HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
DECO quer observatório para
controlar eventual subida de preços
com novo regime de promoções
A DECO teme um aumento de preços por causa do novo regime de
práticas comerciais restritivas, que entra em vigor a 25 de fevereiro, e
defende a criação urgente de um observatório de preços.
A transparência na política de preços dos super e
hipermercados é o principal alvo do novo regime, que proíbe a imposição
aos fornecedores de vendas a um preço mais baixo, de decisões
unilaterais sobre promoções ou pagamentos de promoções e de alterações
retroativas nos contratos.
“Se não houver concorrência a montante [dos hipermercados], tememos
que o novo regime sirva de justificação para um aumento de preços aos
consumidores”, afirmou à Lusa o secretário-geral da associação de defesa
dos consumidores DECO, Jorge Morgado.
O papel do Estado é “fundamental” para evitar efeitos negativos da
lei nos consumidores, acrescenta, salientando que regular o mercado é
não só fazer leis como acompanhar a sua aplicação prática.
“Devia ser criado um observatório que acompanhasse o impacto desta
lei durante alguns meses, e promovesse eventuais correções de
desequilíbrios”, frisou Jorge Morgado, defendendo que a relação entre a
distribuição e os fornecedores “tem várias verdades que deviam ser
observadas”.
A DECO condena o Governo por não ter ouvido os representantes dos
consumidores sobre o novo regime, lembrando que, além dos fornecedores e
distribuidores, também afeta os consumidores.
O novo regime de práticas individuais restritiva obriga ainda a rever
no prazo de um ano todos os contratos de fornecimento e agrava as
coimas para os incumpridores do regime que, no caso de grandes empresas,
podem ser multados até 2,5 milhões de euros.
Em finais de outubro, quando o diploma foi aprovado pelo Conselho de
Ministros, a ministra da agricultura, Assunção Cristas, disse que o
consumidor “pode ficar tranquilo” e “poderá beneficiar de promoções, que
existirão sempre”.
“Estas promoções têm que ser feitas numa lógica de política comercial
e de ‘marketing’ das empresas que os fazem, e não numa lógica de
repercutir para trás, às vezes de forma retroativa, sobre a produção,
aquilo que são descontos que não foram inicialmente acordados", disse na
altura Assunção Cristas.
Mas no mesmo dia, o representante das grandes superfícies, a
Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), assumiu que o
novo regime vai penalizar consumidores e distribuição, e acusou o
Governo de seguir uma “tentação regulatória”.
“As principais consequências [da revisão da legislação de práticas
individuais restritivas do comércio] são, sobretudo, para o consumidor,
porque é uma lei que vai criar um conjunto de limitações que acreditamos
que não vão criar valor nem para os agentes económicos desta cadeia de
valor, nem para o consumidor final”, afirmou a diretora-geral da APED,
Ana Isabel Trigo Morais.
Pelo contrário, a Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de
Produtos de Marca defendeu que o novo regime pode “minimizar” muitos dos
constrangimentos atuais das práticas abusivas exercidas pelos clientes
da distribuição e a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas
(CONFAGRI) defendeu que os consumidores não vão ser prejudicados e podem
continuar a contar com promoções.
* A DECO tem razão, é preciso impedir novas formas de mordedura vampírica.
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