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Alunos começam logo a
chumbar no 1º ciclo
O presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) mostrou-se preocupado
com o facto de Portugal ter os piores indicadores de reprovação escolar
da Europa e com os 'chumbos' que se iniciam logo no 1.º ciclo.
O presidente do CNE, David Justino, defende no texto
introdutório do relatório Estada da Educação 2013, hoje divulgado por
este órgão consultivo do Ministério da Educação e Ciência (MEC), que é
grave que "os trajectos de insucesso se iniciam cada vez mais cedo, logo
a partir do 1º ciclo, e que na sua maioria se saldam em mais do que uma
retenção ao longo do percurso escolar".
Apesar de os dados do relatório demonstram que Portugal estava melhor
em 2012-2013 no que diz respeito às taxas de retenção e abandono no
ensino básico, do que estava em 2001-2002, com o 1.º ciclo, por exemplo,
a reduzir os 'chumbos' e abandonos dos 8,5% para os 4,9%, há uma
inversão de tendência que levanta preocupações aos conselheiros do CNE.
"A melhoria verificada nos onze anos atrás referidos não corresponde a
um percurso consolidado pois, a partir de 2011, a tendência de
diminuição das taxas de retenção inverte-se em todos os ciclos do ensino
básico", refere-se no relatório.
Justino sublinha, no entanto, que não defende "a eliminação
administrativa da retenção ou que se facilitem as transições com vista a
cumprir metas estatísticas", mas sim a promoção de "culturas de
sucesso", que mobilizem a sociedade, as escolas e as famílias com o
objectivo de formar gerações "melhor escolarizadas".
O também ex-ministro da Educação defende no texto introdutório que há
em Portugal uma "cultura de retenção" que a sociedade aceita "como uma
inevitabilidade", apesar do "efeito nefasto sobre os trajectos
escolares".
David Justino considera que o número elevado de retenções em Portugal
constitui um indicador de ineficiência educativa socialmente
legitimado.
"Não se trata de uma responsabilidade exclusiva de quem reprova, mas
da forma como resignadamente se aceita na sociedade a 'inevitabilidade'
de uma parte significativa dos alunos ter de passar pela experiência de
pelo menos um ano de retenção. O problema, sendo antigo e tendo
conhecido um assinalável decréscimo ao longo dos últimos vinte anos,
continua ainda a ter um efeito nefasto sobre os trajectos escolares e
sobre a missão fundamental da escola", afirma David Justino.
O CNE refere também que as reprovações são muitas vezes a solução
usada pelas escolas para evitar comprometer bons resultados médios nos
exames nacionais, evitando que os alunos com resultados mais fracos
prestem provas de final de ciclo e contribuam para baixar as médias.
* Em Portugal a cultura de educar é reduzida, os resultados contabilísticos do sucesso são o verdadeiro negócio, que se chumbem alunos apenas para não comprometerem o ranking do estabelecimento.
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