empregava o tempo divertindo-se, caçando, escrevendo comédias, namorando atrizes, com especialidade Maria Calderon, de quem teve D. João José de Áustria, um dos generais de maior nomeada; e fazia-se retratar por Velásquez e Rubens. Apesar da sua indiferença, causou-lhe sensação a perda de Portugal, e desde então começou a desgostar-se do valido, que não tardou a substituir por D. Luís de Haro. Deram-se em seguida grandes batalhas, como as das Linhas de Elvas, do Ameixial, de Castelo Rodrigo, terminando a campanha. da Independência com a de Montes Claros, em 1665. Filipe faleceu pouco depois desta batalha.

Apreciação sobre seu reinado

Filipe IV de Espanha e III de Portugal

Além do fato de ter tido 30 bastardos, o «Rei Pasmado» do filme espanhol foi governante fraco como seu pai, tendo confiado a outros a administração. Seu reinado presenciou o declínio político e económico da Espanha. Desde 1620 a Espanha amargava a diminuição de entrada em Sevilha de ouro e prata da América. Em 1618 se lançara na Guerra que teria Trinta Anos; em 1631 enfrentou a sublevação da Biscaia, em 1640 a revolta da Catalunha. Em Portugal, pressões: em 1637 sedições de Evora, em 1640 a independência. Em 1622 Ormuz foi conquistada pelos persas com ajuda inglesa e holandesa; em 1630 perdeu Mombaça e Ceilão para os holandeses; em 1634 os portugueses foram expulsos da Etiópia; em 1638 Arguim, na África ocidental, foi tomada pelos holandeses. No Brasil, ataques: em 1624 os holandeses ocuparam por um ano Salvador, em 1630 se instalaram em Recife, dando início a uma ocupação que se alastrou pelo nordeste e só terminaria em 1654. A Cronica de Faria e Sousa publicada em 1730 diz dele: “Governou Portugal quando os holandeses invadiram a baía de Todos os Santos. Fez D. Diogo d Castro, Conde de Basto, e D. Diogo da Silva, Conde de Portalegre (1624). Uma armada portuguesa de socorro foi mandada em fevereiro de 1625 com 26 navios, em dois Terços de que eram mestres d campo Antônio Moniz Barreto e D. Francisco de Almeida, general de todos D. Manuel de Menezes e almirante o mesmo D. Francisco. Com os espanhóis, D. Fradique de Toledo Osorio.»

Foi canonizada a Rainha Santa D. Isabel em 1625 pelo papa Urbano VII a instâncias de Filipe IV.

Ao abraçar o mundo, vê-se assim que a Espanha incorporou-se aos problemas do mundo. Felipe II havia estabelecido uma luta de vida e morte em três frentes externas. No Mediterrâneo, enfrentou o Império turco otomano, o infiel. No Atlântica, a Inglaterra e a República Holandesa, refúgio da heresia protestante. No Novo Mundo, o paganismo e o fetichismo das civilizações e das nações indígenas. O soldado espanhol foi transformado em apóstolo, em defensor e vingador da fé, e em agente da conversão religiosa. Tais lutas, em três continentes, a milhares de quilômetros de Madri, em terras sem paz, exauriu os recursos do tesouro. Não havia metal precioso nem gente suficiente para dar conta e o resultado foi a depauperação do reino. Corolário da decadência foi a fraqueza pessoal dois Filipes, Filipe III e Filipe IV, reis de fancaria, cuja atuação pífia possivelmente inspirou o Monólogo de Segismundo, de Calderón de la Barca, que dizia:

"Sueña el rey que es rey,
y vive com este engaño mandando,
disponiendo y gobiernando.."

