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Saúde
Um quarto das meninas
com quatro anos tem peso a mais
Já se sabia que os dados da obesidade infantil em Portugal eram altos,
mas uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto encontrou pelo menos 17% de meninos e 26% de
meninas, com quatro anos, com excesso de peso e obesidade. Estes também
já tinham associados níveis de colesterol e pressão arterial mais altos.
Um estudo da Childhood Obesity Surveillance Initiative, em 2008,
apontava para 32,2% de crianças portuguesas, dos seis aos oito anos, com
excesso de peso, o que incluía a obesidade. O que agora este estudo
revela é que o problema é detectável "muito mais cedo", nota a
coordenadora executiva do projecto Geração XXI, Ana Cristina Santos.
Avaliada
uma amostra de cerca de 8500 crianças, nascidas entre Abril de 2005 e
Agosto de 2006, no Porto, constata-se que a prevalência de excesso de
peso e obesidade aos quatro anos era muito alta, mas variava caso se
usasse critérios da International Obesity Task Force (IOTF) ou do
norte-americano Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Usando
a metodologia do IOTF, na alçada da Associação Internacional para o
Estudo da Obesidade, no Reino Unido, o cenário é, apesar de tudo, mais
optimista: há 10,8% de meninos de quatro anos com excesso de peso, a par
de 17,6% de meninas; neles a obesidade é calculada em 6%, nelas em
8,6%. Mas, se forem utilizados os critérios do CDC, o cenário é pior: há
13,9% de meninos com excesso de peso e 11,9% de obesos; nas meninas,
estes valores atingem os 18,5% e 15,6%, respectivamente.
Contas
feitas, mesmo no cenário mais optimista, um total de 16,8% dos rapazes
tem peso a mais - somando excesso de peso e obesidade -, algo que
acontece com mais de um quarto (26,2%) das raparigas. No retrato mais
pessimista, serão 25,8% de meninos e 34,1% de meninas com peso a mais.
A
equipa de investigadores fez um outro achado: na população que já tem
peso excessivo em idades tão precoces, também foi possível encontrar
níveis mais altos de colesterol alto e de pressão arterial, dois
factores de risco cardiovascular. "A diabetes 2 também era uma doença de
velho", alerta a investigadora.
Note-se que no novo Programa
Nacional de Saúde Infantil e Juvenil, da Direcção-Geral da Saúde, se
refere que "a hipertensão arterial na idade pediátrica é um problema que
está a adquirir uma dimensão crescente devido, em grande parte, à
modificação dos estilos de vida e ao aumento da prevalência da
obesidade". Recomenda-se, assim, que a tensão arterial seja avaliada nas
consultas de vigilância a todas as crianças a partir dos três anos de
idade.
Epidemia da obesidade
Na segunda fase deste
projecto, que pretende seguir as crianças até à idade adulta, o
objectivo é tentar relacionar as características encontradas nos mais
pequenos com as das suas mães. Embora estes dados tenham começado a ser
tratados, é possível concluir que "a obesidade aos quatro anos estava
associada a características maternas e da gravidez, como o índice de
massa corporal antes da gravidez". "Acreditamos que haja um efeito
intergeracional na obesidade", diz a investigadora.
Ana Cristina
Santos afirma que estes dados devem reforçar os sinais de alerta em
torno da chamada "epidemia da obesidade". A avaliar pelo estudo, nesta
geração haverá mais adultos com peso a mais do que agora, o que a
investigadora considera "preocupante", uma vez que, na população adulta
portuguesa, o excesso de peso e a obesidade já estão estimados em metade
da população. Ao que acresce a probabilidade de virem a ser adultos com
hipertensão, colesterol e glicose elevados, todos factores de risco que
aumentam a probabilidade de desenvolverem doenças cardiovasculares.
Em
Portugal, este tipo de problema "não estava descrito numa população tão
nova, é algo que esperaríamos que acontecesse mais tarde", avalia a
investigadora, sublinhando que "a prevenção tem mesmo de ser prevenção" e
notando que as estratégias a desenvolver "têm de abranger as grávidas,
idealmente antes da concepção". "O peso das mães antes e durante a
gravidez é determinante no peso que os filhos terão aos quatro anos",
conclui.
* Como se actur contra este desleixo parental???
.
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