HOJE NO
"OBSERVADOR"
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José Veiga e Paulo Santana Lopes
detidos por corrupção
O empresário do futebol e o irmão do ex-primeiro ministro, Santana Lopes, foram detidos por corrupção em negócios internacionais.
O empresário de futebol, José Veiga, e o irmão do ex-primeiro
ministro Santana Lopes, Paulo Santana Lopes, foram detidos pela Polícia
Judiciária por suspeitas de corrupção no comércio internacional. Em
causa estarão negócios no Congo, cujo dinheiro foi depois aplicado em
Portugal na compra de vários bens. Foi ainda detida uma advogada que
terá ajudado na concretização dos negócios, apurou o Observador.
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Segundo
o comunicado da Polícia Judiciária, os três suspeitos, entre os 53 e os
57 anos, foram detidos no âmbito de uma operação com o nome de código
“Rota do Atlântico”. Foram feitas 35 buscas nas zonas de Lisboa, Braga e
Fátima e envolvidos cerca de cento e vinte elementos da PJ e dez
magistrados. O Observador apurou que ainda estão a decorrer buscas para
recolha de mais prova. Entretanto o Ministério Público, em comunicado,
acrescenta que foram feitas buscas a um banco, a três escritórios de
advogados, em casas e sedes de empresas. O Diário Económico diz que as
buscas foram feitas no Novo Banco.
A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à
Corrupção, e numa investigação dirigida pelo Departamento Central de
Investigação e Ação Penal (DCIAP) iniciada ainda em 2014, refere que os
detidos celebravam contratos de fornecimentos de bens e serviços –
entre os quais obras públicas, construção civil e venda de combustível a
várias entidades provadas e estatais do Congo. Os lucros destes
negócios eram “utilizados na aquisição de imóveis, veículos de gama
alta, sociedades não residentes e outros negócios, utilizando para o
efeito pessoas com conhecimentos especiais e colocadas em lugares
privilegiados, ocultando a origem do dinheiro e integrando-o na
atividade económica licita”.
Já o comunicado do Ministério Público
acrescenta que os suspeitos estão também indiciados pela prática dos
crimes de tráfico de influência e de participação económica em negócio
na compra e venda de ações de uma instituição financeira estrangeira,
ações, essas, detidas por instituição de crédito nacional”. Mais. Que a
investigação tanto toca no continente africano, como no europeu e no
americano.
Foram apreendidos vários imóveis como veículos
automóveis de gama alta e saldos bancários. Os detidos vão ser sujeitos a
primeiro interrogatório judicial, para eventual aplicação das medidas
de coação tidas por adequadas. Mais uma vez, será o juiz Carlos
Alexandre a ouvir os detidos. E o processo está em segredo de justiça.
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Proposta de compra de banco investigada pela PJ. Apreendido dinheiro do sinal
Ainda segundo o que o Observador apurou, a proposta de compra do
Banco Internacional de Cabo Verde, do Grupo Espírito Santo, feita por
Veiga estará também debaixo de olho da Polícia Judiciária. A informação
foi avançada há duas semanas pelo Diário Económico que dava conta do
interesse do empresário, que mantinha negócios em África – onde se
refugiou como consultor, gestor e empresário, depois da saída da
estrutura diretiva do Benfica, em 2007.
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Na proposta de compra,
Veiga representa um grupo luso-africano (sobretudo com interesses do
Congo) que quer comprar o Banco Internacional de Cabo Verde (BICV),
ativo do Novo Banco, avaliado em 14 milhões de euros, noticiou o Diário de Notícias e o Diário Económico.
Mas já há dois anos Veiga tinha mostrado interesse nos negócios da
banca, ao negociar com o Grupo Espírito Santo uma participação na
holding Es Control, também num consórcio com investidores africanos.
Noticiou o Económico que o negócio não se concretizou, mas envolvia 150
milhões de euros que poderiam ter ajudado o GES então em dificuldades.
De
acordo com o Diário Económico, na sequência da operação da Polícia
Judiciária coordenada pelo Ministério Público, foram apreendidos 11
milhões de euros – o valor já dado como sinal. Aliás, o empresário não
podia sequer entrar neste negócio uma vez que surge na lista de
devedores ao Fisco.
Veiga mudou-se para África em 2009 e tornou-se consultor na
área do futebol para a África e América do Sul. A partir de 2011 passou a
ter residência fixa no Congo e a mudar o seus interesses para outras
áreas, da banca à saúde, do ambiente ao imobiliário.
Paulo Santana
Lopes foi administrador da Tetris, uma sociedade imobiliária comprada
pela empresa Marquês de Pombal por indicação da Sociedade Lusa de
Negócios (SLN), e o seu nome foi mencionado durante a comissão de inquérito ao BPN. Em 2010, foi notícia novamente por ter alegadamente recebido um cheque de Manuel Godinho. o empresário de Ovar que foi constituído arguido no âmbito do processo Face Oculta.
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O emigrante do Luxemburgo que foi empresário de Figo, Ronaldo e Zidane
José Veiga chegou a ser o maior empresário do futebol português,
tendo-se destacado sobretudo com a transferência de Luís Figo. Mas
deteve também os passes de Ronaldo e Quaresma, por exemplo. Manteve um
‘duelo’ no mundo das comissões de transferências de jogadores, que
chegou a liderar, com Jorge Mendes, até que foi perdendo influência e
jogadores importantes na sua carteira.
Chegou depois a fazer parte
da estrutura administrativa do Benfica, como diretor-geral da SAD entre
2004 e 2007. Problemas fiscais, que envolveram o banco Dexia no
Luxemburgo e incluíram o arresto de bens, levaram-no a sair do clube.
A
sua história começou no Luxemburgo onde era emigrante (trabalhava num
stand a pintar carros) e presidente da casa do FC Porto do país. Conta a
história que conseguiu atrair ao local alguns dos grandes do futebol
para cerimónias importantes, que por sua vez lhe retribuíam com convites
para eventos desportivos. À medida que a exposição foi crescendo, foi
aparecendo nos mais importantes acontecimentos e fazia questão de se
fazer fotografar ao lado dos maiores do futebol mundial. Assim ganhou
fama.
Daí a agenciar jogadores, uma prática ainda não muito comum
nos anos 90, foi um passo. Fundou com o filho de Pinto da Costa,
Alexandre, a Superfute, empresa que chegou a mediar as maiores
transferências mundiais. Atém de Figo para o Barcelona, também Zidane
para o Real Madrid, Paulo Sousa para a Juventus ou Fernando Couto para o
Parma.
À medida que perdeu influência, perdeu jogadores. E
perdeu-os para o seu maior rival, Jorge Mendes, atualmente o maior
empresário do futebol mundial. A maior perda foi, obviamente, a de
Ronaldo .
A luta entre os dois, Veiga e Mendes, acabou,
literalmente, à pancada: uma cena nas chegadas do aeroporto de Lisboa
que Mendes terá ganho, apesar de ser mais peso-leve, terá ganho. E que
acabou de forma inusitada. Os três telemóveis que cada um cada um levava
consigo espalharam-se pelo chão. E acabaram trocados nos bolsos que
ambos entretanto tiveram de ajeitar após a batalha. Terão falado pela
última vez nessa altura. Para entregarem o seu a seu dono.
* Se são culpados têm de ser punidos, mas pela mais elementar decência deseja-se que não se use o nome de Pedro Santana Lopes.
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