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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
20/01/2025
RUTE AGULHAS
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A crença num mundo justo
A crença num mundo justo é muito frequente e leva-nos acreditar que acontecem “coisas boas” às pessoas boas e “coisas más” às pessoas más, ou seja, que cada um tem aquilo que merece - os “bons” são recompensados e os “maus” são punidos. Associados a esta crença, que tem vindo a ser estudada pela Psicologia Social desde os primeiros estudos publicados (de Melvin Lerner, nos anos 60 do século passado), vemos diversos ditos populares como, por exemplo, “cada um tem o que merece”, “quem planta, colhe” ou ”o feitiço vira-se contra o feiticeiro”.
Esta crença acaba por ter uma função adaptativa, ajudando-nos a compreender os motivos pelos quais as pessoas mobilizam os seus esforços no sentido de conseguirem alcançar algo - acreditar num mundo justo (em que o que fazemos se relaciona com o que obtemos) ajuda-nos a viver diariamente com maior sensação de controlo, confiança e esperança no futuro.
Mas se pensarmos de forma objetiva, rapidamente concluímos que o mundo não é justo e que pessoas inocentes são castigadas, ao mesmo tempo que pessoas que exibem comportamentos desajustados ou agressivos são, tantas vezes, premiadas, saindo ilesas das mais diversas situações.
E quais são as possíveis implicações desta crença?
Uma das várias implicações desta crença é a tendência que se observa em culpabilizar as vítimas pelo seu sofrimento. Acredita-se que alguma coisa terão feito para o justificar e que, muito provavelmente, merecem aquilo que vivenciam. Também as pessoas pobres são, muito frequentemente, culpabilizadas pela sua pobreza, ignorando-se todo um conjunto de variáveis que contribuem para essa situação. Ou seja, podemos assistir a um processo de vitimização secundária das vítimas.
Diversas estratégias podem ajudar-nos a compreender a manutenção desta crença, tentando reduzir a perturbação causada pela constatação de que, afinal, o mundo não é justo. Por exemplo, quando tentamos, de alguma forma, minimizar o sofrimento de alguém, adotando comportamentos de ajuda. De forma um pouco mais irracional, ou seja, muitas vezes sem se ter a consciência do que se está a fazer, podemos também assistir a outro tipo de estratégias, como a negação, o evitamento (por exemplo, evitar ver as notícias, desviar o olhar perante uma pessoa que vive na rua) ou a desvalorização do sofrimento da vítima.
Era bom - muito bom, aliás - que o mundo fosse justo. E também percebemos que acreditar, ainda que parcialmente, num mundo justo nos ajuda a seguir em frente com mais otimismo e esperança. No entanto, a necessidade em manter esta crença pode conduzir a uma minimização do sofrimento dos outros, culpabilizando-os por aquilo que vivem. E é importante que todos possamos refletir sobre isto.
* Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIIAS" -20/01/25
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putin é um canalha...
* Filmado, editado, narrado e escrito por Carlos de Figueiredo.
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