A isso, a estes "reis que sonhavam que eram reis", somou-se a desastrosa Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), para sugar os últimos recursos da dinastia Habsburgo (los Áustrias, como os espanhóis os chamam). Os anos de 1640 e 1641 foram particularmente fatídicos. Em março de 1640, a frota foi batida pelos holandeses na batalha das Dunas. Em junho, aproveitando-se da debilidade de Madri, a Catalunha, liderada por Paul Claris, presidente da Generalitat, rebela-se e expulsa os tercios castelhanos. No ano seguinte, em janeiro de 1641, os catalães batem o exército do rei em Montjuic. E, como pá de cal na Unidade Ibérica, em 1º de dezembro de 1640, deu-se a rebelião bem sucedida do Duque de Bragança em Portugal, apoiada de longe pelo Cardeal Richelieu da França. Com o Rei D. João IV Portugal recuperou a autonomia pondo fim ao quem os historiadores românticos chamaram, com o seu reconhecido exagero, "cativeiro", "noite longa", "submissão" ao castelhano. Durante 60 anos, de 1580 a 1640, Portugal estivera ligado à Espanha, e o Brasil também. A grandeza da Espanha, entrementes, fora-se para sempre. Francisco Quevedo registrou-a com tristeza no seu poema Miré los muros:

"Miré los muros de la patria mia, si un tiempo fuertes ya desmoronados
De la carrera de la edad cansados
Por quien caduca ya su valentia.
(...) Vencida de la edad senti mi espada
y no hallé cosa en que poner los ojos
que no fuese recuerdo de la muerte."

Com muros desmoronados e a perda da valentia, só restou ao poeta a lembrança da morte.

Casamentos e descendência

Tinha o noivo cinco anos quando seu casamento foi formalizado com uma noiva de sete anos. Sua vontade era a de Olivares. No fim da vida lhe achavam 32 bastardos, outros 40. Só reconheceria um, porém.

Casou por poderes em Burgos em 18 de outubro de 1615 com Isabel de França ou de Bourbon, nascida em Fontainebleau em 22 de novembro de 1603 e morta em 16 de outubro de 1644 em Madrid, antes de completar 41 anos. A entrega da princesa se deu em 19 de novembro de 1615 na ilha dos Faisões, sendo Isabel entregue pelo Duque de Guise, enquanto os espanhóis entregavam a Infanta Ana d´Áustria para casar com Luís XIII. Isabel era irmã de Luís XIII, filhos de Henrique IV (1553-1610), o grande libertino, e de Maria de Médicis (1573-1642). O casamento foi consumado somente em 31 de dezembro de 1621. Tiveram seis fihas e dois filhos. Desde antes de 1610 Maria de Medicis queria casar seu delfim com Ana, filha de Filipe III, e Isabel com Filipe IV, num duplo casório, prenda de paz e amizade entre a Espanha e França, à condição de renunciarem as duas a seus direitos. Isabel era alegre, formosa, aficionada ao teatro, festas, mecenato, um pouco frívola diante do incorrigivel donjuanismo do rei. Politicamente, assimilou a missão de rainha da Espanha, cujo triunfo desejava a todo momento. Teve sempre aversão a Olivares, para cuja queda contribuiu em janeiro de 1643, apesar de ter em sua esposa a inseparável dama de companhia. Velázquez imortalizou-a num quadro hoje no Museu do Prado. A desastrosa política de Olivares encontrou nela forte oposição, e depois de 1º de dezembro de 1640, que tirou Portugal ao domínio espanhol, obteve a destituição do ministro. Animou a luta na fronteira port e na Catalunha, contribuindo para a formação do exército. A historieta de se esteve dela enamorado o Conde de Villamediana, don Juan de Tassis y Peralba, verdadeiro protótipo do burlador literario... Não foi o motivo da rivalidade do Conde com o Rei, pois se teria limitado a cortejar a rainha à distância. A rivalidade foi motivada pela inocente doña Francisca de Tavora, filha do português don Martín Alonso de Castro, general das galeras de Portugal e vice-rei da India, que o Rei também cortejava. “Son mis amores reales”, alardeava Villamediana, que foi assassinado em 21 de agosto de 1622, na calle Mayor de Madri. O Rei Filipe IV não teve valor para ver o cadáver da esposa, fiel a seus deveres como rainha.

