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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
25/05/2017
JOSÉ ANTUNES DE SOUSA
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IN " A BOLA"
22/05/17
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Ambição de primeira
Hoje proponho-me falar de um personagem singular no
panorama do nosso futebol doméstico e que encarna na perfeição o
verdadeiro paradigma do que podemos considerar uma ambição realista e
certamente inteligente – que nem todo o tipo de ambição é
necessariamente inteligente, cabendo-lhe, neste caso, antes o nome de
temeridade. Sim, é dele que falo, o que tem no próprio nome os
indicativos sonoros e simbólicos do seu assinalável e consistente
sucesso: Victor Oliveira.
Última expressão da sua mão mágica: a quatro jornadas do fim do campeonato da segunda liga, que não é, creio, uma liga de segunda, já o nosso Victor, naquele seu discreto modo de ser, celebrava a subida do Portimonense à primeira liga, que, sendo NOS, não é necessariamente de nós todos. E o Portimonense viria mesmo a sagrar-se campeão da segunda liga: insaciável ambição.
Desde logo, uma auspiciosa verificação: trata-se de um nome duplamente pleonástico: ele é Victor (=victor, oris, em latim) e cumpre-se perfeitamente na vida como incansável vencedor, ele é verdadeiramente victor, vitorioso! Mas acrescenta-lhe, vejam bem, o Oliveira, de cujos ramos se tecia, na Grécia Antiga, a coroa dos campeões olímpicos, como, por exemplo, o campeoníssimo Diágoras de Rodes, pai da justamente famosa Calipateira.
A este mago das subidas, para descer não contem com ele, já vi várias pessoas apelidarem-no de “o Mourinho da segunda”. Bem, vejamos:
A primeira coisa a esclarecer é que ele pode ser de facto o Mourinho da segunda, mas que está longe de ser um Mourinho de segunda!
Para início de conversa, assentemos na inviabilidade de uma real comparação: os contextos de ambos diferem flagrantemente – nem são os maiores clubes europeus a disputar os serviços de Oliveira, nem é para o telemóvel do Mourinho que liga o presidente do Aves, na sua avidez de subida de divisão.
Enquanto o Mourinho teve o inestimável impulso inicial da cama elástica de um curso de inglês que o introduziu no convívio profissional com alguns dos nomes mais respeitados do mundo do treino e logo aí adquiriu um perfil de uma certa urbanidade florentina, o pobre do Victor, na sua lusa rusticidade, teve que trepar a pulso a corda enlameada da pista do lodo do nosso lamacento futebol.
Ah, mas o Mourinho tem carisma! Sim – e é bem parecido, o que ajuda muito a impor a sua imagem, ganhando, por essa via, muito dinheiro em spots de publicidade.
Mas, sendo certo que o carisma é um dom, ele não é o suficiente para explicar o brilho planetário do treinador de Setúbal. Carol Wojtyla, só para dar um exemplo, teria, apesar do seu inegável carisma e complementar esbelteza física, passado apagadamente os seus dias pregando e acampando nas montanhas de Cracóvia, se a 16 de Outubro de 1978, os cardeais, reunidos em traumático Conclave na sequência da misteriosa morte do Papa Albino Luciani, o não tivessem eleito para ocupar a cadeira de pastor universal da Igreja Católica.
Ao carisma, indispensável para a refulgência funcional de um dotado, há sempre que acrescentar algo de decepcionantemente prosaico: condições, que é o clássico eufemismo de muitos euros ou muitíssimos dólares com que se investe, por exemplo, num ambicioso projecto desportivo. Ao carisma, que é dom, há que juntar aquilo que se conhece como instrumentalidade, isto é, ao dom há que complementá-lo com um dote – em dinheiro e em recursos humanos. Falando a linguagem dos nossos inefáveis comentadores da bola: não há sucesso sem uma estrutura condizente. E nisto, mutatis mutandis, ambos, o Mourinho e o Victor Oliveira, coincidem: só avançam quando lhe garantem as necessárias condições, isto é, o carisma que se creem ambos possuir permite-lhes exigir dos responsáveis do clube a garantia de uma real instrumentalidade fáctica; uma equipa capaz de ganhar e de entusiasmar os adeptos. E assim se fecha o círculo: carisma pessoal, condições, ou seja, estrutura (instrumentalidade) que, juntos, geram um clima de forte e convicta expectância quer no seio do grupo de trabalho, quer na administração, quer ainda e sobretudo entre a massa associativa e adepta: e neste clima proactivo de crença é onde preferencialmente germinam as sementes do sucesso.
