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1- Carlos Santos Silva
2-Zeinal Bava
3 - Ricardo Salgado e os restantes líderes da família Espírito Santo
4 - Isabel Almeida e António Soares
5 - 18 altos funcionários do BES
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HOJE NO
"OBSERVADOR"
"OBSERVADOR"
O que já se sabe sobre a lista de
. pagamentos do ‘saco azul’ do GES
. pagamentos do ‘saco azul’ do GES
Santos Silva, Bava, Isabel Almeida, António Soares, Ricardo Salgado e os restantes quatro líderes dos clãs da família Espírito Santo são os alegados beneficiários do 'saco azul' já conhecidos.
Carlos Santos Silva (o que na ótica do Ministério Público significa dizer José Sócrates), Zeinal Bava, Isabel Almeida, António Soares, Ricardo Salgado
e os restantes quatro líderes dos clãs da família Espírito Santo são os
alegados beneficiários de pagamentos do ‘saco azul’ já conhecidos. Há
ainda 18 altos funcionários do BES que recebiam pagamentos regulares.
Desde que o Observador noticiou em exclusivo que o Ministério Público (MP) tinha em seu poder documentação que permitia reconstituir a lista de pagamentos da offshore
Espírito Santo (ES) Enterprises que muito se tem falado sobre o ‘saco
azul’ do GES.
A lista de pagamentos inclui titulares de cargos políticos
e públicos, titulares de órgãos sociais de empresas participadas pelo
GES, membros da família Espírito Santo, administradores e funcionários
do BES.
O que é um saco azul?
Corresponde a fundos não declarados nas contabilidade oficial de uma empresa com o objetivo de fugir ao fisco e/ou de pagar subornos. É sinónimo de contas clandestinas (caixa 2 ou caixa b são outros sinónimos) que apenas é do conhecimento de um círculo restrito de pessoas. Contudo, e como explica o Ciberdúvidas, este termo nem sempre teve esta conotação pejorativa.
Desde então que o Observador e outros jornais, como o Expresso e o
Correio da Manhã, têm revelado diversos nomes que fazem parte dessa
lista de pagamentos, sendo igualmente certo que ainda faltam conhecer
muitos mais. O Observador continua a tentar confirmar as informações que
possui sobre a identidade dos beneficiários do ‘saco azul’ do GES. Eis a
parte da lista que já é conhecida:
1- Carlos Santos Silva
O nome do ex-primeiro-ministro surgiu pela, primeira vez, ‘pela mão’ de Hélder Bataglia. O líder da Escom e ex-homem forte da família Espírito Santo para os mercados africanos e da Venezuela é suspeito na Operação Marquês de ter transferido cerca de 20,9 milhões de euros para contas do alegado testa-de-ferro de José Sócrates: Carlos Santos Silva
Numa curta declaração ao Expresso, Bataglia afirmou que a ES Enterprises era a origem dos fundos transferidos para Carlos Santos Silva.
Nessa altura, já se sabia, por documentos enviados pelo próprio
Bataglia para a Comissão Parlamentar de Inquérito do BES, e que foram revelados pelo jornal i, que o líder da Escom tinha recebido cerca de 7,5 milhões de euros
da ES Enterprises a título de comissão pela prospeção de novos negócios
em Angola e no Congo Brazzaville nas áreas financeiras, petrolífera e
imobiliário. Tais pagamentos, segundo Bataglia declarou à CPI do BES,
tinham sido realizados com o conhecimento e o acordo de Ricardo Salgado.
A
grande novidade das declarações de Bataglia ao Expresso é que foi o
próprio a fazer a ligação entre as transferências feitas para Santos
Silva/Sócrates e a ES Enterprises – o que fez mudar toda a perspetiva
dos investigadores e a levá-los a investigar as decisões que o governo
de Sócrates tomou sobre a Portugal Telecom (PT), nomeadamente a venda da
Vivo à Telefónica e correspondente compra da Oi. Existirá proximidade
de datas entre as transferências realizadas e os momentos-chave das
decisões daqueles dossiês da PT onde José Sócrates e Lula da Silva,
ex-presidente do Brasil, tiveram influência. Aliás, diversos contactos entre estes dois políticos já constavam dos autos da Operação Marquês.
Mais
tarde, num depoimento que fez em Luanda no âmbito do cumprimento da
carta rogatória emitida pelas autoridades portuguesas, o líder da Escom
acabou por ser (bastante) mais suave, tendo mesmo afirmado que “não
fez ou teve propósito de fazer qualquer atribuição de valores ou outra
vantagem a José Sócrates Pinto de Sousa, diretamente ou por intermédio
de Carlos Santos Silva ou outros, a troco ou por causa seja do que for”.
José
Sócrates, por seu lado, continua a manter a sua defesa e a recusar a
ideia central da Operação Marquês de que Carlos Santos Silva é o seu
testa-de-ferro, refutando, portanto, quaisquer suspeitas de corrupção.
2-Zeinal Bava
É uma situação assumida pelo próprio ex-presidente executivo da PT. O Correio da Manhã noticiou que tinha recebido cerca de 8,5 milhões euros da ES Enterprises, o Expresso corrigiu o valor para 18,5 milhões de euros e o Observador acrescentou que o valor tinha sido transferido em duas tranches: uma de 8,5 milhões em 2010 e outra de cerca de 10 milhões em 2011.
