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"JORNAL DE NOTÍCIAS"
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Mãe de aluno morto após praxe
julgada por identificar suspeitos
A mãe de
um aluno morto numa praxe da tuna da Universidade Lusíada de Famalicão
começou esta segunda-feira a ser julgada por nomear, em órgãos de
comunicação, os suspeitos da morte do filho.
"O
meu objetivo não era difamar ninguém, nem ofender a honra fosse de quem
fosse, falei naqueles nomes porque eram os que constavam do
processo-crime [que foi arquivado] e o que pretendia ao dar as
entrevistas era não deixar cair o assunto no esquecimento e saber quem
matou o meu filho", explicou à magistrada do Tribunal da Maia, no
distrito do Porto.
A
arguida, de 62 anos, está acusada de quatro crimes de difamação, tendo o
assistente - que foi arguido no processo-crime do homicídio do filho -
pedido uma indemnização de 120 mil euros por, numa das entrevistas, o
apelidar de "assassino".
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Em 2001, o
filho da arguida, aluno da Universidade Lusíada de Famalicão, morreu na
sequência de uma praxe, tendo o tribunal considerado provado, apenas em
2009, que a causa da morte foi uma pancada na nuca com uma revista e
condenado a universidade a pagar à mãe uma indemnização de 90 mil euros.
Contudo, os culpados diretos nunca foram encontrados e o processo-crime foi arquivado por falta de provas em 2004.
A
arguida explicou que deu as entrevistas em 2014, na sequência da
Tragédia do Meco (onde faleceram seis estudantes alegadamente vítimas de
praxes violentas) e a pedido dos diferentes órgãos de comunicação com o
objetivo de não "deixar cair no esquecimento" a história do filho.
"Tive
acesso ao processo-crime onde constavam os nomes de dois tunos [membros
da tuna] como suspeitos da morte do meu filho, por isso, o que disse
foi com base no que li", explicou.
Além
disto, a arguida acrescentou que, mais do que uma vez, deixaram o filho
nu e seminu longe de casa, tendo confidenciado à irmã que era "muito
humilhado".
Na noite do crime, a
arguida explicou que o filho estava a jantar quando recebeu uma chamada
telefónica e, antes de sair de casa, disse ao pai que "ia só resolver" a
vida dele na tuna, voltando já.
O
assistente no processo, tuno de 39 anos, explicou que decidiu avançar
com uma queixa por estar "saturado" de o seu nome ser "sistematicamente"
falado na comunicação social sempre que acontecem episódios trágicos
nas praxes académicas.
"Nos dias da
primeira reportagem, em 2004, onde eu testemunhei, estive semanas e
meses sem sair de casa por era apontado na rua", frisou.
Acrescentando
ter tido "problemas académicos, pessoais e profissionais" por a arguido
o ter chamado de "assassino", em entrevistas em 2014.
"Sou acusado de coisas que não fiz, agora até uso barba e cabelo mais curto para não ser reconhecido", vincou.
Confirmando
a existência de praxes, nomeadamente a realização de flexões, o tuno
ressalvou que ele também havia passado por isso enquanto caloiro.
A
advogada de defesa, Sónia Carneiro, salientou que a mulher, como mãe,
continua à procura da verdade e da justiça, não sendo a sua intenção de
lesar a honra das pessoas em concreto, mas descobrir os culpados pela
morte do filho.
Já o advogado do tuno,
Eduardo Magalhães, ressalvou que a vida dele tem sido um "inferno"
porque tem sido perseguido por algo que nunca fez.
* Estamos confrangidos de pena do tuno, que vai receber alvíssaras sacadas a uma mãe angustiada. Se o aluno falecido fosse nosso filho não haveria tuno com gorjas, fiéis às boas práticas da Justiça
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