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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS
DA MADEIRA"
Racionamento origina
"uma saúde para ricos e
outra para pobres"
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, recusou ontem o
racionamento no Serviço Nacional de Saúde (SNS), o qual, na sua
opinião, promove "uma saúde para ricos e outra para pobres".
"Para mim, o racionamento em saúde é completamente antiético, a não
ser que não haja alternativa nenhuma", disse José Manuel Silva, em
Coimbra.
O bastonário da Ordem dos Médicos intervinha numa conferência
subordinada ao tema "Ética da sustentabilidade do sistema de saúde -
Ética na prestação de cuidados de saúde, ética no circuito do
medicamento".
Alegando que "há sempre alternativas", José Manuel Silva afirmou que
"o racionamento só afeta os mais desfavorecidos" da sociedade
portuguesa.
Para o bastonário, o racionamento de medicamentos, materiais diversos
usados na saúde e meios complementares de diagnóstico traduz "uma
atitude que discrimina" os utentes do SNS.
"Estamos a aceitar uma saúde a duas velocidades: uma saúde para ricos e uma saúde para pobres", criticou.
O dever dos médicos, acrescentou, é tentarem "esbater as diferenças"
das pessoas no acesso à saúde, para "todos terem direito a um nível de
dignidade", o que implica evitar qualquer discriminação nos cuidados de
saúde.
"A saúde a duas velocidades não é ética", incluindo na assistência
aos cidadãos em situações de emergência, disse o bastonário, dando como
exemplo a recente morte de quatro pessoas, num acidente rodoviário na
zona de Évora, tendo faltado uma viatura médica de emergência e
reanimação (VMER) disponível para realizar a assistência às vítimas no
local.
Caso o acidente tivesse ocorrido na zona de Coimbra, os sinistrados "teriam duas" dessas viaturas, sublinhou José Manuel Silva.
"Há uma discriminação geográfica que também não é ética", adiantou.
O bastonário disse que "há médicos que não se revêm no Código
Deontológico", mas todos "têm de o cumprir", uma vez que o diploma "foi
aprovado pela maioria" dos membros da classe.
Na iniciativa, intervieram ainda Ema Paulino, representante da Ordem
dos Farmacêuticos, Paulo Clímaco Lilaia, da Associação Portuguesa de
Genéricos, e Filomena Girão, advogada.
Moderado por Fernanda Freitas, o debate decorreu no auditório do
Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC) e
foi organizado pela Livraria Almedina, FAF-Advogados, ISCAC, Diário As
Beiras e Diário de Bordo.
* Uma pequena correcção, a saúde dos ricos é diferente, eles podem hospedar-se nos "Hospital Resort's" que existem no país a quem o Estado garante milhões de euros em contratos esquisitos, prejudicando o SNS.
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