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"PÚBLICO"
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BPI acusa Isabel dos Santos de
não ter em consideração
"o interesse fundamental" do banco
Blindagem de estatutos impediu que proposta de cisão dos negócios africanos fosse aprovada.
A empresária Isabel dos Santos conseguiu esta sexta-feira travar a
proposta de cisão dos negócios de banca do BPI em Angola, o que
representa mais um vitória no braço-de-ferro que mantém com a gestão e com o maior accionista, o Caixabank,
que detém 44% do banco. O clima de tensão começa a agravar-se, como
fica patente na acusação do presidente do BPI, Fernando Ulrich, de que o
interesse fundamental do banco não foi respeitado.
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Tendo como
pano de fundo a limitação dos direitos de voto a 20%, Ulrich afirmou
que, "até agora, esta situação não tinha criado nenhum problema, mas
hoje isso foi quebrado porque o interesse fundamental do banco não foi
tido em consideração, mas [sim] outros interesses".
O gestor
reforçou que, sem a blindagem de estatutos, a proposta de cisão dos
activos africanos do BPI (além de Angola inclui também Moçambique) teria
sido aprovada com os votos favoráveis de 73,8% do capital representado,
já que os votos contra de Isabel dos Santos teriam um peso de
apenas 26,2%. Com a presente blindagem não foi alcançada a maioria
qualificada de dois terços dos votos necessários à aprovação.
O
ligeiro aumento de presença de capital representado na assembleia-geral,
realizada esta sexta-feira no Porto, que ascendeu a 82,35% (contra os
habituais 80%), não foi suficiente para permitir ao banco cumprisse,
através da medida proposta, a exigência do Banco Central Europeu (BCE)
face à exposição do banco em Angola.
Em alternativa à cisão,
Isabel dos Santos, que detém 18,58% do BPI, já propôs várias
estratégias, com destaque para a compra de 10% do Banco de Fomento de
Angola (BFA) por parte da Unitel (controlada pela empresária angolana),
que dessa forma passaria a ter o controlo do banco.
Esta solução,
que implicava o pagamento de 140 milhões, já foi chumbada pelo conselho
de administração, num quadro de clima que envolve a gestão, o maior
accionista, o espanhol Caixabank (com 44% do capital, mas que apenas
pode votar com 20%) e a Santoro de Isabel dos Santos.
No final da
assembleia-geral, o presidente do BPI, Fernando Ulrich, disse que as
negociações vão continuar com a accionista angolana, e garantiu ainda
que não foi dado nenhum argumento contra a cisão.
O gestor referiu
ainda que até há uma semana existia um consenso com a empresária para a
cisão do BFA, e que esta exigia apenas um arranjo accionista mais
favorável aos interesses angolanos na nova sociedade que resultaria da
cisão.
A solução proposta por Isabel dos Santos implicava uma
dispensa de Oferta Pública de Aquisição na nova sociedade que reunirá as
participações de Angola, mas o regulador, a Comissão do Mercado de
Valores Mobiliários (CMVM) não aceitou essa dispensa. Já o Caixabank
aceitava.
"A situação é complexa", garante Ulrich, que não esclareceu se será preciso uma nova assembleia-geral para resolver a situação.
Por
seu lado, Mário Leite Silva, representante de Isabel dos Santos,
garantiu que a empresária está aberta a outras soluções para resolver a
exposição do BPI a Angola, mas não adiantou quais.
Falando no
final da assembleia-geral do BPI, onde a Santoro chumbou a proposta de
cisão dos negócios africanos do BPI, o responsável recusou-se a comentar
se a solução proposta era boa ou má, alegando apenas que "ela não é
possível". A impossibilidade decorre da oposição da Unitel (onde Isabel
dos Santos controla e detém pelo menos 25%), que entretanto queria
adquirir 10% do Banco de Fomento de Angola (BFA), solução que foi
travava pela gestão do banco.
Sobre a nova proposta da
administração do banco, de desblindagem de estatutos, que actual limita
os direitos de voto a 20%, Mário Silva, que é presidente da Santoro,
deixou a garantia que não seria aceite a não ser que fizesse parte de um
movimento de consolidação. "Sem isso vamos aguardar", garantiu.
Isso
significará que a empresária angolana continua a manter em cima da mesa
a sua proposta de fusão do BCP com o BPI (ou, então, com outra
instituição). Apesar de admitir que movimento de consolidação continua a
fazer sentido, Mário Silva adianta que não permite cumprir as
exigências do BCE, que terão de ser satisfeitas até 10 de Abril.
A
proposta de desblindagem de estatutos avançada esta quinta-feira, e que
precisa de reunir igualmente dois terços dos votos, será outro
braço-de-ferro com a accionista e que Fernando Ulrich não esclarece como
vai ser ultrapassado.
Sobre este aspecto, o CaixaBank já afirmou
que vê com agrado a iniciativa (que sempre defendeu) de desblindar os
direitos de voto, anunciada pela administração do banco, mas lançou um alerta
de que o futuro da sua posição no banco está em aberto: “O CaixaBank
não tomou nenhuma decisão acerca da sua posição no BPI”. E diz que
tomará as “decisões que considere apropriadas” em função do resultado da
votação sobre a eliminação das restrições ao voto e “outras
circunstâncias que possam ser relevantes”.
Contactado pelo Lusa, o
Caixabank não quis comentar do desfecho da AG de hoje. As acções do
banco terminaram esta sexta-feira a subir 8,9%.
* Isabel dos Santos é uma das maiores cúmplices dos crimes paternos, sempre o denunciámos. Quando o sr. Ulrich encetou negócios com a "zeduzinha" não desconhecia o mau carácter e desfaçatez da dita, quem semeia estrume colhe merda.
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