Salvaguardado o princípio da equidade e ressalvando a abissal diferença no circunstancialismo de cada um, a verdade é que nunca saberemos como seria a prestação do Victor Oliveira num Chelsea a abarrotar de petrodólares, nem nunca saberemos que teria feito um Mourinho, artificialmente rebaixado a uma condição de operário, à frente do Portimonense nesta temporada.
Atenhamo-nos apenas aos factos:
A única coincidência factual que vislumbro prende-se com o facto de ambos terem treinado o União de Leiria e, ambos, com sucesso: o Victor nos anos oitenta levou o Leiria ao primeiro escalão do futebol nacional com uma pontuação creio que imbatida até aos dias de hoje, enquanto o Mourinho, uns anos mais tarde, fixava o UDL no quinto lugar da tabela classificativa da primeira divisão. Como eram diferentes os escalões, também aqui a comparação, além de odiosa, se revela pouco adequada.
Mas há um segredo que ambos, cada um ao seu nível, guardam: eles conseguiram, com perspicácia e competência, associar o seu nome a sucesso – como se o simples facto de um clube os contratar fosse, só por si, – e é! - garantia de êxito. E, embalados, nessa crença, nessa convicção, os respectivos dirigentes não hesitam em adquirir os melhores jogadores como instrumento de concretização do objectivo almejado.
Neste momento e como alardeiam abundantemente os factos, qualquer presidente que queira brindar os seus associados com a prenda da subida do clube ao primeiro escalão só tem que fazer duas coisas: pôr de lado uns bons milhares de euros e ser rápido a ligar para o Victor Oliveira – esse verdadeiro campeão dos sonhos!
Com ele, é possível, mais, é certo, que a ambição da primeira se converterá em realidade. Porquê?
Porque é de primeira a sua ambição!
Vergílio Ferreira colocou a seguinte máxima na boca de um dos seus personagens:”não há prazer à borla”.
Pois sucesso também não...
Última expressão da sua mão mágica: a quatro jornadas do fim do campeonato da segunda liga, que não é, creio, uma liga de segunda, já o nosso Victor, naquele seu discreto modo de ser, celebrava a subida do Portimonense à primeira liga, que, sendo NOS, não é necessariamente de nós todos. E o Portimonense viria mesmo a sagrar-se campeão da segunda liga: insaciável ambição.
Desde logo, uma auspiciosa verificação: trata-se de um nome duplamente pleonástico: ele é Victor (=victor, oris, em latim) e cumpre-se perfeitamente na vida como incansável vencedor, ele é verdadeiramente victor, vitorioso! Mas acrescenta-lhe, vejam bem, o Oliveira, de cujos ramos se tecia, na Grécia Antiga, a coroa dos campeões olímpicos, como, por exemplo, o campeoníssimo Diágoras de Rodes, pai da justamente famosa Calipateira.
A este mago das subidas, para descer não contem com ele, já vi várias pessoas apelidarem-no de “o Mourinho da segunda”. Bem, vejamos:
A primeira coisa a esclarecer é que ele pode ser de facto o Mourinho da segunda, mas que está longe de ser um Mourinho de segunda!
Para início de conversa, assentemos na inviabilidade de uma real comparação: os contextos de ambos diferem flagrantemente – nem são os maiores clubes europeus a disputar os serviços de Oliveira, nem é para o telemóvel do Mourinho que liga o presidente do Aves, na sua avidez de subida de divisão.
Enquanto o Mourinho teve o inestimável impulso inicial da cama elástica de um curso de inglês que o introduziu no convívio profissional com alguns dos nomes mais respeitados do mundo do treino e logo aí adquiriu um perfil de uma certa urbanidade florentina, o pobre do Victor, na sua lusa rusticidade, teve que trepar a pulso a corda enlameada da pista do lodo do nosso lamacento futebol.
Ah, mas o Mourinho tem carisma! Sim – e é bem parecido, o que ajuda muito a impor a sua imagem, ganhando, por essa via, muito dinheiro em spots de publicidade.
Mas, sendo certo que o carisma é um dom, ele não é o suficiente para explicar o brilho planetário do treinador de Setúbal. Carol Wojtyla, só para dar um exemplo, teria, apesar do seu inegável carisma e complementar esbelteza física, passado apagadamente os seus dias pregando e acampando nas montanhas de Cracóvia, se a 16 de Outubro de 1978, os cardeais, reunidos em traumático Conclave na sequência da misteriosa morte do Papa Albino Luciani, o não tivessem eleito para ocupar a cadeira de pastor universal da Igreja Católica.
