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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
30/09/2023
FILIPA SACADURA
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A biotecnologia
A maioria do solo de Portugal é ocupado por área florestal e agrícola, bem como uma área marítima de relevância mundial, pelo que há um grande potencial do setor da bioeconomia no nosso país. Mas como é que isso pode ser aproveitado para contribuir para uma economia mais forte?
Segundo o relatório publicado pelo Bio-based Industries Consortium (BIC), Portugal é referenciado como estando numa posição privilegiada para liderar a transição para a bioeconomia na Europa. No entanto, para que tal aconteça, é fundamental investir em biotecnologia, isto é, na aplicação da ciência e tecnologia aos organismos vivos para a produção de conhecimento, bens e serviços que possam contribuir para esta mudança de paradigma.
Nos últimos anos, a ciência tem vindo a evoluir e a desenvolver soluções que poderão vir a gerar novas oportunidades na área do melhoramento vegetal, como é o caso das Novas Técnicas Genómicas (NGTs). As NGTs são ferramentas inovadoras que permitem desenvolver, de forma precisa, rápida e eficiente, novas variedades de plantas melhoradas, capazes de responder de forma mais eficaz aos stresses bióticos e abióticos provocados pelas alterações climáticas, exigir um menor uso de fatores de produção e/ou garantir maiores produtividades ou melhores composições nutricionais das culturas. Em suma, têm potencial para contribuir para uma agricultura mais sustentável e capaz de produzir alimentos suficientes para uma população mundial em crescimento.
Após mais de uma década de hesitações, a Comissão Europeia publicou, no passado dia 5 de julho, um pacote de medidas que visa reforçar a resiliência dos sistemas alimentares e da agricultura da Europa, e que contempla, pela primeira vez, a possibilidade de utilização de NGTs para melhoramento vegetal a nível Europeu. Caso este pacote de medidas venha a ser aprovado, será possível acelerar a colocação no mercado de variedades mais sustentáveis e possibilitar aos produtores agrícolas e florestais o acesso a uma maior disponibilidade de plantas resistentes à seca e mais resilientes aos efeitos das alterações climáticas, ao mesmo tempo que permitirá reduzir a necessidade de utilização de produtos fitofarmacêuticos e tornar a prática agrícola mais sustentável.
De uma forma geral, esta nova abordagem permitirá contribuir para a redução da dependência externa da União Europeia ao nível da produção agroalimentar e florestal e contribuir para a resiliência e sustentabilidade dos sistemas agroalimentares e florestais a nível Europeu. É, assim, fundamental iniciar a discussão sobre o impacto e as oportunidades que este novo pacote de medidas pode trazer a nível nacional, de forma a preparar todos os atores para as implicações que esta nova abordagem pode trazer à produção nacional.
Outra das áreas onde a biotecnologia pode servir de catalisador da bioeconomia prende-se com a valorização de recursos biológicos. São cada vez mais as soluções biotecnológicas que permitem valorizar resíduos agrícolas, agroindustriais ou da indústria florestal para gerar produtos de elevado valor acrescentado ou substitutos de produtos de origem petroquímica, contribuindo para a economia circular e a sustentabilidade dos sistemas agroambientais. Também a valorização de recursos endógenos tem vindo a ser potenciada.
São ainda muitos os desafios a ultrapassar, sendo importante discutir um enquadramento regulamentar e institucional favorável à mudança de paradigma tecnológico que está já em curso, mudança que deve ser prevista e preparada, mas que não pode ser parada. Estes serão alguns dos tópicos que irão ser discutidos no próximo BIOMEET, encontro anual do setor da biotecnologia, que vai decorrer nos dias 25 e 26 de setembro, organizado pela P-BIO, Associação Portuguesa de Bioindústria, e que tem o tema da biotecnologia como catalisador da bioeconomia como uma das suas prioridades.
É certo que os avanços resultantes da aplicação da biotecnologia na bioeconomia irão permitir, no futuro, criar riqueza através de aumentos substanciais de valor usando menos recursos e de forma mais eficiente, garantindo a sustentabilidade económica, ambiental e social do mundo rural. Por isso, é essencial debater este tema com profundidade, já que poderá ser um motor particularmente relevante para a nossa economia
* Secretária-Geral da P-BIO
IN "O NOVO" - 28/09/23..
