HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Associação onde houve incêndio teve "obra de adaptação" licenciada em 1992
Autarca disse
que obras de conservação ou de alterações de interiores após o
licenciamento "são isentas de controlo prévio por parte do município"
O
edifício onde no sábado à noite se registou um incêndio teve "uma obra
de adaptação para servir de sede da associação, em 1992", existindo
nessa data licenciamento de obras, disse hoje o presidente da Câmara de
Tondela.
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Em declarações à Lusa, José
António Jesus referiu que a Associação Cultural, Recreativa e
Humanitária de Vila Nova da Rainha "foi constituída em 1979, tendo desde
então ocorrido diversas intervenções de construção/beneficiação, ao
longo dos diferentes mandatos dos seus dirigentes".
Segundo
o autarca, o edifício onde, no sábado à noite, morreram oito pessoas e
38 ficaram feridas, teve "uma obra de adaptação para servir de sede da
associação, em 1992, data em que existe licenciamento de obras".
O processo foi "instruído com a legislação
em vigor à época, incluindo o projeto de arquitetura e demais projetos
de engenharia, elaborados com termo de responsabilidade do autor",
acrescentou.
José António Jesus
explicou que "a obra foi desenvolvida ao longo de várias fases", sendo
"o procedimento de licenciamento deste edifício igual ao dos edifícios
particulares (licença, processo instruído e termo de responsabilidade
dos projetistas)".
O autarca esclareceu
que "obras de conservação ou de alterações de interiores que porventura
tenham sido introduzidas após o licenciamento são isentas de controlo
prévio por parte do município".
"Presume-se
a existência de licença de utilização", afirmou, acrescentando que,
"sempre que há conhecimento formal de que alguma obra não tenha
requerido a autorização de utilização, o município procede à notificação
dos proprietários para a sua regularização".
O
presidente da autarquia frisou que os dirigentes da associação, "com o
seu sentido de entrega à comunidade, desenvolvem uma importante missão
de voluntariado, como acontece em tantas e tantas associações do país",
considerando este organismo "o principal pilar de intervenção cívica,
cultural e social" da aldeia.
A
"situação catastrófica" de sábado à noite terá acontecido "em breves
instantes, escassos segundos", de acordo com relatos que testemunhas lhe
fizeram.
"A matéria que revestia a
face interior da chapa de cobertura (poliuretano), face ao calor emanado
do tubo proveniente da salamandra, terá entrado em combustão sem que
tal fosse percecionado, já que existia um teto falso em placas de gesso
cartonado e revestidas com lã de rocha", contou.
Deu-se
então "um brutal colapso de toda a estrutura do teto falso consequente à
combustão violenta" do revestimento da cobertura, tendo "a eventual
abertura de um vão de janela alimentado e acelerado essa combustão",
acrescentou.
Segundo o autarca, foi
nesse cenário que se formou "uma mancha de fumo, altamente tóxica, e com
grande carga de monóxido de carbono", que terá levado muitas pessoas a
terem tido dificuldades respiratórias, perdido o sentido de orientação e
ficado com "graves queimaduras nas zonas expostas" e nas vias
respiratórias.
As consequências do fumo
"poderão ter comprometido a forma como ocorreu a descida para o piso
inferior", considerou o autarca, lembrando que "decorria um torneio de
sueca, que se realiza há mais de uma dezena e meia de anos", e que "a
generalidade dos participantes conhecia de forma detalhada os circuitos
de entrada e saída".
José António Jesus
explicou que "a escada que conduzia ao rés-do-chão apresentava duas
possibilidades", sendo que havia "uma saída para o lado esquerdo, que se
encontrava desimpedida e cuja porta abria para o exterior dessa
escada", por onde "saíram algumas das pessoas que estavam no piso
superior".
"As primeiras quedas na escada terão originado uma situação de pânico e de bloqueio do acesso ao exterior", frisou.
O
autarca agradeceu "o empenho diligente, célere e eficaz de todas as
forças de segurança, bem como a solidariedade de autarcas, Governo e
Presidente da República".
Ao início da manhã de hoje, a Câmara de Tondela decretou três dias de luto municipal.
Segundo
a autarquia, estão já marcados quatro funerais para terça-feira: um às
15:30, da vítima de Molelos, e os outros às 15:00, das vítimas de Vila
Nova da Rainha.
* Isto só pode ser AZAR! Uma colectividade licenciada para obras em 1992, que fez alterações ao sabor dos dignos voluntários directores, provavelmente sem pareceres técnicos, que tinha uma salamandra a atirar calor para material capaz de combustão lenta, sem portas de fuga e sem fiscalização arde parcialmente. Para nossa felicidade temos um PR que voa para o AZAR e para a desgraça, vai dar uns beijinhos, irá à missa, porque tragédia sem missa não é tragédia, a desgraça é que, tal como nos incêndios de 2017 ninguém chama ao AZAR negligência, é disso que se trata.
A negligência paga-se com vidas e a culpa fica solteira, é o costume.
Esquecemo-nos de falar do caciquismo, fica para próxima oportunidade.
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