Ao carisma, indispensável para a refulgência funcional de um dotado, há sempre que acrescentar algo de decepcionantemente prosaico: condições, que é o clássico eufemismo de muitos euros ou muitíssimos dólares com que se investe, por exemplo, num ambicioso projecto desportivo. Ao carisma, que é dom, há que juntar aquilo que se conhece como instrumentalidade, isto é, ao dom há que complementá-lo com um dote – em dinheiro e em recursos humanos. Falando a linguagem dos nossos inefáveis comentadores da bola: não há sucesso sem uma estrutura condizente. E nisto, mutatis mutandis, ambos, o Mourinho e o Victor Oliveira, coincidem: só avançam quando lhe garantem as necessárias condições, isto é, o carisma que se creem ambos possuir permite-lhes exigir dos responsáveis do clube a garantia de uma real instrumentalidade fáctica; uma equipa capaz de ganhar e de entusiasmar os adeptos. E assim se fecha o círculo: carisma pessoal, condições, ou seja, estrutura (instrumentalidade) que, juntos, geram um clima de forte e convicta expectância quer no seio do grupo de trabalho, quer na administração, quer ainda e sobretudo entre a massa associativa e adepta: e neste clima proactivo de crença é onde preferencialmente germinam as sementes do sucesso.
Salvaguardado o princípio da equidade e ressalvando a abissal diferença no circunstancialismo de cada um, a verdade é que nunca saberemos como seria a prestação do Victor Oliveira num Chelsea a abarrotar de petrodólares, nem nunca saberemos que teria feito um Mourinho, artificialmente rebaixado a uma condição de operário, à frente do Portimonense nesta temporada.
Atenhamo-nos apenas aos factos:
A única coincidência factual que vislumbro prende-se com o facto de ambos terem treinado o União de Leiria e, ambos, com sucesso: o Victor nos anos oitenta levou o Leiria ao primeiro escalão do futebol nacional com uma pontuação creio que imbatida até aos dias de hoje, enquanto o Mourinho, uns anos mais tarde, fixava o UDL no quinto lugar da tabela classificativa da primeira divisão. Como eram diferentes os escalões, também aqui a comparação, além de odiosa, se revela pouco adequada.
Mas há um segredo que ambos, cada um ao seu nível, guardam: eles conseguiram, com perspicácia e competência, associar o seu nome a sucesso – como se o simples facto de um clube os contratar fosse, só por si, – e é! - garantia de êxito. E, embalados, nessa crença, nessa convicção, os respectivos dirigentes não hesitam em adquirir os melhores jogadores como instrumento de concretização do objectivo almejado.
Neste momento e como alardeiam abundantemente os factos, qualquer presidente que queira brindar os seus associados com a prenda da subida do clube ao primeiro escalão só tem que fazer duas coisas: pôr de lado uns bons milhares de euros e ser rápido a ligar para o Victor Oliveira – esse verdadeiro campeão dos sonhos!
Com ele, é possível, mais, é certo, que a ambição da primeira se converterá em realidade. Porquê?
Porque é de primeira a sua ambição!
Vergílio Ferreira colocou a seguinte máxima na boca de um dos seus personagens:”não há prazer à borla”.
Pois sucesso também não...
IN " A BOLA"
22/05/17
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* EXCELENTE TRABALHO DE REPORTAGEM DA "SIC"
4-ABANDONADOS
Fábrica Motas Famel
* EXCELENTE TRABALHO DE REPORTAGEM DA "SIC"
** As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.
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FONTE: "O JORNAL ECONÓMICO"
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1256
Senso d'hoje
STEPHEN JONES
SEM-ABRIGO DA
CIDADE DE MANCHESTER
“Tivemos de lhes tirar pregos
dos braços e da cara”
* Um sem-brigo faz um relato comovido do momento em que socorreu vítimas do ataque terrorista de Manchester. Stephen Jones dormia nas imediações da Manchester Arena, quando ouviu um estrondo enorme, que inicialmente pensava ser fogo-de-artifício. Em entrevista à ITV News, o sem-abrigo conta, num testemunho realista, o que viu e como ajudou crianças "cobertas de sangue, que choravam e gritavam".
FONTE: "O JORNAL ECONÓMICO"
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