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A neutralidade da rede ou Internet Neutra é o princípio que obriga as operadoras a não permitirem que o acesso a uns sites seja mais rápido (ou mais lento) do que a outros. Objetivo? Garantir que quem tem mais dinheiro não possa pagar às operadoras para ter acessos mais rápidos
Internet livre ou condicionamento de mercado?
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HOJE NO
"OBSERVADOR"
Neutralidade da rede.
Operadoras acusam Anacom
por alteração de planos zero-rating
Operadoras acabaram com os tarifários zero-rating por violarem a internet neutra. Solução? Barrar acesso total nos pacotes e dizer que a Anacom é que decidiu. Reguladora afirma que deu outras opções.
A neutralidade da rede ou Internet Neutra é o princípio que obriga as operadoras a não permitirem que o acesso a uns sites seja mais rápido (ou mais lento) do que a outros. Objetivo? Garantir que quem tem mais dinheiro não possa pagar às operadoras para ter acessos mais rápidos
Depois de, em julho, a Anacom ter dado 50 dias
para as operadoras alterarem os pacotes de adição de dados zero-rating
porque violavam o princípio da neutralidade da rede, estas estão a
bloquear todo o tráfego numa solução que autoridade reguladora das
comunicações considera que não “protege os interesses dos consumidores”.
A Anacom, enquanto Autoridade Nacional das Comunicações, pronunciou-se
sobre estas alterações depois de ter recebido queixas das operadoras que
acusavam a entidade reguladora (junto de clientes) deste bloqueio de
dados, quanto esta tinha recomendado outras opções para os consumidores.
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Os benefícios da internet aberta são também evidentes do lado da oferta e
a longo prazo, sendo fundamental para o desenvolvimento da sociedade e
da economia que seja dada oportunidade a que novos produtos e
plataformas digitais se possam desenvolver num ambiente de inovação
diversificada, aberta, livre e numa base de igualdade de acesso”, afirma
a Anacom quanto à decisão de proibir tarifários zero-rating e de ter
feito esta imposição às operadoras.
Os tarifários zero-rating eram disponibilizados pela Meo, Nos e
Vodafone. Após esgotar o plafond mensal, o consumidor podia adquirir,
por um preço mais barato, um aditivo para aceder apenas a um conjunto de
aplicações específicas (como o YouTube, Spotify ou Facebook). Se
quisesse aceder a todos os conteúdo online, o preço seria superior. Por
isso, a Anacom, em fevereiro,
afirmou que estas ofertas violavam os princípios da neutralidade da
rede e eram penalizadores para os consumidores, e para o mercado. A 9 de
julho, a Anacom deu 50 dias para estas empresas corrigirem estas
ofertas.
Agora, no fim do prazo dado pela Autoridade Nacional de Comunicações,
as operadoras não permitem o acesso a nenhum conteúdo online mobile
nestes tarifários após acabar o plafond e afirmam, junto de clientes,
que é por causa da Anacom. A entidade reguladora afirma que esta
decisão é “da exclusiva responsabilidade [das operadoras], não podendo
tal ser, de modo algum, imputada à determinação da Anacom”. Em
comunicado enviado às redações, a Anacom lembra que recomendou que as
operadoras de telecomunicações oferecessem outras soluções como permitir
que o plafond associado a estes pacotes passasse a poder ser utilizado
para aceder a todos conteúdos, e não só ao pré-determinados.
“Nada
impede que o tráfego de dados não usado num mês possa ser usado no mês
ou em meses seguintes, no âmbito do plafond geral de dados”, afirma a
Anacom. “Essa possibilidade parece não estar a ser prevista
pelos operadores”, diz ainda o comunicado quanto a outras opções para os
consumidores. A entidade reguladora reitera que a decisão de fevereiro
teve como objetivo “garantir a liberdade de escolha dos consumidores e a
igualdade de tratamento do tráfego de internet” e evitar “discriminação entre
conteúdos e/ou aplicações que integram plafonds de dados gerais”. A
Anacom considera “incorreta e abusiva” a informação que está a ser dada
aos consumidores.
Internet livre ou condicionamento de mercado?
O pé de luta entre a Anacom e as operadoras de telecomunicações
relativamente aos tarifários zero-rating ganhou novos contornos em
outubro de 2017, depois de um congressista californiano ter apontado o
pacote da Meo +Smart Net como um mau exemplo quanto à neutralidade da rede.
Na altura, os Estados Unidos discutiam a mudança da legislação que
permitiu, em dezembro, na teoria, que o princípio da neutralidade da
rede possa ser violado. Questionada pelo Observador na altura, a Anacom
avançou que estava a analisar estas ofertas. Em fevereiro de 2018,
anunciou que estes planos de dados violavam as regras europeias quanto à
neutralidade da rede.
Enquanto uns defendem este princípio, outros afirmam que condiciona o mercado livre (razão que levou à alteração do quadro legal da internet neutra nos Estados Unidos da América).
Em outubro de 2017, a Meo afirmava ter “orgulho em ter sido a pioneira
neste tipo de ofertas em Portugal” e que estava a cumprir o regulamento
europeu relativo à neutralidade da rede. Depois da decisão da Anacom em
fevereiro, as três operadoras manifestaram “perplexidade” e que estas
ofertas respondiam “às necessidades que os consumidores lhes têm
apresentado”.
* Só quem anda na lua não se apercebe das mais variadas maneiras de fazer cartel.
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