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"JORNAL DE NEGÓCIOS"
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Empresa criada por biólogos relança negócio das algas na Ria de Aveiro
Uma empresa criada há dois anos por dois biólogos
está a exportar macroalgas produzidas na Ria de Aveiro e pretende fazer
renascer a sua apanha, outrora feita em barco moliceiro, para as vender a
granel.
Estabelecida em Ílhavo, partilhando as
infra-estruturas com uma unidade de aquacultura que cria robalos e
douradas, a Algaplus dedica-se à produção controlada de macroalgas
marinhas, que têm aplicação variada, desde a indústria alimentar à
cosmética, ou a rações para animais.
"Neste momento o que estamos a vender destina-se ao consumo humano
directo, mas também vendemos para empresas que usam essas algas para
outras áreas, e estamos a evoluir mensalmente e a ganhar mais clientes",
disse à Lusa Rui Pedro Pereira, biólogo e co-fundador da AlgaPlus.
As macroalgas não são propriamente novas em Portugal, mas resultam da
apanha na costa. A novidade está na sua produção controlada em
aquacultura, tecnologia em que a Algaplus é pioneira em Portugal e uma
das poucas a usá-la na Europa.
O mercado português ainda é pequeno, apesar de haver cada vez mais
adeptos da comida vegetariana em que as algas têm larga aplicação, pelo
que a empresa trabalha também para a exportação, nomeadamente para
França, Suíça e Inglaterra.
A ligação à investigação mantém-se e é uma das formas de rendimento
da empresa, como explica Helena Abreu, bióloga e co-fundadora da
Algaplus: "As algas têm propriedades bioactivas que podem ajudar a
melhorar a alimentação de animais, como aditivos nas rações. Essa é uma
das vertentes que temos em investigação para valorizar as algas de
recolha, a que chamamos 'algas low-cost', destinadas a mercados de maior
volume".
O bioplástico é outra aplicação em estudo, estando a AquaPlus a
trabalhar em consórcio num projecto europeu com 12 parceiros de vários
países, cabendo-lhe a responsabilidade de fornecer a biomassa e
trabalhar na optimização da sua composição, através da manipulação do
cultivo.
A localização da empresa, numa das antigas marinhas de sal da Ria de
Aveiro, teve em conta o fato da região possuir grande tradição nas
actividades marítimas, desde a pesca até à recolha do moliço.
"Há toda uma ligação das comunidades a essas actividades. Um dos
nossos objectivos é a revitalização tanto da actividade, como das áreas
em si. Existe muita área abandonada na Ria de Aveiro que, com
adaptações, é propícia ao cultivo de macroalgas. Além da produção em
cultivo, há a possibilidade de haver uma recolha sustentável dos
recursos que existem na Ria, onde há duas espécies de algas, uma
vermelha e outra verde, cujos nomes comuns são o "cabelo de velha" e a
"alface do mar", em que temos estado a desenvolver produtos para lhes
dar valor comercial", explica Helena Abreu.
A bióloga acredita que, revista que seja a regulamentação e com novas
aplicações para essas algas, poderá voltar a haver interesse económico
na apanha de algas na Ria de Aveiro, ainda que já não nos típicos barcos
moliceiros.
"É uma actividade que, inclusive, pode colmatar a sazonalidade das
actividades da pesca e da apanha de bivalves, podendo os pescadores
fazer a recolha de algas noutras épocas do ano", destaca.
Além da actividade de investigação e da venda de algas a granel, a
AlgaPlus vende também directamente ao consumidor vários produtos, sob a
marca "Toque de Mar".
* Precisam-se mais investidores como estes.
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