Mais uma vez, a venda da Vivo e a compra da Oi será, de acordo com o MP, o que está por detrás destas transferências.
A
todas aquelas publicações, Zeinal Bava deu a mesma explicação:
tratou-se de uma aplicação fiduciária. Isto é, Zeinal limitou-se a
receber o dinheiro do GES para eventualmente aplicar, em seu nome e de
um grupo de quadros da PT (que nunca chegou a ser contactado), num
futuro aumento de capital social da PT quando esta fosse totalmente
privada (o que só aconteceu em 2014). Como tal aplicação nunca foi
realizada, Bava devolveu o capital e juros numa data nunca revelada.
O Observador revelou igualmente que essa explicação não batia certo
com as declarações que Ricardo Salgado tinha feito na Operação Monte
Branco em 2014, quando foi detido e constituído arguido pela primeira
vez.
Nesse interrogatório, Salgado assumiu que tinha sido ele a dar as ordens das transferências para Zeinal Bava.
3 - Ricardo Salgado e os restantes líderes da família Espírito Santo
O ex-presidente executivo do BES terá um duplo papel como beneficiário do saco azul do GES:
- Terá recebido cerca de 7 milhões de euros da ES Enterprises, que o próprio Salgado classifica como um empréstimo. Parte desse montante (4 milhões de euros), segundo o MP, terá servido para comprar ações da EDP durante a última fase de privatização da elétrica nacional que decorreu em 2011.
- Terá recebido complementos salariais pela sua atividade no exterior ao serviço do Grupo Espírito Santo desde, pelo menos, a criação da ES Enterprises nos anos 90.
Neste último ponto é importante recordar
que a cúpula da família Espírito Santo decidiu nos anos 80, aquando do
seu regresso a Portugal para participar nas privatizações do setor
financeiro decididas pelo governo de Cavaco Silva, que os líderes dos
cinco clãs continuariam a ser remunerados no exterior pelos cargos que
ocupavam nas sociedades internacionais do GES. Essas remunerações
começaram por ser pagas pela offshore Espírito Santo
International (localizada nas Ilhas Virgens Britânicas e diferente da
Espírito Santo International, com sede no Luxemburgo).
Tal responsabilidade foi transferida, a partir de 1993, para a ES Enterprise, como o Observador revelou a seu tempo.
O ano de 1993 corresponde à criação do ‘saco azul’ do GES nas Ilhas
Virgens Britânicas, tal como o Expresso e a TVI noticiaram.
4 - Isabel Almeida e António Soares
São os últimos nomes a serem conhecidos e foram revelados pelo Observador na última quarta-feira.
São dois ex-altos funcionários do BES com importantes funções no banco
que foi liderado por Ricardo Salgado. Isabel Almeida era a diretora do
Departamento Financeiro, Mercados e Estudos (DFME), enquanto António
Soares foi o responsável pela sala de mercados do BES e, mais tarde, chief financial officer da seguradora BES Vida.
Estes dois altos funcionários terão recebido cerca de 1,2 milhões de euros em 2009 e 2010 através do ‘saco azul’ do GES.
Os
valores que receberam foram explicados por Ricardo Salgado ao MP como
complementos remuneratórios pela atividade que ambos terão desenvolvido
no exterior. Contudo, a equipa do procurador José Ranito, que investiga o
caso BES, suspeita que os mesmos corresponderão a uma remuneração
alegadamente ilícita pelo papel que Almeida e Soares terão tido na
implementação de um alegado esquema de financiamento fraudulento do GES,
alegadamente à custa do balanço do BES e dos próprios clientes do
banco.
Nesse esquema terão ainda participado Cláudia Boal Faria e o
seu marido Pedro Costa. Por isso mesmo, o MP constituiu estes quatro
ex-funcionários como arguidos no caso BES.
5 - 18 altos funcionários do BES
É igualmente uma novidade revelada esta quarta-feira
pelo Observador: além de Isabel Almeida e de António Soares, a lista de
pagamentos do ‘saco azul’ do GES terá, pelo menos, mais 16 altos
funcionários do BES. Do DFME e de outros departamentos relevantes do
BES.
É provável, contudo, que o número final até seja superior.
Tudo porque era uma prática comum do BES, desde pelo menos 2007,
atribuir um prémio anual aos funcionários que se tivessem destacado.
Tais prémios eram atribuídos na Suíça e no Luxemburgo através de contas
bancárias abertas no Banque Privée Espírito Santo, com fundos
transferidos de contas do ‘saco azul’ do GES. Muitas dessas contas foram
abertas em nome de familiares dos responsáveis do BES premiados, o que
configura, na ótica do MP, uma tentativa de dissimulação do destinatário
final desses fundos.
Confrontado com o pagamento de tais valores de forma regular pelo MP, Ricardo Salgado classificou as mesmas como “remunerações complementares”,
sendo que tais prémios só seriam atribuídos a funcionários que tivessem
tido uma colaboração com empresas do GES com sede no estrangeiro.
O
problema é que o MP entende que tem indícios de que tais valores estão
relacionados com atividades em Portugal, o que poderá configurar a
prática dos crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de
capitais.
* Parece-nos que todos os nomes nomeados nesta peça são os de perigosos sindicalistas, que segundo o patronato são um obstáculo à economia.
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