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Da China com Censura
Recentemente, houve duas intervenções de censura do governo chinês em factos de “juridisção” americana
No
final de Outubro, “celebrar-se-ão” 7 meses desde o início dos protestos
de Hong Kong que, ao longo deste ano, têm vindo a captar a atenção do
Mundo como forma de lembrete daquilo que o governo chinês entende por
democracia, como, aliás, já o tem demonstrado a situação do Tibete.
Para
aqueles que não estão tão a par deste assunto, a origem dos protestos
está na aprovação de um projeto-lei que permitiria a extradição de
criminosos de Hong Kong para a China continental. Parece algo
completamente legítimo até nos lembrarmos que o Partido Comunista da
China é conhecido pela sua forma de governo autoritário assim como pela
perseguição de inimigos políticos.
Como em relação à Venezuela,
ao Equador e a outros países da América Latina, esta situação de
confrontos na China apenas tem resultado em morte e sofrimento do lado
dos manifestantes, sendo que atualmente o próprio símbolo destes
protestos é o de uma face com um olho coberto, simbólico de uma
ocorrência bastante inicial neste movimento em que um polícia agrediu
violentamente uma protestante ao ponto de se supor que ela ficaria cega
(felizmente, parece que esta corajosa manifestante recuperou na
totalidade). Contudo, parece que esta repressão dos manifestantes ocorre
até para lá dos limites territoriais chineses.
Infelizmente,
este artigo não vem sem razão. Pretende relembrar que o mundo não pode
virar as costas às violações dos direitos humanos que tanto caracterizam
o Partido Comunista chinês, assim como não pode fingir que o governo
desta superpotência não é uma autêntica ameaça global. E sim, sei que
estou a dizer palavras proferidas pelo Presidente Trump. A questão é que
nisto tudo o que o líder americano disse, de facto, tem uma base lógica
e verdadeira, não fossem os casos que vou relatar passados nos Estados
Unidos.
Recentemente, houve duas intervenções de censura do
governo chinês em factos de “juridisção” americana. Um caso dizendo
respeito à NBA (National Basketball Association) e outro a uma liga de
um videojogo intitulado de Heartstone. Convido os leitores a pesquisarem
por estes assuntos mais detalhadamente, visto que, por motivos de
espaço, apenas posso descrever muito sumariamente a dupla ocorrência.
Por poucas palavras: ambas as empresas americanas associadas a estes
casos têm uma pequena parte das suas ações em mãos do governo chinês e,
perante as palavras de apoio proferidas por um treinador (NBA) e por um
jogador (do videojogo) em relação aos protestos de Hong Kong, ambas as
empresas decidiram censurá-los e penalizá-los. O primeiro com uma
suspensão e o segundo com a proibição de jogar nos torneios do dito
jogo, além da remoção do prémio que este tinha ganhado no valor de três
mil dólares.
Perante estes exemplos (que não são os únicos) de
opressão chinesa em solo americano, ainda há dúvidas que, efetivamente, o
ideal de democracia propagado pelo governo da China não é ameaçador? O
facto de que a China é, metaforicamente, um polvo que invade todos os
sectores de mercado é irrelevante? Devemos ignorar também o facto de que
espiões chineses foram detidos em Fátima com o intuito de sabotar
reuniões de líderes políticos e religiosos? Do meu ponto de vista, para
todas estas questões, a resposta é um não rotundo.
De toda esta
confusão americana, saiu algo de bom. Nunca antes vi uma união tão forte
entre Republicanos e Democratas ao criticar os príncipios
“democráticos” chineses e a enxovalhar as empresas que escolheram a
subserviência ao dinheiro chinês em vez dos valores (hipócritas ou não)
dos Estados Unidos da América.
Já Portugal é um país pequeno que
das duas uma: ou presta atenção às ameaças generalizadas que por aí
andam e investe na segurança nacional (em todos os sectores) ou, então,
apoia-se nos seus aliados, o Reino Unido, que se encontra desfeito com o
Brexit, e a União Europeia, cujos líderes num dia falam de respeitar os
direitos humanos e no dia seguinte andam às gargalhadas com o
presidente Xi da China, país detentor de campos de concentração
modernos. Eu, por mim, não tenho dúvidas de que a primeira opção será a
escolha mais acertada.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
17/10/19
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