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3483.UNIÃO
putin HUYLO
putin é um canalha..
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𝗜I - 𝗷𝗼𝗿𝗻𝗮𝗱𝗮𝘀 𝘁𝗲𝗻𝗲𝗯𝗿𝗼𝘀𝗮𝘀 𝗻𝗼 𝘃𝗮𝘁𝗶𝗰𝗮𝗻𝗼
ᒐᥲ ᙏᥲƒɩᥲ ყ ᙓꙆ ᘎᥲtɩᥴᥲᥒo,
ᥙᥒᥲ Ꙇᥒtɾɩᥒᥴᥲᑯᥲ ᖇᥱᑯ ᑯᥱ ᕈoᑯᥱɾ/3
(CONTINUA PRÓXIMO SÁBADO)
NR: A memória das "jornadas moinantes da juventude" vai ficando requentada, apenas gostávamos que o presidente Moedas nos dissesse o montante do negócio que tanto apregoou no passado e mantém silenciado no presente.
Mais um documentário sobre um estado dito santo dirigido exactamente por um homem santo dito.
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𝐀𝐏𝐎́𝐒 𝟓 𝐀𝐍𝐎𝐒
A Cɑ̂mɑrɑ de Sintrɑ ɑtribuiu cɑsɑ
ɑo Sr Ildefonso
Foi ɑtribuídɑ umɑ cɑsɑ ɑo Sr Ildefonso
𝖤𝖲𝖯𝖤𝖢𝖨𝖠𝖫𝖬𝖤𝖭𝖳𝖤 𝖣𝖤𝖣𝖨𝖢𝖠𝖣𝖮 𝖠 𝖯𝖤𝖲𝖲𝖮𝖠𝖲 𝖰𝖴𝖤 𝖲𝖠𝖡𝖤𝖬 𝖲𝖤𝖱 𝖬𝖤𝖫𝖧𝖮𝖱 𝖠𝖯𝖱𝖤𝖭𝖣𝖤𝖱
29/09/2023
LEONÍDIO PAULO FERREIRA
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Afegãos esquecidos
Ao abrir o Foro La Toja deste ano com a entrega de um prémio a uma associação de mulheres afegãs, o rei de Espanha, Felipe VI, ajuda a que não seja esquecido o drama do Afeganistão, país que há dois anos os talibãs conseguiram reconquistar, aproveitando a retirada das tropas americanas e dos países aliados, e também o colapso do governo eleito que durante duas décadas o Ocidente apoiou. As mulheres têm sido as principais vítimas do regresso dos chamados "estudantes de religião", uma milícia que defende como sempre um islão obscurantista, mesmo que agora procurem atenuar as leis que entre 1994 e 2001 os puseram às avessas com o mundo, até serem derrubados pela América por represália a acolherem Osama bin Laden, o responsável pelos atentados do 11 de Setembro.
Reunião anual de altas figuras dos negócios e da política, realizada na Galiza, o Foro La Toja pode ser um palco improvável para alertar para as limitações aos direitos das mulheres num país da Ásia Central, mas, de facto, toda a chamada de atenção é bem-vinda para que o Afeganistão não caia no esquecimento. O acesso à educação e a um emprego continua extremamente difícil para as afegãs e só persistente pressão internacional sobre os governantes de Cabul pode contrariar a sua ideologia que remete tanto para um islão de outras eras como, talvez mais ainda, para uma tradição tribal pastune que não faz sentido no século XXI.
