HOJE NO
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Construção.
2015 foi o pior ano desde
a entrada da troika em Portugal
Concursos de obras públicas registaram uma quebra de 22%, já o volume de contratos celebrados sofreu uma redução de 35%
O mercado das obras públicas em 2015 foi o
pior ano desde a entrada da troika em Portugal. O alerta foi feito pela
Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas
(AICCOPN) que diz que os dados falam por si: as promoções de concursos
de obras públicas caíram 22% face a 2011 e o volume de contratos
celebrados registou uma quebra de 35% em relação a 2014.
Mas o impacto não fica por aqui. Em cinco anos, o setor perdeu 260
mil empregos e 39 mil empresas, revela ao i, o presidente da AICCOPN,
Reis Campos. “No ano passado assistimos ao investimento estrangeiro e ao
privado, mas o público não existiu. Houve concursos, mas as obras não
chegaram a ser adjudicadas”, salienta, acrescentando ainda que “o setor
das obras públicas está muito dependente dos ciclos políticos”.
Para este ano, as perspetivas não são animadoras, a não ser que
Portugal “aproveite” fundos comunitários que estão disponíveis. “Sabemos
que o Orçamento de Estado não pode contemplar verbas para as obras
públicas, mas devemos aproveitar o programa Portugal 20/20 e o plano
Juncker”.
Reis Campos já apresentou as suas preocupações aos responsáveis do
Partido Socialista ainda antes das eleições, mas até à data, ainda não
teve resposta. “[o actual governo] tem conhecimento e acredito que tenha
vontade em resolver o problema porque é preciso estimular o emprego e
desenvolver o setor que ainda tem um peso de 1/5 do PIB”, diz.
Concursos
O setor terminou 2015 com um total 1237
milhões de euros de concursos de obras públicas. Um valor inferior ao
que foi alcançado em 2011, altura em que Portugal recorreu à ajuda
externa. Nesse ano, o total de concursos promovidos era de 2.730 milhões
de euros, ou seja, duas vezes mais do que foi registado no ano passado.
.
Já em dezembro, o montante total de concursos de empreitadas de obras
públicas foi de 112 milhões de euros, valor que é o dobro do verificado
no mês anterior, mas foi nesse mês que registado um valor
historicamente baixo.
Contratos
Já os contratos celebrados em dezembro e
reportados no observatório das obras públicas, situaram-se nos 107
milhões, ou seja, mais 28 milhões do que em novembro. Em 2015, o setor
encerrou com um total de 1120 milhões de euros, o que representa uma
queda de 35% face a 2014.
Os contratos celebrados em resultado de
ajustes directos, encerram o ano com uma queda de -0,2%, enquanto que os
contratos celebrados em resultado de concursos públicos, registam uma
queda de 49,7% face a 2014. Um valor novamente inferior ao que foi
registado em 2011. Nesse ano foram celebrados mais de 2600 contratos,
dos quais 781 por ajusto directo e mais de 1100 por concurso público.
Sem surpresa
Estes dados pouco animadores não
surpreendem os empresários do setor, que já tinham demonstrado a sua
falta de confiança em relação às carteiras de encomendas. O setor está
apostado em áreas como a reabilitação e o imobiliário virado para o
turismo, mas a indefinição das políticas públicas e do Orçamento do
Estado prejudica a atividade.
Já no ano passado, a AICCOPN tinha admitido ao i que a “tábua de
salvação” do setor poderia estar na reabilitação. No entender da
associação, a reabilitação vai ser o segmento do mercado da construção
que vai ter mais interesse, quer para reabilitar património, quer para
criar o verdadeiro mercado de arrendamento que é necessário para o
setor. Já as grandes cidades vão ser as primeiras a beneficiar deste
fenómeno.
* Com um governo desconstrutor como poder evoluir?
.
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