HOJE NO
"PÚBLICO"
ARS de Lisboa e Vale do Tejo
paga 400 mil euros a consultora
para fazer inventário
As outras quatro administrações regionais de saúde do país estão a
elaborar inventários dos bens imóveis e móveis com os seus próprios
meios. Presidente da ARS de Lisboa explica que contrato com consultora
foi feito em 2011.
A Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo
pagou mais de 400 mil euros a uma empresa de consultoria pela elaboração
do inventário dos bens móveis e imóveis da instituição. As outras
quatro ARS do país (Norte, Centro, Alentejo e Algarve) estão também a
fazer os respectivos inventários mas com os seus próprios meios e
recursos humanos.
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A contratação de uma
consultora para a realização do inventário na ARS de Lisboa e Vale do
Tejo foi questionada pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda (BE),
que interpelou o Governo. O líder do BE, João Semedo, diz não entender
por que motivo é que a ARS de Lisboa e Vale do Tejo vai gastar um
montante tão elevado numa altura em que” não há dinheiro para comprar
pensos e seringas”. As outras ARS decidiram de outra forma, fazendo o
inventário pelos seus próprios meios, realça João Semedo.
O BE
quis também esclarecer “a dúvida” que entendia persistir sobre a
eventualidade da realização deste inventário ter como objectivo a
criação de “condições para a privatização de centros de saúde da ARS de
Lisboa e Vale do Tejo, a partir da determinação do seu valor
patrimonial”.
“O objectivo desta acção não é privatizar, como
sugere o BE, mas obter informação credível que sustente a decisão de
reorganizar ou de desenvolver outras reformas que se considerem
adequadas”, garante o chefe de gabinete do ministro da Saúde, na sua
resposta ao BE. “A grande dimensão e dispersão territorial das unidades
pertencentes à ARSLVT, bem como as várias reorganizações internas e
fusões realizadas ao longo dos anos sem a existência de um inventário
valorizado dos bens móveis e imóveis, implicou, por exemplo, que desde
1994 conste, no balanço, um valor patrimonial negativo superior a 5
milhões de euros, montante absolutamente irreal face à referida dimensão
desta administração regional”, acrescenta o mesmo responsável.
Quanto
às outras ARS do país, o gabinete do ministro Paulo Macedo admite que
estão a tratar do assunto com os respectivos funcionários e recursos
internos: a ARS do Norte está a proceder ao inventário “pelos seus
próprios meios, visando a migração dos dados para uma plataforma
informática”, na do Centro “não há qualquer procedimento para
contratação externa”, enquanto a do Alentejo tem, ao longo dos últimos
anos, vindo a efectuar a inventariação, regularização registral e
matricial dos imóveis que são objecto de avaliação pela administração
tributária”, refere o chefe de gabinete. Também a ARS do Algarve optou
por encarregar desta tarefa “uma equipa interna de funcionários”.
Orçado
em 338.750 euros mais IVA, o inventário foi adjudicado à SGG - Serviços
Gerais de Gestão, SA, uma empresa associada da Deloitte, em 2011, antes
de o novo conselho directivo ter tomado posse, explica o actual
presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Cunha Ribeiro, para
quem o valor do contrato não é assim tão elevado, tendo em conta a
“complexidade” do trabalho.
No total, estima-se, é necessário
inventariar e cadastrar 250 mil bens móveis e 133 imóveis. É preciso
registar desde prédios a mesas e cadeiras, tesouras, material cirúrgico,
“tudo até ao mais ínfimo pormenor”, explica Cunha Ribeiro, sublinhando
que havia imóveis que “ninguém sabia onde estavam”. Quanto às suspeitas
sobre uma eventual privatização, garante que são “absurdas”: “Não
queremos privatizar nada”.
A obrigação da realização dos
inventários foi determinada pela Inspecção-Geral das Actividades em
Saúde há já algum tempo e foi o anterior conselho directivo da ARS de
Lisboa e Vale do Tejo que decidiu lançar um concurso público limitado
por prévia qualificação para este efeito, em 2010. A prestação do
serviço foi adjudicada em Setembro de 2011 à consultora SGG, esclarece o
actual presidente desta entidade, adiantando que o inventário está em
curso, devendo em breve ser concluído. Cunha Ribeiro, que chegou em 2012
à ARS, diz que se limitou a “dar o empurrão” a um trabalho já
adjudicado e que, se não o fizesse, seria necessário indemnizar a
consultora.
Estudo da reforma hospitalar a cargo de outra empresa
O
Bloco de Esquerda (BE) já tinha questionado este ano a contratação de
uma outra consultora, a Antares, para a realização de um estudo sobre a
reforma da rede hospitalar na Administração Regional de Saúde (ARS) de
Lisboa e Vale do Tejo, pelo valor de "90 mil euros”.
“Não é um
estudo avulso, é preciso fazer um levantamento por hospital, por
população, por movimento hospitalar, por internamentos”, entre outras
coisas, explica o presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Cunha
Ribeiro. “Não vamos fechar camas sem percebermos se o devemos ou não
fazer. Não vamos fazer nada sem um estudo exaustivo”, garante Cunha
Ribeiro, que alega que a ARS não tem forma de desenvolver, com os
recursos internos, este tipo de trabalho.
* Admitimos que a ARS não tenha recursos internos para executar este trabalho, mas o ministério da saúde não tem, estão todos muito ocupados???
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