ESTA SEMANA NO
"SOL"
Interior.
Quase metade das medidas de incentivo
já estão em curso
Governo aprova conjunto de 164 medidas de atração para o interior do país para combater a desertificação de 167 concelhos e de 23 freguesias do Algarve.
O governo aprovou um pacote de 164 medidas para criar
incentivos e atrair pessoas e investimento para as zonas do interior do
país com altas taxas de desertificação.
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Mas olhando para o pacote, quase metade (74 das 164 medidas) já estão
em curso e algumas vão na mesma linha de medidas anunciadas pelo
anterior governo.
É o caso do programa de incentivos salariais para atrair médicos para
o interior do país, dos incentivos para os desempregados que aceitem
trabalhar a mais 50 quilómetros de casa, do reforço da aposta nos cursos
técnicos superiores profissionais (TeSP) que funcionam em exclusivo nos
politécnicos, ou do programa “+ Superior”, que atribui bolsas para
atrair estudantes para instituições de ensino superior. Outras já tinham
sido anunciadas, como é o caso da reativação de 20 tribunais.
Entre as novas medidas aprovadas ontem em Conselho de Ministros, que
vão ser aplicadas em 167 concelhos e em 23 freguesias do Algarve,
destaca-se um programa Erasmus no interior ou a criação de bolsas de
arrendamento com incentivos para a reabilitação urbana. O governo quer
ainda “evitar” as turmas compostas por alunos de anos de escolaridade
diferentes no 1.o ciclo, as chamadas turmas mistas, ou lançar o programa
“Semente”, através do qual é atribuído um incentivo adicional para quem
quiser investir numa startup numa localidade do interior do país (ver
caixas ao lado).
Com este programa, o governo quer ainda aproveitar para estreitar
ligações entre as regiões fronteiriças de Portugal e Espanha, de forma a
conseguir uma “aproximação aos mercados europeus e chegar a seis
milhões de habitantes que estão a uma distância de cerca de 100 km” de
Portugal.
As restantes medidas que ainda não estão em curso têm um calendário
para 2017 e contam com verbas previstas no orçamento de cada tutela.
O conjunto de medidas surge num contexto em que Portugal ocupa o 5.o
valor mais elevado do índice de envelhecimento entre os países da União
Europeia. Segundo o INE, em 2014, por cada 100 jovens havia em Portugal
138 idosos.
Por isso, o governo entende que o combate à desertificação do
interior é uma questão de “desígnio nacional” e uma “prioridade de ação
política para reduzir o custo do abandono do interior”, frisa Eduardo
Cabrita.
Esta é também, acrescenta a ministra da Presidência e da Modernização
Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, a “primeira vez que um
governo define uma estratégia nacional para o desenvolvimento do
interior e para promover a coesão territorial”.
Com este pacote de medidas que tocam diversas áreas, desde a
agricultura ao turismo, passando pela segurança interna, justiça,
educação e saúde, o governo acredita que será criado um quadro fiscal
mais favorável e serão reabertos vários serviços públicos. Para tomar
essa decisão, haverá “diálogo com as entidades locais para detetar as
necessidades” de cada localidade.
.
Mas fora da equação está, garante o ministro Adjunto, Eduardo
Cabrita, a reabertura de escolas que foram encerradas pelos anteriores
governos. “Não está em causa a reabertura de escolas porque muitas delas
foram encerradas pelas boas razões”, frisa Eduardo Cabrita. Na área da
educação, a aposta do governo passa, sim, pelo reforço da qualificação
de adultos e do ensino profissional e pela adaptação do currículo das
disciplinas ao contexto de cada localidade.
O conjunto de medidas para o combate à desertificação do interior
tinha sido anunciado em abril, quando o governo cumpriu os 100 dias de
mandato. “Foi possível, em seis meses, definir um programa profundo que
olha para o futuro e recusa a visão fatalista do interior”, sublinha o
ministro Adjunto.
A execução das 164 medidas será, explica Eduardo Cabrita,
“acompanhada a par e passo”, e a cada seis meses o Conselho de Ministros
“fará uma avaliação da forma de execução do plano e do eventual
desenvolvimento de novas medidas ou do aperfeiçoamento das que constam
da versão inicial”.
* A ver vamos como diz o cego.
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