74.O MELHOR
DA ARTE
07.GRANDES PINTORES
PORTUGUESES
ALMADA
NEGREIROS
NA PRIMEIRA PESSOA/2
Fonte: RTP
José
Sobral de Almada Negreiros GOSE (Trindade, São Tomé e Príncipe, 7 de
Abril de 1893 — Lisboa, 15 de Junho de 1970) foi um artista
multidisciplinar português que se dedicou fundamentalmente às artes
plásticas (desenho, pintura, etc.) e à escrita (romance, poesia, ensaio,
dramaturgia), ocupando uma posição central na primeira geração de
modernistas portugueses .
Almada
Negreiros é uma figura ímpar no panorama artístico português do século
XX. Essencialmente autodidata (não frequentou qualquer escola de ensino
artístico), a sua precocidade levou-o a dedicar-se desde muito jovem ao
desenho de humor. Mas a notoriedade que adquiriu no início de carreira
prende-se acima de tudo com a escrita, interventiva ou literária.
Almada
teve um papel particularmente ativo na primeira vanguarda modernista,
com importante contribuição para a dinâmica do grupo ligado à Revista
Orpheu, sendo a sua ação determinante para que essa publicação não se
restringisse à área das letras. Aguerrido, polémico, assumiu um papel
central na dinâmica do futurismo em Portugal: "Se à introversão de
Fernando Pessoa se deve o heroísmo da realização solitária da grande
obra que hoje se reconhece, ao ativismo de Almada deve-se a vibração
espetacular do «futurismo» português e doutras oportunas intervenções
públicas, em que era preciso dar a cara" .
Mas a intervenção pública de Almada e a sua obra não marcaram apenas o
primeiro quartel do século XX. Ao contrário de companheiros próximos
como Amadeo de Souza-Cardoso e Santa-Rita, ambos mortos em 1918, a sua
ação prolongou-se ao longo de várias décadas, sobrepondo-se à da segunda
e terceira geração de modernistas.
A
contundência das suas intervenções iniciais iria depois abrandar,
cedendo o lugar a uma atitude mais lírica e construtiva que abriu
caminho para a sua obra plástica e literária da maturidade. Eduardo
Lourenço escreve: "Estranho arco de vida e arte o que une Almada
«Futurista e tudo», Narciso do Egipto da provocante juventude, ao mago
hermético certo de ter encontrado nos anos 40, «a chave» de si e do
mundo no «número imanente do universo»" .
Almada
é também um caso particular no modo como se posicionou em termos de
carreira artística. Esteve em Paris, como quase todos os candidatos a
artista então faziam, mas fê-lo desfasado dos companheiros de geração e
por um período curto, sem verdadeiramente se entrosar com o meio
artístico parisiense. E se Paris foi para ele pouco mais do que um ponto
de passagem, a sua segunda permanência no estrangeiro revelou-se ainda
mais atípica. Residiu em Madrid durante vários anos e o seu regresso
ficou associado à decisão de se centrar definitiva e exclusivamente em
Portugal.
Ao
longo da vida empenhou-se numa enorme diversidade de áreas e meios de
expressão – desenho e pintura, ensaio, romance, poesia, dramaturgia… até
o bailado –, que Fernando de Azevedo classifica de "fulgurante
dispersão"5 . Sem se fixar num domínio único e preciso, o que emerge é
sobretudo a imagem do artista total, inclassificável, onde o todo supera
a soma das partes. Também neste aspeto Almada se diferencia dos seus
pares mais notáveis, Amadeo de Souza-Cardoso e Fernando Pessoa, cuja
concentração num território único, exclusivo, foi condição necessária à
realização das obras máximas que nos deixaram como legado.
Personalidade
incontornável, a inserção de Almada Negreiros na vida e na cultura
nacionais é extremamente complexa; segundo José Augusto França, dele
fica sobretudo a imagem de "português sem mestre" e, também,
tragicamente, "sem discípulos".
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"WIKIPÉDIA ".
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