HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Tensão aumenta entre Japão e China
após visita de Abe a santuário
China e Coreia do Sul condenaram a visita do
primeiro-ministro japonês a um santuário que está muito associado à
Segunda Guerra Mundial. Esta visita “fere os laços entre a Coreia do Sul
e o Japão” e traz “fortes preocupações entre os vizinhos asiáticos e a
comunidade internacional sobre os desenvolvimentos futuros do Japão”.
Estas são algumas conclusões dos dois países vizinhos.
O primeiro-ministro japonês visitou o
santuário de Yasukuni, onde estão inscritos 2,4 milhões de nomes
soldados japoneses e das colónias, entre os quais 14 militares
considerados culpados por crimes de guerra durante a II Grande Guerra,
em que o Japão foi derrotado. Este é um local que tem merecido muita
contestação sempre que é visitado por uma figura de Estado japonês. Isto
porque está associado a um período da história do Japão de supremacia
militar.
Há mesmo quem defenda, de acordo com o “Washington Post”, que depois
de um ano focado em questões económicas, Shinzo Abe vai começar a
desempenhar um papel com uma base mais conservadora. Esta visão é de um
grupo que acredita que o Japão foi injustamente denegrido pelo seu
passado militar.
O porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang,
“condenou seriamente” o acto do líder do Japão, considerando que a
visita ao santuário foi um “esforço para glorificar a história
militarista japonesa de invasão externa e domínio colonial… e para
desafiar o desfecho da II Guerra Mundial”.
“O esforço de ir contra a evolução histórica é, com certeza, para
provocar uma grande vigilância e fortes preocupações entre os vizinhos
asiáticos e a comunidade internacional sobre os desenvolvimentos futuros
do Japão”.
Este acto foi uma “grave violação dos sentimentos dos chineses e da
população de outros países asiáticos” que foram afectados durante a
Segunda Guerra Mundial, salientou o mesmo responsável chinês.
Já o ministro da Cultura da Coreia do Sul, Yoo Jinryong, classificou o
acto de “anacrónico” que “fere não apenas os laços entre a Coreia do
Sul e o Japão como, fundamentalmente, afecta a estabilidade e cooperação
no nordeste asiático.”
Não era intenção de Abe "ferir" China ou Coreia
Shinzo Abe afirmou que fez a viagem para reflectir sobre a
“preciosidade da paz” e não para causar qualquer conflito com a China ou
a Coreia do Sul.
“Rezei por respeito aos mortos de guerra que sacrificaram as suas
preciosas vidas” e “espero que descansem em paz”, afirmou o responsável,
citado pela Associated Press. Questionado sobre as criticas que esta
visita provocou, o primeiro-ministro respondeu: “Infelizmente, a visita a
Yasukuni transformou-se numa questão política e diplomática”, mas “não
era minha intenção ferir os sentimentos do povo chinês e coreano.”
Abe salientou ainda que é sua “convicção, baseada nos remorsos
severos do passado”, que o Japão não deve voltar a provocar qualquer
guerra.
Esta polémica surge numa altura em que as relações entre o Japão e os
países vizinhos não são estreitas. Os EUA têm apelado a que os países
melhorem as suas relações diplomáticas, mas sem sucesso.
* A indignação chinesa é uma hipocrisia, basta lembrar Tiannamen num passado recente e a obrigatoriedade de um exame de fidelidade ao regime por parte dos jornalistas chineses a partir de 2014. A história só conta as atrocidades dos alemães japoneses e seus aliados durante a II Guerra Mundial, o que pressupõe que os que se lhe opunham eram meninos de coro.
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