HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Comissão Europeia acusada de falhar
em resgates a países como Portugal
O Tribunal de Contas Europeu considera que a Comissão Europeia não
estava preparada para os primeiros pedidos de assistência no quadro da
crise financeira de 2008 e aponta várias falhas na sua gestão dos
"resgates" a países como Portugal.
Num relatório hoje divulgado em Bruxelas sobre a "assistência
financeira prestada a países em dificuldades", o Tribunal de Contas
Europeu (TCE) analisa a gestão, por parte da Comissão, da assistência
financeira prestada a cinco países – Hungria, Letónia, Roménia, Irlanda e
Portugal -, concluindo que a mesma foi "globalmente fraca" e pode ser
melhorada caso surja a necessidade de novos "resgates", embora julgue
que os programas cumpriram os seus objectivos.
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Entre as falhas apontadas ao executivo comunitário – e a auditoria
deixou de fora análises às decisões tomadas no plano político da UE -, o
TCE considera que, no plano de supervisão, "alguns sinais de alerta"
relativamente a crescentes desequilíbrios macroeconómicos no início da
crise "passaram despercebidos", e, na gestão dos programas de
assistência, houve diferenças de tratamento aos países, controlo de
qualidade limitado, fraca monitorização da aplicação dos memorandos e
insuficiente documentação.
Numa síntese sobre os antecedentes portugueses que levaram ao
programa de resgate, o documento indica: "O período que antecedeu o
pedido de assistência financeira foi marcado por uma evolução
desfavorável das finanças públicas e por um agravamento das perspectivas
económicas. Houve, assim, uma quebra de confiança e surgiram pressões
de mercado crescentes sobre a dívida portuguesa, acentuadas pelos
desenvolvimentos negativos nos mercados de obrigações soberanas da área
do euro."
Assim, perante um acesso limitado aos mercados, o governo passou cada
vez mais a recorrer a emissões de títulos de dívida com prazos mais
curtos e a outros tipos de financiamento (tais como aplicações privadas,
emissões sindicadas e um considerável financiamento a curto prazo
proveniente de bancos nacionais)".
Desta forma, "no início de Maio de 2011, o diferencial da dívida
portuguesa a 10 anos em relação aos títulos de dívida pública alemã
("Bunds") aumentou para 650 pontos de base. Devido às consecutivas
descidas da notação das suas obrigações soberanas por parte das agências
de notação, Portugal deixou de poder refinanciar-se a taxas compatíveis
com a sustentabilidade orçamental a longo prazo".
Apontando que "os Estados-membros cumpriram a maioria das condições
estabelecidas nos respectivos programas, apesar de alguns atrasos
provocados essencialmente por factores que escapam ao controlo da
Comissão", o TCE refere que, "no entanto, a Comissão estipulou por vezes
prazos irrealistas para reformas de grande amplitude".
"Um elevado nível de cumprimento não significa que todas as condições
importantes tenham sido cumpridas. Além disso constatou-se que os
Estados-membros tendiam a adiar para a fase final da vigência do
programa o cumprimento das condições importantes", sustenta o relatório.
Além disso, o Tribunal aponta que muitas vezes os países sob
programa, incluindo Portugal, recorreram a medidas extraordinárias para
cumprir as metas de défice com que se tinham comprometido, e observa que
"medidas orçamentais temporárias não levam a uma melhoria sustentável
do défice", aliviando apenas a pressão a curto prazo.
O TCE reconhece todavia que as reformas do Pacto de Estabilidade e
Crescimento, em 2011, 2013 e 2014, procuraram dar resposta às
insuficiências do período anterior à crise, introduzindo uma maior
supervisão macroeconómica, e a Comissão, que teve que reagir numa
primeira fase sob pressão a um contexto de crise, ganhou experiência das
suas "novas funções de gestão dos programas".
Ainda assim, o relatório deixa uma série de recomendações,
considerando que "a Comissão deve estabelecer um quadro aplicável a toda
a instituição para permitir uma rápida mobilização dos seus recursos
humanos e conhecimentos especializados caso surja a necessidade de um
programa de assistência financeira".
De acordo com o TCE, "o processo de elaboração de previsões
(económicas) deve ser objecto de controlos de qualidade mais adequados",
a Comissão deve "reforçar a manutenção de registos", “tentar formalizar
a cooperação inter-institucional com os outros parceiros nos programas"
e "deve analisar mais aprofundadamente os principais aspectos do
ajustamento dos países".
O Tribunal recomenda ainda ao executivo comunitário que se centre "nas reformas verdadeiramente importantes".
Numa resposta incluída no relatório, a Comissão Europeia aceitou
algumas das conclusões, embora lembrasse que o documento não terá levado
em conta "o facto de as acções da Comissão não terem sido adoptadas no
vazio e sim enquadradas numa grande complexidade de indicações
institucionais".
Portugal esteve sob programa de assistência financeira entre 2011 e
2014, tendo, entre os cinco países analisados, recebido a maior ajuda
financeira (78 mil milhões de euros).
* CONCLUSÃO:
- A Comissão Europeia, como parceira na Troika não defendeu as legítimas necessidades dos países em dificuldades.
- Como o saque está feito, vem agora o Tribunal de Contas Europeu aconselhar saques mais suaves das próximas vezes, brilhante.
- Mais vergonha temos da subserviência do governo de Passos Coelho e Paulo Portas.
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