Dela nasceram:

Casou-se por segunda vez em Navalcarnero no outono de 1649 com sua sobrinha carnal (30 anos mais jovem) Mariana de Áustria, nascida em Viena em 24 de dezembro de 1635 e morta em 16 de maio de 1696 em Madrid), filha do Imperador do Sacro Império Fernando III e da Infanta Maria Ana d’Austria (1606-1646), sua irmã. Tinha sido noiva de seu filho o infante Baltasar Carlos. Foi também pintada por Velazquez. Tiveram cinco filhos dos quais três varões. Maria Ana enviuvou aos 27 anos, « amargada, rígida, adusta, siempre envuelta en vestiduras y velos negros». Regente, quis limpar a corte dos pecados, no que a ajudou o jesuíta padre Nithard, até o aparecimento de Valenzuela. Foi regente de 1665 a 1667 do filho Carlos II com ajuda do padre, de enorme influência. Afastou don João José de Áustria. Apareceu depois outro favorito: Don Fernando de Valenzuela, filho de um capitão e nascido em Nápoles, que governou até 1675 e de novo em 1677, sendo derrubado por don João José, que o desterrou. Hostil à nora (Maria Luisa de Orleans), Mariana de Áustria teria contribuido para o 2° casamento do filho Carlos II com Mariana da Baviera.

Filhos:

Filhos bastardos:

  • 1 - com a muito jovem filha do Conde de Chirel, que o Rei enviara à Itália para poder ter encontros: Fernando Francisco Isidro de Áustria (1621-1629 Éibar, no país basco, sepultado no Escorial). A casa onde tinham os encontros foi transformada no convento de la Concepción Real, do qual se conserva a bela igreja de Las Calatravas, no início da calle de Alcalá, em Madrid.
  • 2 -Bastarda Sereníssima senhora dona Ana Margarida de São José, encerrada em convento agostiniano, o mosteiro da Encarnação, do qual foi superiora e onde morreu aos 22 anos.
  • 3 - don João José de Áustria.
  • 4 - Alonso Antonio de San Martin, Bispo de Oviedo; filho de uma dama da rainha, Tomasa Aldama.
  • 5 - bastardo Juan Cosío, religioso agustino;
  • 6 - bastarda Margarida de São José, descalça carmelita, superiora do Real Mosteiro da Encarnação (morta em 1682).
  • 7 - bastardo don Alfonso Henriques de Santo Tomás (1633-30 de julho de 1692) dominicano que chegou a Bispo de Malaga e Inquisidor Geral da Espanha;
  • 8 - bastardo don Hernando Gonzalez Baldez (morto em 6 de fevereiro de 1702) Governador de Novara, General de Artilharia do Estado de Milão.
  • 9 - Célebre predicador frei Juan del Sacramento, da Ordem de Santo Agostinho.
  • 10 - bastardo don Carlos Fernando Valdés ou de Áustria, governador da Navarra.
  • 11- bastarda dona Ana Maria, retratada no convento das agostinianas de Madrigal de las Altas Torres, também filha da atriz Maria Calderón.

wikipédia

GUERRA DOS TRINTA ANOS II

Período Sueco (1630-1635)

Na fase sueca, a seguinte, o cardeal e estadista francês, Richelieu, o implacável ministro de Luís XIII, pai de Luís XIV, estava preocupado com o sucesso dos Habsburgos. A França estava desorganizada internamente, sem condições para intervir diretamente na guerra. Assim, decidiu o cardeal aliciar para a tarefa o monarca sueco Gustavo II Adolfo, denominado "rei da neve", prometendo-lhe determinadas concessões e ajuda financeira.

Cerco da cidade alemã de Magdeburgo.

Gustavo Adolfo, que encerrara uma guerra de quatro anos com a Polônia, era um luterano, que já tinha sido contactado pelos povos protestantes do Norte. Nestas circunstâncias, concordou em entrar no conflito pois perspectivava concretizar as suas ambições hegemônicas no Báltico. Dotado de superiores qualidades militares, colocou-se a frente de um exército bem instruído na tática dos fogos, formado principalmente de camponeses suecos e pequeno número de mercenários. A disciplina era severa e a pilhagem, proibida.

