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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Associação.
Agente da PSP que denunciou racismo juntou MAI, juízes, polícias e Ana Gomes
Manuel Morais, o ex-sindicalista da PSP que alertou para o racismo nas polícias, voltou a ser o centro das atenções esta terça-feira, na inauguração da sede do Observatório 100 Violência, uma associação que criou e que promove o combate aos maus tratos sobre as crianças
"Manuel
Morais é o exemplo da atitude que se deve esperar de um polícia numa
sociedade democrática. Estou aqui porque fui desafiada por ele", assumiu
Ana Gomes, a ex-eurodeputada do PS e ativista de Direitos Humanos, na
sua curta intervenção, esta terça-feira, na cerimónia que assinalou a
inauguração da sede do Observatório da Criança - 100 Violência, uma
associação que promove o combate e a prevenção dos maus-tratos infantis.
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O evento ficou marcado principalmente pelo peso político e público de muitas personalidades presentes, num sinal claro de apoio a esta iniciativa que tem como principal motor este ex-sindicalista da PSP - que ficou conhecido por ter alertado para o racismo nas polícias. Manuel Morais, recorde-se, é atualmente alvo de um inquérito disciplinar por ter criticado André Ventura e foi afastado do maior sindicato, onde era dirigente há mais de 30 anos, pelas suas denúncias públicas.
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O evento ficou marcado principalmente pelo peso político e público de muitas personalidades presentes, num sinal claro de apoio a esta iniciativa que tem como principal motor este ex-sindicalista da PSP - que ficou conhecido por ter alertado para o racismo nas polícias. Manuel Morais, recorde-se, é atualmente alvo de um inquérito disciplinar por ter criticado André Ventura e foi afastado do maior sindicato, onde era dirigente há mais de 30 anos, pelas suas denúncias públicas.
Na
'mesa de honra', ao lado de Ana Gomes, estavam, além do próprio Manuel
Morais, agente do Corpo de Intervenção da PSP, o ministro da
Administração Interna, Eduardo Cabrita, o ex-ministro da mesma tutela,
Rui Pereira, que é o presidente honorário da associação, o secretário de
Estado da Justiça, Mário Morgado (que substituiu a Ministra Francisca
Van Dunem) e o juiz conselheiro jubilado, Bernardo Colaço, que integra
também o Observatório. Havia também um lugar marcado para a
antecessora de Cabrita, a ex-ministra e agora deputada Constança Urbano
de Sousa, que não chegou a comparecer.
Na assistência também estavam outras figuras de relevo, tanto de forças
de segurança, como de entidades que trabalham com crianças: na primeira
fila estava o diretor nacional da PJ, Luís Neves, o inspetor nacional da
PSP, Pedro Clemente, a diretora-nacional adjunta do SEF, o presidente
da Comissão de Apoio às Vítimas de Crimes Violentos, Carlos Anjos, a
presidente do Instituo de Apoio à Criança (IAC), Dulce Rocha, e o
próprio Comandante da Polícia Municipal de Lisboa, superintendente-chefe
da PSP, que cedeu as instalações para a cerimónia.
Derrotar "ataques ao civismo e aos direitos humanos"
A Associação 100 Violência
- Observatório da Criança foi criada em 2015 e tem organizado
conferências e debates sobre o tema. É também responsável pela formação
de profissionais de vários setores de atividade na deteção de sinais de
maus-tratos nas crianças, um projeto com financiamento europeu.
Para introduzir o tema da violência sobre as crianças, Ana Gomes ainda recordou o recente caso de Cláudia Simões,
a portuguesa de origem angolana "brutalmente agredida por um polícia
por ódio racista" na Amadora. "Preocupou-me muito a criança, a filha de
oito anos, que assistiu aquilo tudo e ninguém falou dela. Ela também foi
vítima de maus-tratos pelo que aconteceu à mãe, mas também de maus
tratos psicológicos", assinalou.
Manuel Morais também fez questão em sublinhar que "ninguém" estava
"naquela sala por acaso: estão pessoas capazes de mudar esta sociedade
para melhor". Por isso, salientou, "precisamos de unir forças, pois esta
sociedade está a perder qualidade e isso preocupa-nos a todos. É
preciso juntarmos a nossa energia para derrotar os ataques ao civismo,
ao humanismo e a tudo o que a democracia nos deu. Ajam! O país precisa
de todos".
Crianças assistem a 45% dos casos de violência doméstica
Da parte da ministra da Justiça, pela voz de Mário Morgado, ouviu que
tinha sido "com muita honra" que participava na cerimónia desta
associação que que conta com um "grupo de excelência", uma posição
"inteiramente partilhada e apoiada pelo governo". O secretário de Estado
lembrou que em avaliações internacionais sobre os direitos das
crianças, "as leis portuguesas são frequentemente consideradas
exemplares". No entanto, reconheceu, "por mais sinuoso que seja o
caminho, temos de o percorrer".
Eduardo Cabrita afirmou que "em boa hora o caro Manuel
Morais" o tinha convidado "para assinalar este dia tão importante de
combate cívico". Considerou "muito significativo que" aquela
associação "tenha reunido personalidades como o diretor da PJ, a
diretora nacional adjunta do SEF, o inspetor nacional da PSP, e
dirigentes do IAC e da APAV". E deu o recado: "Não queremos
forças de segurança que sejam distantes ou temidas pelos cidadãos,
Queremos que as crianças reconheçam os polícias da Escola Segura.
Queremos forças de segurança na primeira linha da prevenção e combate
aos incêndio; que saibam onde estão os idosos isolados e possam ser uma
voz amiga. É decisivo para a imagem dos polícias".
O
ministro lembrou que em 45% dos casos de violência doméstica as crianças
assistem às agressões e em 10% dos casos são elas próprias vítimas.
"Com associações como esta podemos dia-a-dia colocar este tema na nossa
agenda. Parabéns 100 Violência", asseverou.
O magistrado Bernardo
Colaço, aproveitou para frisar, principalmente aos responsáveis
políticos presentes, que "se houvesse um policiamento comunitário e de
proximidade devidamente estruturado este Observatório seria uma enorme
mais-valia".
* Em Portugal existem sindicatos corporativistas, mau sinal. Manuel Morais será sempre um bom exemplo e Cláudia Simões uma vítima de racismo.
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