HOJE NO
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Aviação.
Ano de 2015 foi “muito negro”
para o setor em Portugal
Em quase 30 acidentes registaram-se oito mortos e 11 feridos. É o maior registo de vítimas desde 2010
Fevereiro, maio e setembro: foram esses os meses mais negros de um ano marcado por 29 acidentes, três dos quais fizeram duas vítimas mortais cada. Janeiro e julho foram os dois meses com uma morte.
Na verdade, só o mês de março escapou a esta contabilidade. De resto, em todos os meses do ano houve registo de mortes ou, pelo menos, de feridos decorrentes de acidentes com aparelhos ultraligeiros, equipamentos de asa fixa e com um peso máximo de descolagem abaixo dos 450 quilos.
Foi essa, em concreto, a “categoria negra” de 2015. “Todas as mortes
aconteceram na categoria de aviões ultraligeiros, que se insere no campo
do lazer e é, comparativamente, menos regulada” que as restantes. Por
essa razão, “as pessoas facilitam mais”, explica ao i o diretor do
GPIAA, Álvaro Correia Neves.
O gabinete tem apostado numa “mensagem de responsabilidade dirigida a quem opera estes aparelhos”. E, refere o responsável pela autoridade de investigação de acidentes aeronáuticos em Portugal, “95% dos pilotos são excelentes e cumprem as regras, mas depois há a franja dos outros 5%, que atuam nas margens”. São esses os pilotos que Correia Neves apelida de “aventureiros”. E é a pensar sobretudo nesses exemplos que o diretor do GPIAA se refere ao termo “airmanship” - uma ideia que se pode traduzir na “atitude que um piloto adota perante a máquina que tem nas mãos”.
Mais regulamentação?
O facto de esta ser uma atividade “menos regulada” não leva Correia
Neves a defender mais regras para o setor. “Se regularmos em demasiado,
podemos estrangular uma atividade que se quer livre e barata, deixamos
de ter aviação ultraleve barata e passamos a ter uma aviação
ultraligeira cara” com as consequências que essa mudança tem no setor.
A solução para menos mortes passará, segundo o próprio, por maior
sensibilização. Os seminários e as reuniões com as associações do setor
são importantes, mas os relatórios produzidos sobre cada acidente,
conduzidos pelas entidades públicas, dão um contributo fundamental para a
redução da sinistralidade e das mortes. “É importante cumprir as regras
no âmbito do voo, mas a verdade é que só se cumpre aquilo que se
conhece e, por vezes, os pilotos conhecem mal as aeronaves que têm nas
mãos”, reconhece. “É preciso fazer pedagogia e perceber o que levou a
cada uma das mortes, para se aprender com os erros dos outros”, resume o
diretor do GPIAA.
No imediato, a solução passa por “trabalhar o fator humano” junto dos
cerca de 600 pilotos inscritos para pilotar ultraligeiros em Portugal,
sugere Álvaro Correia Neves, até porque “os ultraleves já são, em muitos
casos, melhores que as aeronaves ligeiras”, refere. Esse trabalho
passará pelo GPIAA e pela Associação Portuguesa de Aviação Ultraleve
(APAU), mas apenas em parte, porque “estas instituições não têm
capacidade para fazer todo o trabalho”. Terão de ser as restantes
associações do setor e os próprios aeródromos a fazer a outra parte,
aponta Correia Neves.
Meia década de acidentes
O
ano passado fica marcado pelo grande número de vítimas, mas houve
outros anos com cifras negras nos registos do GPIAA - que anualmente
produz um relatório-resumo da sinistralidade aeronáutica.
Em termos de mortes - e considerando o período entre 2010 e o ano
passado -, 2012 foi particularmente grave. Dez pessoas perderam a vida
em acidentes com aeronaves. Ao todo, nesta primeira metade da década, 34
pilotos e passageiros perderam a vida, quase tantos quantos os que
ficaram feridos na sequência de acidentes (37).
No mesmo período, 2010 foi o ano com maior registo de acidentes (40).
Apenas em 2014 houve uma aproximação mais notória a esse registo, com
38 acidentes. Ainda assim, estes dados poderão estar subavaliados, uma
vez que alguns acidentes envolvendo aeronaves de recreio nunca chegam a
ser reportados por acontecerem em terreno que é propriedade dos pilotos.
Entre mortos e feridos contam-se 71 vítimas de acidentes com os
vários tipos de aeronaves desde 2010. Pelo lado mais positivo, em 2011
não se registaram quaisquer mortes e de 2012 ficou o registo de apenas
dois feridos.
* Sem qualquer hipocrisia 8 mortos não é um número grave embora desejássemos não terem acontecido. Vejam os números das estradas portuguesas e arrepiem-se.
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