Gustavo II Adolfo desembarcou no norte da Alemanha no dia 24 de junho de 1630 e obteve a adesão de muitos príncipes protestantes alemães. Apoiado pelo porto de Stralsund e capturando o porto de Stettin (na Pomerânia), ele passaria aqueles primeiros meses buscando construir uma base segura para as futuras operações. Enquanto isto, o exército Imperial e da Liga Católica, agora comandado por Tilly, cercava e saqueava Magdeburgo (maio de 1631), uma importante cidade protestante nas margens do rio Elba.

Gustavo Adolfo desembarca na Alemanha.

Volvidos alguns meses, o exército de Tilly sofreu três derrotas; na última destas batalhas, travada em Breitenfeld, perto da atual cidade de Leipzig, em 17 de Setembro de 1631, Gustavo Adolfo teve a ajuda do exército saxão. Depois desta batalha de Breitenfeld, o exército sueco encaminhou-se para o Sul, bateu os imperiais na Batalha de Rain e ocupou brevemente a Baviera.

Gustavo Adolfo vitorioso em Breitenfeld.

Fernando, confrontado com a derrota, chamou novamente Wallenstein para comandar as tropas imperiais. Este recrutou um novo exército de mercenários, e invadiu a Saxônia no Outono de 1632.

Morte de Gustavo Adolfo na Batalha de Lützen.

O exército sueco foi então no seu encalço, e em 16 de Novembro atacou os católicos em Lützen. Nesta batalha, travada também na Alemanha, Gustavo perdeu a vida, mas no seu final os seus inimigos, comandados por Wallenstein (que aceitara o comando das forças imperiais com a condição de ficar com poderes ilimitados), foram forçados a bater em retirada. Após a morte de Gustavo Adolfo, o chanceler sueco Oxenstierna financiou a Liga Heilbronn dos Protestantes Alemães (1633), que dissolveu-se após a derrota militar em Nördlingen, em 1634.

Bernhard, duque de Saxe-Weimar, que veio substituir no comando Gustavo, em Lützen, ultrapassou a Baviera depois desta vitória. Todavia, durante o ano de 1633, Wallenstein, por seu turno, conseguiu importantes vitórias contra os interesses suecos na Silésia (Sul da Polônia).

O conflito se ampliou, alimentado pelas ambições políticas das diversas potências. A Polônia atacou a Rússia e estabeleceu uma ditadura em Moscou. A paz russo-polonesa de 1634 pôs fim à ambição polonesa ao trono czarista mas deixou a Polônia livre para retomar as hostilidades contra seu principal inimigo no Báltico, a Suécia, então profundamente comprometida na Alemanha.

O Assassinato de Wallenstein.

No final de 1633, Wallenstein deu início a um movimento de paz entre os círculos que lideravam as forças imperialistas. Todavia, foi retirado do seu posto de comando por Fernando, sob suspeita de cometer atos de traição, mas, mesmo assim, encetou conversações de paz com os líderes protestantes. As suas tentativas de pôr fim à guerra criaram-lhe inimigos entre os oficiais, que o terão assassinado em 25 de Fevereiro de 1634. Em 6 de Setembro desse ano, os exércitos imperiais impuseram uma devastadora derrota ao duque Bernardo em Nördlingen (Baviera), na Alemanha, que desmoralizou os protestantes e os levou a abandonar o conflito. A Paz de Praga, assinada em 30 de maio de 1635, que formalizou o fim da guerra civil dentro da Alemanha, trouxe algumas alterações favoráveis aos luteranos-saxões, nomeadamente mudanças elementares no Édito da Restituição. No mesmo ano a França entrou em guerra com os Habsburgo, juntamente com a Suécia e as Províncias Unidas.

Período Francês (1635-1648)

O cardeal Richelieu.

Esse período foi assim chamado porque Richelieu, após ter apoiado secretamente os adversários da casa de Áustria (Habsburgos), interveio diretamente contra ela, combatendo também a Espanha (aliada da Áustria que apoiava de forma decisiva o imperador). O absoluto ministro de Luís XIII, embora interessado no aniquilamento da Casa da Áustria, não pretendia intervir diretamente no conflito por ser o imperador austríaco defensor do catolicismo, mas as vitórias imperiais e a possibilidade da consolidação do poder dos Habsburgos o levaram a lutar ao lado dos protestantes da Suécia, Países Baixos e principados alemães.

