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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
19/02/2025
VASCO MENDONÇA
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É complicado encontrar algo estruturalmente positivo para dizer acerca de Pinto da Costa, alguém que, com ocasional elegância, irónica souplesse e a tal cultura acima da média que o tornou uma referência entre filisteus, fez do ódio aos rivais uma figura de estilo amplamente apreciada. Tanto que produziu efeito como cultura e forma de estar. Tanto que foi copiada por outros dirigentes, inclusive no meu clube.
Já aqui escrevi que o ex-presidente do FC Porto inventou um clube, mas aquilo que fez, e sobretudo o modo como o fez, alastrou-se em forma de doença. Mais do que uma identidade clubística, a cultura materializada por Pinto da Costa tornou-se um padrão a seguir, a forma correta de fazer as coisas. Essa foi a sua maior conquista enquanto protagonista. Quantas vezes ouvi pessoas justificarem práticas dúbias no futebol com expressões como «as coisas têm de ser assim», «não podemos ser anjinhos», porque, se assim for, «vamos ser comidos», recorrendo às palavras históricas de José Maria Pedroto. O futebol português permitiu que se consensualizasse a ideia de que os «bons rapazes» são comidos e que só os maus ganham. Patrocinou uma nova era de competições em que essas eram as regras do jogo.
Eu vejo um legado indissociável de Pinto da Costa e uma herança deixada a todos os que não o aplaudiram com fervor religioso: um futebol em que quase ninguém aceita o resultado final de um jogo, um desporto seguido apaixonadamente por milhões, mas no qual poucos acreditam piamente no que veem. Por muito que se elogie esta indústria pelos seus proveitos financeiros e desportivos, por muito que se reconheça que o desporto cumpre uma função social importante alheia à sua faceta mais pantanosa, o lugar em que o futebol nacional se instalou ao longo dos anos, naquilo que tem de mais doentio e antidesportivo, deve muito a Pinto da Costa. Foi ele quem demonstrou que era possível recorrer a quaisquer meios para atingir os fins pretendidos. Está para chegar o dia em que me sinto convencido de que essa cultura foi absolutamente erradicada do desporto e das principais esferas de decisão.
Eu percebo. Se um presidente do meu clube vivesse até aos 87 anos e, no entretanto, me tivesse permitido celebrar a conquista de duas Taças dos Campeões Europeus e duas Taças UEFA, eu também estaria grato e tenderia a ignorar o resto. Assim se explica que, após uma eleição que viu Pinto da Costa ser derrotado sem apelo nem agravo, o FC Porto apareça aos olhos do comum adepto de outro clube como uma entidade em profunda angústia existencial. Pudera. O presidente que inventou tudo isto deitou fora o manual. Um clube que durante 40 anos fez da corrupção, das agressões, do ódio aos «vermes que merecem desprezo», da intimidação e da violência, dimensões não escritas da sua identidade. Conseguiu até que tudo isto se tornasse socialmente aceite, uma espécie de mal necessário, uma excentricidade em forma de clube de futebol com a qual tínhamos todos que aprender a viver.
Compreendam por isso o silêncio oficial, sem elogios nem críticas. Compreendam também que os demais adeptos ou as instituições que os representam não sintam o mesmo carinho por esta pessoa que agora nos deixa. O respeito institucional pelo qual tantos clamam hoje não encontrou reciprocidade nos últimos 40 anos. Compreendam que os adeptos questionem as conquistas de um clube ou de um presidente quando estas foram manchadas por décadas de práticas antidesportivas. Compreendam que esses adeptos jamais venham a considerar imaculada uma herança deixada nestes termos.
Pinto da Costa fez tudo o que estava ao seu alcance para ser a melhor coisa que aconteceu aos portistas. Não tenho dúvidas de que conseguiu. No processo, tornou-se a pior coisa que aconteceu ao futebol português. Parece-me que viveu sempre bem com esta minha opinião. Paz à sua alma.
* Compositor português, adepto do Benfica
IN "A BOLA" - 18/02/25
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3974.UNIÃO
putin HUYLO
putin é um canalha
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ē¢໐ ค́fri¢ค/105
UGANDA
Princípios da Permacultura
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NR: É certo que os governos americanos, TODOS, pouca importância deram e dão a situações de degradação social, o que interessa é o aparato, o que interessa são as monumentalidades fingidas e o obscuro poder. Nos USA há centenas de bairros sociais(?) como este e a América pretende ser a great again..
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