A guerra na Ucrânia, pelo choque que trouxe entre o Ocidente e o Kremlin, tem ofuscado todos os outros conflitos, incluindo este regresso ao passado no Afeganistão que aconteceu em agosto de 2021, apenas seis meses antes da invasão russa. Mas as raras notícias que chegam do Afeganistão não são boas. Mesmo uma recente reportagem da Xinhua sobre a época das romãs, mostrando uma certa normalidade, era ilustrada por nove fotografias em que era óbvia a ausência de mulheres. Mais dramáticas, e reveladoras, são as notícias na BBC de jovens afegãs proibidas de aceitar bolsas de estudo no estrangeiro e as mulheres em geral impedidas de frequentarem um parque natural no norte do país. E completamente trágico para todos os afegãos, homens e mulheres, é a ameaça de "mais um inverno de fome" revelada ontem pela Deutsche Welle, com 15 milhões de pessoas afetadas, quase um terço da população.
As agências das Nações Unidas, como o Programa Alimentar Mundial, debatem-se com falta de fundos, como se o mundo se tivesse esquecido do Afeganistão depois de décadas desse país a fazer as manchetes dos jornais, da intervenção soviética à luta entre grupos mujaedines, da ascensão dos talibãs sob a liderança do mullah Omar ao ataque americano às bases da Al-Qaeda, das eleições livres aos programas televisivos apresentados por mulheres sem burca. Ainda não há muito tempo, se combatia no Afeganistão em nome da democracia e dos direitos humanos. Dois militares portugueses morreram lá. Para quê? Foi tudo em vão? Ou ainda há vontade de lutar para que as meninas afegãs possam ir à escola? E um dia algumas serem professoras, engenheiras ou médicas.
* Jornalista, sub-director do "DN"
IN "DIÁRIO DE NOTICIAS" - 29/09/23.
3482.UNIÃO
28/09/2023
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SOFIA VALE
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O Banco Central Europeu (BCE) subiu as suas taxas de juro para o maior valor da história da zona euro, sabendo que a recessão na Europa pode estar ao virar da esquina. É caso para perguntar: que contas faz o BCE?
Portugal não será a única economia da zona euro onde as famílias, tendo perdido poder de compra, estão ainda a braços com a subida dos juros dos empréstimos à habitação. As empresas portuguesas não serão também inimitáveis por financiarem a sua atividade corrente através de crédito, agora mais caro.
É claro que o BCE considera que a inflação na zona euro, que rondava os 10,6% antes das primeiras intervenções de política monetária, tem respondido lentamente às suas investidas, ficando os 5,3% de agosto muito para além dos ainda almejados 2%. Só que a cada subida das taxas de juro, as suas previsões de crescimento são revistas em baixa, tendo as últimas ficado situado em 0,7% para 2023 e em 1% para 2024.
Para Christine Lagarde esta é, no entanto, apenas uma desaceleração temporária da economia da zona euro – resultará a sua leitura dos valores estáveis do desemprego? – e insiste mesmo com os governos para que retirem os seus apoios diretos às famílias.
E sabe que a subida do preço do petróleo que se verifica desde junho, a expansão da procura por esta matéria-prima e o anúncio pela Arábia Saudita e pela Rússia que irão prolongar os seus cortes de produção, fazem adivinhar novas surpresas para a inflação. Lagarde pode receá-las, mas também antevê que a sua política será impotente para contrariar estes movimentos. E, entretanto, o euro desvalorizou em relação ao dólar, contrariando as suas expectativas relativamente aos efeitos da subida da taxa de juro.
Mas as ameaças ao desempenho da economia europeia não se esgotam aqui. Se a desaceleração económica da China deve atormentar a economia alemã, onde a indústria não tem andado particularmente famosa, a competitividade chinesa é que parece ser o derradeiro desafio europeu. No seu discurso sobre o Estado da União Europeia, Ursula von der Leyen referiu-se a mercados globais inundados por veículos elétricos chineses e prometeu investigar práticas de comércio desleais por parte deste país, procurando desmascarar possíveis subsídios estatais à produção.
Enquanto este furacão assola a Europa, o sector bancário mantém-se invariavelmente silencioso. Provavelmente porque a taxa de depósito que é paga sobre os depósitos dos bancos comerciais, que agora subiu de 3,75% para 4%, há pouco mais de um ano apresentava um valor negativo de -0,5%. Afinal o BCE faz bem as suas contas, sofre apenas de uma velha miopia.
* Economista, Professora do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa
IN "O JORNAL ECONÓMICO" - 22/09/23.