Os assuntos religiosos não eram então os mais importantes, neste novo período iniciado em 19 de Maio de 1635, com a declaração de guerra da França à Espanha, o outro grande domínio Habsburgo na Europa, além da Áustria e regiões dependentes na Europa Central. A guerra converteu-se, portanto, num conflito pela hegemonia entre os Habsburgo e a França. Desse jeito, o conflito foi ampliado para quase todo o continente.

Lennart Torstensson (1603-1651), general sueco.
Torstenson 1642

A França, aliada da Suécia e de outros territórios e líderes protestantes, pôde ultrapassar algumas dificuldades iniciais. O general sueco Johan Banér, derrotou as forças conjuntas dos saxões e dos austríacos na Batalha de Wittstock, em 4 de Outubro de 1636, desferindo um duro golpe na posição dos Habsburgos na Alemanha.

Em 1636, as invasões espanholas em território francês foram repelidas e a posição dos Habsburgos na Alemanha ficou ainda mais comprometida pela derrota infligida pelo duque Bernhard em Rheinfelden, em 2 de Março de 1638. Depois destes reveses, os exércitos imperiais viram-se forçados a baixar as armas. Entre 1642 e 1645, o general sueco Lennart Torstensson obteve diversos triunfos: bateu a Dinamarca, que se unira às forças imperiais, e tomou largas porções territoriais da Alemanha e da Áustria.

Condé na Batalha de Rocroi.

No ocidente, a França, sob o comando do general Henri de La Tour d'Auvergne, visconde de Turenne (1611-1675), e Luís II, príncipe de Condé, também foi bem sucedida. Condé, por exemplo, derrotou um exército espanhol em Rocroi, na França, em 18 de Maio de 1643. Em Novembro seguinte, os franceses sofreram algumas derrotas em Tuttlingen, na Alemanha, mas a partir daí os Habsburgos só conseguiram ganhar algumas pequenas batalhas.

Os exércitos aliados de Condé e de Turenne bateriam um exército bávaro em Freiburg im Breisgau, em junho de 1644. Em 3 de Agosto do ano seguinte, os comandantes franceses voltaram a superiorizar-se a um outro exército Austro-Bávaro perto de Nördlingen. Por outro lado, o exército sueco, a partir de 1642, esteve sob o comando de Lennart Torstenson, que viria a derrotar os imperiais na batalha de Jankau (1645).

Representantes do Império e da coligação contrária deram início às negociações de paz em Münster e Osnabrück, na Alemanha, em 1645, que se revelaram infrutíferas. Contudo, depois da Baviera central ser invadida, Maximiliano I concluiu, em 14 de Março de 1647, as tréguas de Ulm com a Suécia e a Espanha. Apesar destes desastres, o imperador Fernando III recusou-se a capitular. Os confrontos prosseguiam na Alemanha, no Luxemburgo, nos Países Baixos, na Itália e na Espanha, ainda em 1647.

No Outono desse ano, Maximiliano I reentrou na guerra do lado do Império, e mais uma vez o exército bávaro-austríaco foi derrotado em 17 de Maio de 1648 (Zumarshausen). Esta derrota, bem como os cercos sueco de Praga e franco-sueco de Munique, aliados à importante vitória francesa de 20 de Agosto em Lens, na França, obrigou Fernando III, também confrontado com a ameaça de assalto a Viena, a concordar com os termos de paz impostos pelos vencedores desta Guerra dos Trinta Anos, consagrados no Tratado de Vestfália. A guerra franco-espanhola, no entanto, prosseguiu até o Tratado dos Pireneus, em 1659.

O papel da França

O papel da protagonista principal durante a Guerra dos Trinta Anos coube à França. No apogeu do conflito, o país chegou a contar com um exército de 100 mil homens e a firmar aliança com as Províncias Unidas, a Suécia, os príncipes alemães contrários à paz, a Confederação Helvética e alguns Estados italianos. Na organização estratégica de todos esses movimentos estava Armand Jean du Plessis, o cardeal de Richelieu (1585-1642), descrito por seus contemporâneos como uma figura mais próxima à Coroa do que do papa.

