HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Esquerda aceita nova austeridade
Ainda não é ok final, mas já há sinais de que
os partidos que sustentam o Governo de António Costa se preparam para
viabilizar o Orçamento do Estado. O documento, que deverá ser aprovado
esta sexta-feira, prevê novos aumentos de impostos. Os alvos são banca,
combustíveis e compra de automóveis.
Os
partidos à esquerda, que suportam o Governo, mostraram esta quarta-feira disponibilidade para aceitar as medidas adicionais que o
Governo se prepara para incluir no Orçamento de Estado para 2016, numa
tentativa de aproximação às pretensões da Comissão Europeia. Ninguém
quis falar directamente sobre as novas medidas, que cabe ao Governo
apresentar e que valem, pelo menos, 500 milhões de euros, mas de nenhum
dos partidos à esquerda do PS se ouviu uma recusa.
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A posição conjunta assinada entre PCP e PS "terá tradução no Orçamento do Estado",
disse o líder parlamentar dos comunistas, João Oliveira, aos
jornalistas no final do encontro com o Governo, onde foram apresentadas
as linhas gerais do documento.
Pedro Filipe Soares, líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda, tinha assegurado antes ter a "garantia de devolução dos salários, garantia de devolução das pensões, garantia de um desagravaremos fiscal"
e mostrou-se "tranquilo" quanto às conversas que ainda decorriam esta
quarta-feira entre as autoridades nacionais e as comunitárias.
Do partido ecologista Os Verdes chegou o apoio "incondicional" ao Governo sempre que faça frente a Bruxelas, disse o deputado José Luís Ferreira, mostrando confiança de que as negociações entre o Executivo e a Comissão Europeia cheguem a "bom porto". Os três partidos sublinhavam assim o fim da austeridade imposta pelo anterior Governo e que vai permitir devolver cerca de mil milhões de euros em salários da Função Pública, sobretaxa de IRS e actualização de pensões.
No
entanto, os três partidos não quiseram explicar as novas medidas que o
Governo está a negociar com Bruxelas, que deverão ser fechadas no
Conselho de Ministros desta quinta-feira, e que já terão sido acordadas à
esquerda.
Entre elas está um agravamento do imposto sobre os
combustíveis (que reforça o aumento deste imposto já incluído no esboço
do Orçamento) e a subida do imposto sobre os veículos - ambas afectam o
sector dos transportes e quem tem carro. Além disso, estão também
previstas medidas adcionais para a banca e para as empresas. As medidas
estão, para já, avaliadas em 500 milhões de euros.
O PCP não se
quis alongar sobre as novas medidas, que pedem um esforço diferente do
que tem sido solicitado até agora, mas João Oliveira admitiu que as
novas medidas permitem uma "tributação mais justa". Mais, o comunista,
que não quis comprometer desde já o sentido de voto do PCP, prometeu que
durante o debate do Orçamento no Parlamento o partido vai recuperar
propostas já feitas antes para que quem tem mais rendimentos
possa contribuir mais.
O objectivo é que o Estado "disponha dos meios
para o funcionamento dos serviços públicos". Pedro Filipe Soares, do
Bloco, sublinhou a viragem na austeridade.
No entanto, as novas medidas levaram o CDS a revelar preocupação com "qualquer aumento de impostos que directa ou indirectamente possa afectar a classe média". Já o PSD preferiu dar alguma margem ao Governo para apresentar um Orçamento credível, ao afirmar que ainda "está a tempo".
* É hora de dizermos não à conspiração europeia que suportam PSD e CDS.
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