Portugal debochado
2016 está a ser pródigo em eventos que, de uma
certa maneira, podem induzir-nos à perceção de que vivemos num país onde
reina um certo deboche. Porque das duas uma: ou estamos reféns da falta
de pudor ou da incompetência e da impreparação da generalidade daqueles
que nos representam e ocupam as diversas hierarquias do poder.
A decisão do Tribunal Constitucional sobre as pensões
vitalícias é das decisões mais absurdas e impercetíveis que aquele
tribunal político alguma vez proferiu. Não só é vergonhoso o direito a
uma subvenção vitalícia de um servidor público como é igualmente obsceno
que as regras de uma pensão para os titulares de cargos políticos -
cerca de 340, neste caso - não sejam as mesmas para o cidadão comum.
O parlamento, em concreto a esquerda patriótica e defensora da moral
pública, chumbou a possibilidade de uma auditoria independente e externa
ao Banif com o argumento de que tal monstruosidade consistia num
desrespeito pelo trabalho do parlamento. Como se alguma vez fosse sinal
de descrédito munir os deputados de informação técnica e credível para
as avaliações políticas que fazem. Isto é, como em tudo na vida, quem
teme, deve!
Por Lisboa, a balbúrdia continua e não está para abrandar. O
executivo submeteu à Assembleia, de acordo com a lei, uma proposta para a
manutenção do abono de despesas de representação ao seu quadro
dirigente. O problema é que não o fazia desde 2013 e andou a pagá-lo
ilegalmente durante três anos.
O draft orçamental de Centeno prevê 1200 milhões de despesa em
devoluções, 3% de queda no IRS, 5,5% de queda no IRC, 0,9% de queda do
PIB, aumento do imposto de selo no crédito ao consumo, aumento dos
combustíveis e escalões do IRS sem mexer. Não é isto tudo um deboche?
IN "i"
25/01/16
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