O fim do conflito

Celebração da Paz de Münster.

A Paz de Vestfália foi negociada durante três anos pelos representantes dos católicos e protestantes, reunidos em Münster (onde tinha precendência a França católica) e em Osnabrück (onde tinha precedência a Suécia protestante). As conversações de paz, iniciadas em 1644 em Münster e Osnabrück, envolviam o fim da guerra de oitenta anos entre Espanha e Países Baixos e da guerra dos trinta anos na Alemanha. O tratado de paz entre Espanha e Países Baixos foi assinado em 30 de janeiro de 1648; em 24 de outubro do mesmo ano foi assinado o tratado de paz entre o Sacro Império Romano-Germânico, os outros príncipes alemães, a França e a Suécia. Os tratados concluídos nessas duas cidades da Vestfália foram depois reunidos no Ato Geral de Vestfália em Münster em 24 de Outubro de 1648.

A assinatura da paz ratificou as cláusulas do Tratado de Augsburgo de 25 de setembro de 1555, incluindo o calvinismo, garantindo a protestantes e católicos a liberdade de culto. Assim, o mapa religioso da Europa ficaria imóvel, uma vez que a eventual conversão dos soberanos não acarretaria mudanças religiosas nos respectivos domínios. Ao mesmo tempo, não só o equilíbrio de poderes no continente europeu se viu alterado - com a Espanha a ceder a posição dominante à França - como também certas fronteiras foram redefinidas.

Mapa da Europa Central no fim da Guerra dos Trinta Anos, mostrando a fragmentação, que resultou em descentralização.

A diplomacia e os exércitos franceses obrigaram os Habsburgos a se concentrar nos territórios austríacos e a se expandir em direção ao Império Turco, no Oriente. Na qualidade de árbitro do equilíbrio internacional, a França conseguiu alguns ganhos territoriais: tomou o Rossilhão à Espanha, tomou posse de toda a Lorena e de quase toda Alsácia e obteve o reconhecimento dos "Três Bispados" (Metz, Toul e Verdun).

A Suécia ampliou seu controle sobre o Báltico e recebeu a Pomerânia ocidental alemã, além de importantes portos situados em rios alemães, dilatando assim seus domínios para fora da Escandinávia. O poder sueco seria recompensado com concessões feitas ao eleitor (príncipe ou bispo que participava da eleição do imperador) de Brandemburgo, dono das vias de acesso entre a Prússia e o Reno.

A Espanha perdeu não só os Países Baixos mas sua posição de domínio no oeste da Europa e o controle dos mares nas colônias americanas.

Várias nações, entre as quais os Países Baixos e a Suíça, viram reconhecida a sua independência.

A Paz de Vestfália, que significou a dissolução da antiga ordem imperial, permitiu o crescimento de novas potências em suas partes componentes. Reconhecido como fundamento da constituição alemã, o tratado formou a base de todos os acordos seguintes até o desaparecimento definitivo do império em 1806.

Conseqüências

Era o início da hegemonia e da soberba francesa na Europa e do declínio do poder dos Habsburgos. A Alemanha foi a única que saiu derrotada, arruinada e devastada desses trinta anos de guerra. Os principais campos de batalhas dos intermitentes conflitos foram as cidades e principados da Alemanha, que sofreram danos muito graves. Muitos dos combatentes eram mercenários que tinham na pilhagem sua principal forma de pagamento. Assim, tomavam à força, onde paravam ou por onde passavam, os suprimentos necessários a sua manutenção e lucro, numa estratégia predatória que levou à destruição completa de inúmeras comunidades. Hoje estima-se que a população da Alemanha caiu 20% durante a guerra; em algumas regiões esse declínio chegou a 50% pois vilas inteiras sumiram.

Conseqüências de longo prazo da guerra foram, além da emergência da França como o poder terrestre dominante na Europa, a formação das Repúblicas da Holanda e Suíça e a contínua fragmentação da Alemanha, pois torna 350 Estados alemães quase que independentes do Imperador, atrasando a sua unificação em um único Estado.

Cronologia dos principais eventos

Principais batalhas

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