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* Deputada pelo B.E.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
14/01/20
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Lembre-se
do cartel da Banca
Uma boa parte das propostas que já apresentei no Parlamento foram sobre a Banca. Algumas visavam impor regras mais apertadas ao seu funcionamento: limites à venda de produtos financeiros, interdição de certas operações dentro do mesmo grupo, eliminação de comissões bancárias absurdas, etc.
Outras pretendiam mais transparência:
novas exigências de publicação de informações sobre acionistas, relações
com offshores ou políticas de crédito. Apesar de várias tentativas,
muitas destas propostas foram sendo rejeitadas por combinações de votos
entre PSD, PS e CDS. Na base da rejeição estavam (e estão) normalmente
três tipos de argumentos avançados pelos bancos: i) mais transparência
prejudica as condições de concorrência; ii) limites à atividade
prejudicam a rentabilidade; iii) o caminho não é limitar as atividades
financeiras mas reforçar os mecanismos de supervisão e controlo interno.
Escândalo a escândalo, a realidade tem vindo a desmontar todas estas ficções.
Como
se não nos bastassem os casos do BPN, do Banif, do BES, do BCP, do
Montepio e da Caixa, aparece-nos agora o "cartel da Banca", que juntou o
BPN, o Banif, o BES, o BCP, o Montepio, a Caixa e mais oito bancos numa
rede de troca de informações sensíveis. Segundo a Autoridade da
Concorrência (AdC), os principais bancos trocaram entre si informações
reservadas sobre as quantidades e condições de crédito que concediam,
articulando ainda estratégias comerciais ou, por exemplo, para limitar a
aplicação de leis sobre comissões bancárias.
Ou
seja, durante mais de uma década, a Banca - sempre tão preocupada com
as suas condições de concorrência - trocou entre si dados reservados,
alinhou estratégias e concertou posições, em prejuízo de todos os
clientes. Sendo verdade que foram condenados pela AdC a multas que somam
225 milhões de euros, também é público que o processo só teve início
por denúncia de um participante.
Mais uma vez, ao que se sabe, o Banco
de Portugal foi incapaz de identificar estas práticas - transversais e
reiteradas - atempadamente. A perda para os clientes, é claro, não foi
ressarcida.
Existem todas as razões
para reforçar as medidas destinadas a limitar as práticas abusivas da
Banca (privada mas também, e especialmente, pública) e aumentar a
transparência. Quando o momento chegar ouviremos os bancos, assim como
alguns partidos, a argumentar com a concorrência, a rentabilidade e o
controlo interno. Não acredite, lembre-se do cartel da Banca.
* Deputada pelo B.E.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
14/01/20
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