HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Sanções:
A multa é certa e não deverá ser zero
Já não há dúvidas de que haverá multas, as
apostas agora são sobre o seu valor. O máximo está afastado, mas também
sobem as pressões para que não seja de zero.
A
saga das sanções promete manter-se viva até, pelo menos, às vésperas do
Orçamento do Estado para 2017 e deverá ter novos episódios emocionantes
já na próxima semana. Na quarta-feira, os comissários europeus voltam a
reunir-se sob a presidência de Jean-Claude Juncker para decidir o valor
da multa a aplicar a Portugal e Espanha.
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Nesta fase, já não há dúvidas de que haverá lugar a multa. Tudo
indica que seja simbólica, mas falta saber o grau do simbolismo. E
segundo informações recolhidas pelo Negócios e também outros jornais,
começa a perder força um cenário de multa zero.
Fonte próxima do Governo admitiu ao Negócios que espera uma multa simbólica de alguns milhões de euros. Já o Público e o Expresso citam
fonte comunitária que apenas exclui o cenário da multa máxima – 0,2% do
PIB, ou seja 370 milhões de euros -, mantendo as outras hipóteses em
aberto.
A questão, segundo estes dois jornais, é que a pressão para que a
multa não seja de zero euros é bastante grande por parte de alguns
comissários, em particular, especifica o Expresso, os comissários
alemão, finlandês e a comissária sueca.
Para estes responsáveis, é imprescindível que a Comissão dê um sinal
forte de que as regras são para cumprir. Por outro lado, o argumento do
governo português de que as sanções não seriam compreendidas em Portugal
e aumentariam os sentimentos anti-europeus da população não colhem
junto da Comissão.
Segundo apurou o Negócios, Bruxelas mostra-se
muito mais preocupada com a pulsão eurocéptica manifestada nos países
do centro e norte da Europa, onde o crescimento de partidos de
extrema-direita causa crescente preocupação.
Além do valor da multa a aplicar a Portugal e Espanha, os comissários
deverão definir, também na próxima quarta-feira, a trajectória
orçamental que estes países devem seguir. No fundo, trata-se de definir
as metas que os países devem atingir, tanto ao nível do défice
orçamental, como o défice estrutural. Em Maio, altura em que foram
feitas as recomendações actualmente em vigor, a Comissão Europeia
recomendou – sem que o Conselho Europeu o tenha validado até ao momento –
que Portugal atingisse um défice orçamental de 2,3% do PIB este ano,
acompanhado de uma redução do défice estrutural (que ignora os efeitos
da conjuntura económica) de 0,25% do PIB. Este ajustamento subia para
0,6% em 2017.
Na carta enviada a Bruxelas, onde faz a
argumentação contra as sanções, o Governo reafirma o objectivo de
alcançar um défice nominal de 2,2% do PIB, que pode chegar aos 2,3% caso
a economia cresça apenas 1,4%. Quanto ao saldo estrutural, o Ministério
das Finanças aponta para uma correcção de 0,4%, já contando com a
flexibilidade prevista nos tratados, que permite que seja ignorada a
despesa associada a reformas estruturais devidamente validadas por
Bruxelas.
Suspensão de fundos chutada para Setembro
A multa é apenas a primeira parte das sanções. A segunda parte
chama-se suspensão de fundos estruturais e deverá ser decidida, na
melhor das hipóteses, em Setembro. Isto porque o Parlamento
Europeu pediu à Comissão Europeia para intervir neste processo, algo que
está previsto nos regulamentos.
"Acabámos de saber esta manhã que o Parlamento Europeu solicitou um
diálogo estruturado sobre esta questão, pelo que provavelmente vamos
lidar apenas depois das férias de Verão com esta questão da suspensão
parcial de fundos estruturais e de investimento europeus", afirmou o vice-presidente Maros Sefcovic, na quarta-feira passada.
* Terrorismo financeiro, apenas.
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