06/12/2012

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HOJE NO 
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"

Organização policial "não funciona" 

Consultor da NATO e ex-secretário-geral adjunto da ONU, Victor Angelo diz que Portugal é visto como o "elo fraco e incerto" da defesa coletiva europeia e que a crise impede que as polícias tenham os recursos exigíveis 

 O perito internacional Victor Ângelo arrasou, numa conferência, o sistema de segurança interna português e classificou de incompetentes os ministros que tutelaram a defesa nos últimos anos. Criticou o 'sistema dual' (PSP civil e GNR militarizada) que, na sua opinião "não funciona", e sugere que "seja revisto no quadro das atuais restrições financeiras".
O ex-secretário-geral adjunto da ONU foi o último orador da conferência sobre "Segurança e Democracia", na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, depois de Ângelo Correia, José Manuel Anes e Garcia Leandro terem dissertado sobre o Conceito Estratégico de Segurança e Defesa (CESD), um documento 'reservado' do Governo. 

Contrastando com as anteriores, a sua intervenção foi pragmática e realista. Primeira nota: "O grau de desenvolvimento da economia portuguesa não permite o financiamento adequado das funções essenciais na área da defesa e da segurança nacional" e "enquanto isso não for resolvido não haverá recursos suficientes para a segurança funcionar com níveis de exigência para o nosso país".
Invocando a sua experiência e contactos internacionais revelou que "somos vistos por alguns observadores estrangeiros como o elo fraco e incerto do sistema de defesa coletivo europeu, agravado pelo facto de Portugal ser fronteira estratégica da Europa". Victor Ângelo sugeriu que, face a estas restrições económicas, "devem ser focadas as principais ameaças, três ou quatro, e definir quais as forças que lhe vão responder". 
O LOJISTA

No seu entender "há um grande défice na opinião pública sobre questões de segurança" e isso "é um obstáculo para a modernização do setor". Em parte, explicou, isso deve-se ao "excesso de secretismo que os políticos atribuem" a estas matérias. Um exemplo é o CESD, apresentado por Ângelo Correia naquela conferência, mas a que nenhum dos presentes teve acesso, incluindo Victor Ângelo.

Este especialista não excluiu os políticos da sua mira de ataque, sublinhando que "a partir 2.ª metade década de 80 as lideranças políticas têm tido uma enorme falta de sensibilidade para as questões de segurança, defesa e inteligência", destacando que "alguns ministros e diretores civis da Defesa revelaram um significativo grau de desconexão com as chefias militares, escondendo mal e muitas vezes a sua incompetência".

Concluiu a sua intervenção com uma análise lapidar ao 'secreto' conceito estratégico. "Pelo que ouvi, pois não tive acesso, é um documento "idílico" e demasiado abrangente, pois não permite a focalização nas principais ameaças".

* Os habituais querubins sapientes dos assuntos de defesa dissertaram em deserto de ideias, Victor Ângelo disse a verdade.

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