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IN "SÁBADO"
15/11/18
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Os truques da EMEL
Tem um dístico de residente da EMEL e aguarda tranquilamente que lhe enviem uma carta com os códigos de pagamento por multibanco da respectiva revalidação? Acautele-se porque a carta provavelmente não irá chegar e o prazo vai expirar sem que dê por isso. O que lhe vai bater à porta, fatal como o destino, é o reboque para lhe levar o carro. Se está sossegado porque acha que existe uma relação de boa-fé da empresa para consigo ou que esta se modernizou no serviço prestado aos cidadãos, desengane-se porque a EMEL continua a ser o velho depositário de arcaísmos administrativos.
Nos últimos tempos, por razões que a EMEL não
consegue explicar nem ao telefone nem nos seus próprios serviços, em
algumas zonas de Lisboa as cartas não estão a ser enviadas para quem há
muito tem o dístico de residente. O que está a ser enviado é o reboque
de bloqueamento de carros e o que está a ser aplicado são multas cegas. A
EMEL não só não facilita a vida dos automobilistas, enviando as cartas
de pagamento e revalidação, como também não justifica a razão por que
não o faz. A EMEL pura e simplesmente inverte o ónus da regularização do
problema, remetendo-o para o cidadão, que se vê obrigado a efectuar uma
novo processo de obtenção do título e a perder tempo em deslocações e
filas de espera.
A EMEL, através do
contacto telefónico, explica que, deixado passar o prazo, não resta
outra opção senão a validação presencial, obrigando a obter mais
papelada e a ir aos serviços que possui no Campo Grande e na Loja do
Cidadão nas Laranjeiras. A operadora ou operador que atendem as chamadas
não têm nenhuma informação sobre o porquê da opção de não enviar as
cartas, remetendo para os serviços de atendimento nos dois referidos
postos, onde também ninguém sabe dizer porque não foram as cartas
enviadas. A única coisa que sabem é que, sim senhor, têm aparecido
muitas reclamações por falta de carta. Mais: se foi multado ninguém
reconhece o erro e basicamente o cidadão é remetido para a burocrática
reclamação, de resultado incerto, que há-de ir parar às mãos de um
jurista zeloso e pronto a espremer a lei para evitar o ressarcimento do
automobilista.
Sem esclarecimento, colocando o cidadão perante o
facto consumado, esta empresa municipal de péssima gestão e,
basicamente, transformada numa pequena clique de gestores públicos que
andam sempre na babugem dos partidos que há anos governam ou influenciam
a governação da câmara de Lisboa, tornou-se mais do que uma caixinha de
surpresas. A EMEL é um verdadeiro labirinto de truques e esquemas
apenas mitigados pelo profissionalismo e eficácia de alguns dos seus
funcionários no atendimento directo aos cidadãos, como é o caso dos
serviços do Campo Grande. Não se pode exterminá-la?
IN "SÁBADO"
15/11/18
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