ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
Trabalha horas a mais?
Homens a sério vão dormir
Os dois compromissos que ocupam mais tempo à maioria dos adultos do planeta — sono e trabalho — são frequentemente difíceis de conciliar. A proliferação de horários de trabalho fora do padrão habitual e, para muitos, a inexistência total de horários, tornaram menos comum o padrão tradicional horas de expediente/dias úteis.
Cerca de um em cada cinco americanos funciona agora de acordo com um
horário diferente do convencional. Entretanto, cerca de metade dos
trabalhadores do turno da noite dormem seis horas ou menos por dia.
Outras exigências não convencionais, como o múltiplo emprego ou o
trabalho independente, também contribuíram para a privação de sono que
afeta grande parte da força de trabalho.
Se somarmos tudo, verificamos que cerca de 30% dos trabalhadores americanos sobrevivem com menos de seis horas de sono por dia - existem no lado “grogue” da divisória do sono, a uma distância doentia e desconfortável da maioria relativamente bem descansada dos trabalhadores. Sono perdido diminui a capacidade de tomada de decisão e a produtividade, contribuindo também para efeitos adversos e dispendiosos na saúde, incluindo um risco elevado de doenças cardiovasculares e gastro-intestinais.
Se somarmos tudo, verificamos que cerca de 30% dos trabalhadores americanos sobrevivem com menos de seis horas de sono por dia - existem no lado “grogue” da divisória do sono, a uma distância doentia e desconfortável da maioria relativamente bem descansada dos trabalhadores. Sono perdido diminui a capacidade de tomada de decisão e a produtividade, contribuindo também para efeitos adversos e dispendiosos na saúde, incluindo um risco elevado de doenças cardiovasculares e gastro-intestinais.
Infelizmente,
uma tradição cultural americana profundamente enraizada desdenha o sono
como uma perda de tempo. Pelo menos desde que, há um século, o fundador
da General Electric, Thomas Edison, declarou o sono “um absurdo, um mau
hábito”, muitos líderes empresariais de sucesso têm vindo a promover
uma espécie de culto do excesso de horas acordado, frequentemente
amplificado pela atenção considerável que a comunicação social dá ao seu
comportamento e aos seus comentários.
Desde os dínamos de Wall
Street, que supervisionam e comandam os mercados financeiros globais a
todas as horas do dia e da noite, até aos treinadores da Liga Nacional
de Futebol Americano, que vivem a época toda nos seus escritórios, um
imenso contingente de profissionais disciplinados e com posições de
autoridade continuam a perpetuar padrões pouco saudáveis, forçando-se a
eles e aos seus subalternos a transformar o trabalho numa maratona sem
descanso.
A mensagem principal, por vezes implícita, mas também
com frequência alardeada, é a de que dormir pouco representa uma forma
de força máscula, atribuindo aos que descansam moderadamente uma
debilidade efeminada, destinada a torná-los falhados num mercado de
competição feroz. Como exprimiu um executivo há pouco tempo “Dormir é
para meninas”. Os sócios mais antigos de um poderoso escritório de
advogados perguntam aos jovens empenhados que se preparam para um caso
importante se preferem dormir ou ganhar.
Esta atitude perigosa tem
provocado cada vez mais críticas. Edward Helmore, um jornalista, captou
a mudança de opiniões na alvorada do novo milénio, apelidando Donald
Trump (talvez demasiado apressadamente) de “último cheerleader da falta
de sono” e apresentando como modelo substituto Albert Einstein, que
dormia dez horas por dia. Uma abundância de descobertas científicas,
muitas resultado de pesquisas patrocinadas pelo exército e pela NASA,
levou muitos executivos a abandonarem a cruzada para diminuir as horas
de sono além do razoável. Algumas figuras proeminentes, como Jeff Bezos,
da Amazon, são claramente a favor de uma alternativa moderada. Além
disso, as fileiras crescentes de proponentes do equilíbrio trabalho-vida
pessoal associaram os defensores do heroísmo das poucas horas de sono a
padrões antiquados que ignoram tarefas domésticas muito consumidoras de
tempo.
O resultado animador é que existe um apreço crescente pelo
valor de políticas e práticas promotoras do sono no seio da comunidade
empresarial. Arianna Huffington é um modelo neste aspeto. Além de
aumentar a visibilidade dos problemas que derivam da privação crónica de
sono e de dar forma ao discurso público acerca da questão, instituiu
reformas práticas na sua própria empresa. As modernas salas de sesta nos
escritórios de Nova Iorque do Huffington Post permitem aos empregados
um descanso que melhora a produtividade. Outras empresas grandes
permitem e incentivam as sestas nas suas instalações, incluindo a Nike, a
Google e a Time Warner.
Outros esforços habituais de promoção da
saúde no local de trabalho prometem pagar dividendos a um sono saudável,
ao mesmo tempo que cortam nas despesas de saúde. A apneia obstrutiva do
sono atingiu proporções epidémicas, fazendo incontáveis homens e
mulheres chegarem ao trabalho cansados ou não totalmente descansados. A
obesidade encontra-se no topo da lista de fatores de risco para esta
desordem do sono. Gestores de recursos humanos e outros decisores
empresariais têm aproveitado numerosas oportunidades para promoverem a
perda de peso dos empregados. A disponibilização de ginásios nas
instalações ou de subsídios para frequentarem centros de fitness fora do
trabalho já são comuns em muitas empresas. Muitas das máquinas de venda
instaladas em locais de trabalho disponibilizam agora produtos mais
saudáveis que antes. Um melhor reconhecimento da ligação entre excesso
de peso e perturbações do sono pode ajudar a difundir ainda mais estas
iniciativas de promoção da saúde.
Existe outra mudança importante, contudo, que mais empresas deviam estar a realizar e que dependem sobretudo de decisões próprias. Reorganizar os horários de trabalho quase sempre é uma decisão da gestão. Alguns empregadores esclarecidos deixaram de recorrer aos horários mais anti-naturais do ponto de vista psicológico, como a rotação rápida de turnos. Outros permitiram variedades de horas de trabalho flexíveis, o que dá ao empregado uma considerável disponibilidade de tempo para dormir. Possibilidades mais radicais poderão expandir-se para reavaliar os verdadeiros custos do trabalho noturno e de outros horários menos convencionais.
Que as
empresas limitem ou eliminem totalmente horários de trabalho
perturbadores do sono é uma atitude improvável – vai certamente contra a
corrente no nosso mundo nonstop, 24 horas por dia, sete dias por
semana. Mas essas medidas serão uma ajuda significativa para reduzir as
diferenças quanto à possibilidade de descanso dos trabalhadores
americanos.
* O sono também dá felicidade.
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