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HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"
"CORREIO DA MANHÃ"
Independentistas espanhóis
reclamam soberania das Selvagens
O comandante da Capitania do Porto do Funchal afirmou esta
terça-feira que o navio do dispositivo da Marinha na Madeira vai rumar
às Ilhas Selvagens para verificar, no local, os contornos da ação de
protesto de dois independentistas de Canárias.
"A unidade naval atribuída ao comando da Zona Marítima da Madeira já
está a preparar-se para largar e ir para o local, para verificar o que
se está a passar, acautelar alguma segurança que seja necessária,
garantir e perceber o que se está a passar", disse Félix Marques a
propósito da notícia sobre o grupo de militantes da Alternativa
Nacionalista Canária (ANC) que "desembarcou" na segunda-feira nas Ilhas Selvagens.
Estes elementos protagonizaram um protesto simbólico de contestação
às prospeções petrolíferas previstas na zona e de reivindicação de
soberania sobre aquele arquipélago que fica mais próximo do arquipélago
das Canárias. O responsável da autoridade marítima da Madeira adiantou
que o navio-patrulha leva cerca de dez horas a chegar àquelas ilhas e
que, "provavelmente quando chegar, os espanhóis" já terão abandonado a
Selvagem Pequena.
Félix Marques acrescentou que os vigilantes da natureza, que estão ao
serviço do Parque Natural da Madeira, naquele território, "comunicaram a
presença de dois espanhóis das Canárias que terão efetuado uma ação de
protesto, içando a bandeira de Espanha no local". O responsável
salientou que "nada impede, com autorização do Parque Natural, que as
pessoas possam desembarcar e visitar a ilha" mas que neste caso o
desembarque aconteceu na segunda-feira, tendo os espanhóis "fugido ao
controlo" dos vigilantes. Félix Marques acrescentou que se trata de um
grupo de cinco pessoas e que dois "terão permanecido ou não terão
regressado para a embarcação ou terão desembarcado esta noite para esta
ação de protesto".
O porta-voz do ANC explicou esta terça-feira à agência Lusa que a
ação não pretende "abrir qualquer conflito com Portugal" - que tem a
soberania sobre as Selvagens -, mas antes "sensibilizar os portugueses
para o problema das prospeções petrolíferas". Pedro
Gonzalez reiterou que a ANC defende a independência do arquipélago das
Canárias e que, nesse cenário, "se teria que conversar com Portugal",
sugerindo que deve ser aplicada "a lei do mar e traçada uma linha
mediana com a Madeira, o que colocaria as Selvagens em águas das
Canárias", à semelhança do que acontece com Marrocos.
Governo da Madeira acompanha ação dos independentistas
O secretário do Ambiente e Recursos Naturais da Madeira afirmou esta
terça-feira que o governo madeirense está a acompanhar o caso dos dois
independentistas das Canárias que desembarcaram nas Ilhas Selvagens e
que apresentaram uma bandeira daquela região.
"O que se está a passar na Selvagem Pequena, que é uma ilha que
dista 11 milhas da Selvagem Grande e que está a 163 da Madeira, é que
dois indivíduos de nacionalidade espanhola, portadores de uma bandeira
de Canárias, disseram que pretendiam falar com as autoridades
portuguesas", declarou Manuel António Correia.
O secretário
regional mencionou que o Parque Natural da Madeira, que funciona na
dependência deste departamento do executivo madeirense, tem no momento
duas pessoas (vigilantes da natureza) na Selvagem Pequena, território
onde os independentistas desembarcaram, e outros três funcionários na
Selvagem Grande, num total de cinco elementos. "Na sequência destes
factos, o Governo Regional está a acompanhar a situação, não só na
perspetiva da gestão do espaço, mas também da integridade pessoal dos
funcionários presentes na Selvagem Pequena", afirmou o governante.
As Ilhas Selvagens estão mais próximas do arquipélago das Canárias do
que do da Madeira (165 quilómetros a norte das Canárias e a 250
quilómetros a sul da cidade do Funchal) e este território tem estado no
centro de algumas polémicas. Vários Presidentes da República já se
deslocaram a este sub-arquipélago da Madeira numa ação simbólica de
demonstração da soberania portuguesa sobre este território.
* O QUE FICA PARA A HISTÓRIA:
- As forças armadas portuguesas demoram 10 horas para ripostar a uma ocupação ilícita de uma parcela do território mesmo que ela seja efectuada por duas pessoas. Louve-se o ministro Aguiar.
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