HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Diretor do SIRP acusado de
"atitude escabrosa"
O
advogado de um dos arguidos do 'caso das secretas' disse que Costa foi
influenciado por "uma atitude escabrosa" do secretário-geral do Sistema
de Informações da República Portuguesa.
Durante
as alegações finais do "caso das secretas", o advogado do ex-diretor do
Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) Jorge Silva
Carvalho criticou a recusa do primeiro-ministro, António Costa, em não
levantar a totalidade do segredo de Estado pedido pelo tribunal,
considerando que tal decisão foi influenciada pelo secretário-geral do
Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), Júlio Pereira.
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"O
secretário-geral do SIRP influenciou a opinião e sonegou informação ao
primeiro-ministro", disse João Medeiros, adiantando que António Costa
foi "influenciado por uma atitude escabrosa" de Júlio Pereira.
Numa
resposta enviada por Júlio Pereira ao gabinete do primeiro-ministro,
relativa ao pedido de levantamento do segredo de Estado feito pelo
tribunal, que está a julgar o chamado 'caso das secretas', o
secretário-geral do SIRP opôs-se à desclassificação, na totalidade, do
Manual de Procedimentos do Serviço de Informações de Segurança (SIS),
por entender que "exporia o 'modus operandi'" do SIS, "fragilizando-o".
Também
nas alegações finais, o advogado do ex-funcionário do Serviço de
Informações de Segurança (SIS) e do SIED João Luís criticou o facto de
não ter sido levando o segredo de Estado.
"É um processo com 26 sessões que está ferido, porque o segredo de Estado é inconstitucional", disse Paulo Simão Caldas.
O advogado disse também que "não pode ser o primeiro-ministro a decidir sozinho, e de forma insindicável, estas questões".
Violação
de segredo de Estado, acesso ilegítimo a dados pessoais, abuso de poder
e corrupção ativa e passiva para ato ilícito são os crimes em causa
neste processo, relacionado com o acesso indevido a dados de
tráfego/comunicações do jornalista Nuno Simas, que noticiou problemas
nas 'Secretas'.
Além de Jorge Silva
Carvalho e João Luis, são também arguidos neste processo Nuno Dias,
ex-funcionário do SIS, a ex-operadora da Optimus Gisela Teixeira e o
presidente da Ongoing, Nuno Vasconcelos, este último relacionado com uma
alegada troca de favores na contratação de Silva Carvalho, para aquele
grupo de investimentos.
Nas alegações
finais, o advogado de Silva Carvalho disse também que a notícia de Nuno
Simas era "perigosa e gravosa", sendo necessário apurar quem "era a
toupeira dentro dos serviços" e foi, neste contexto, que se deu a ordem
para ter acesso à faturação detalhada do jornalista.
João
Medeiros adiantou que "a prática do acesso à faturação detalhada fez
parte da 'praxis' normal dos serviços", tendo Silva Carvalho se limitado
a usar os meios que habitualmente eram colocados ao seu dispor.
"O
secretário-geral do SIRP estava ao corrente do que se passava e deu o
seu aval a Silva Carvalho", afirmou ainda João Medeiros.
A
mesma tese de que esta prática era recorrente nos serviços, foi
defendida também pelo advogado de João Luís, que sublinhou que o seu
cliente agiu "sempre de acordo com os procedimentos" internos.
Paulo Simão Caldas disse ainda que João Luís "recebeu e executou uma ordem".
Na
quinta-feira, o Ministério Público (MP) pediu a condenação do
ex-diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa Jorge Silva
Carvalho, do presidente da Ongoing, Nuno Vasconcelos, e do
ex-funcionário do SIS e do SIED João Luis.
Segundo a procuradora Teresa Almeida, ficaram provados todos os factos da pronúncia e estão e causa "factos graves".
O
MP considera ainda que o ex-funcionário do SIS Nuno Dias e a
ex-operadora da Optimus Gisela Teixeira não deviam ser condenados, uma
vez que estavam a cumprir ordens do superior hierárquico, neste caso,
Silva Carvalho.
As alegações finais dos advogados dos arguidos continuam hoje à tarde.
* Toda esta situação é escabrosa.
* Toda esta situação é escabrosa.
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