.
.
HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
Mais de 3.300 pais recorreram à APAV
por serem vítimas de violência dos filhos
Mais de 3.300 pais ou mães precisaram da
ajuda da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) nos últimos
cinco anos por terem sofrido agressões por parte dos filhos, entre casos
de violação ou tentativa de homicídio.
.
.
Segundo
dados divulgados pela APAV, entre 2013 e 2017, 3.369 pessoas
pediram ajuda à associação por serem vítimas de violência doméstica por
parte dos filhos, registando-se 3.387 processos de apoio e 7.076 factos
criminosos.
Só
no ano passado, a APAV recebeu 765 pedidos de ajuda, menos 62 casos do
que em 2016, mas mais 208 do que em 2013, o que representa um aumento de
37% em cinco anos.
Entre
2013 e 2017, em 2.752 casos a vítima era mulher, na maior parte com
mais de 65 anos (44,6%), viúva (28,2%), e a viver num tipo de familiar
nuclear com filhos (30,5%).
No
total dos 7.076 crimes registados, 2.805 (39,6%) tinham a ver com maus
tratos psíquicos, mas houve também 1.763 casos de maus tratos físicos,
além de 1.130 casos de ameaça ou coação ou 688 de injurias ou difamação.
Entre
os números menos expressivos, há registo de 179 casos de roubo, mas
também três casos de violação ou três tentativas de homicídio.
“Tendo
em conta o tipo de problemáticas existentes, prevalece o tipo de
vitimação continuada em cerca de 80% das situações, com uma duração
média entre os dois e os seis anos (13,2%)”, refere a APAV.
Destaca,
por outro lado, que na maior parte dos casos (55,2%) as agressões
ocorrem dentro da residência comum, apesar de o número de
queixas/denúncias representar apenas 27,3% face ao total de autores de
crimes assinalados.
Relativamente
ao autor dos crimes, os dados da APAV mostram que em 68,6% dos casos
são do sexo masculino e com idades entre os 36 e os 45 anos (17,7%), já
que na maior parte das situações (1.255) não se conseguiu saber a idade
do autor do crime.
A APAV ressalva ainda que, no total dos anos, o número de agressores (3.579) foi superior ao de vítimas.
Em
comunicado, a associação de apoio à vítima explica que estes atos se
inserem dentro da violência filioparental, que se caracteriza por “atos
violentos e intencionais de filhos em relação aos pais” e que envolvem
ameaça, intimidação e domínio para a obtenção de controlo e poder.
“A
vergonha e a manutenção do mito da harmonia familiar favorecem o
secretismo em torno do problema, o que tem contribuído para uma
intervenção menos desenvolvida neste campo do que noutros tipos de
violência intrafamiliar (como o abuso/negligência dos filhos ou a
violência entre parceiros íntimos)”, diz a APAV.
Por
outro lado, salienta que este tipo de violência “não é um problema
individual ou uma questão restrita ao contexto familiar”, tratando-se
antes de “problema social, de justiça e de saúde pública”, o que tem
levado a associação “a alertar a sociedade portuguesa para esta
realidade, ainda obscura, da violência doméstica praticada pelos filhos
contra os pais”.
“A
violência doméstica, também na forma da violência filioparental, é um
crime público que não pode ser remetido ao silêncio”, defende.
* BÁRBARA COBARDIA
.
Sem comentários:
Enviar um comentário