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DA MADEIRA"
Cancro do pulmão aumenta entre não
. fumadores e predomina nas mulheres
. fumadores e predomina nas mulheres
A incidência de cancro do pulmão está a aumentar entre não fumadores e
afecta principalmente mulheres, revela um estudo do Instituto Português
de Oncologia (IPO), que quis perceber as diferenças entre doentes
fumadores e não fumadores tratados naquela instituição.
.
Trata-se do primeiro estudo efectuado a nível nacional que
caracteriza a população portuguesa relativamente a Carcinoma do Pulmão
de Não-pequenas Células (CPNPC), o tipo mais comum de cancro do pulmão,
em não fumadores e um dos maiores estudos efectuados a nível europeu,
onde os dados sobre cancro do pulmão em não fumadores são escassos.
"Como sabemos, o tabagismo é responsável por 85% 90% dos cancros do
pulmão em todo o mundo, sendo o principal fator de risco para esta
doença. Contudo, doentes não fumadores também têm cancro do pulmão e
pela nossa experiência clínica e também de acordo com os mais recentes
estudos epidemiológicos internacionais, estes doentes não fumadores são
cada vez mais", explicou à Lusa Cátia Saraiva, do Departamento de
Pneumologia do IPO.
Nesse sentido, a equipa da investigadora realizou no IPO de Lisboa um
estudo envolvendo 1.411 doentes com CPNPC, para procurar as diferenças
entre os dois tipos de doentes tratados no IPO nos últimos 25 anos.
"Foram incluídos neste grupo 504 doentes não fumadores e, para termos
comparativos, 907 doentes fumadores. Analisaram-se várias
características clínicas, patológicas, epidemiológicas e a sobrevida
destes doentes, no intuito de perceber factores que pudessem estar
relacionados com um melhor prognóstico", explicou.
As principais diferenças encontradas entre fumadores e não fumadores
foram uma maior predominância de cancro no sexo feminino (54% no grupo
dos não fumadores e 9,4% nos fumadores), bem como o predomínio do
subtipo histológico Adenocarcinoma (69,9% contra 43,6%).
No entanto, o estudo revelou que existe menor prevalência de
patologias associadas ao fumo do tabaco, como cancro da laringe, Doença
Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) ou doença cardíaca isquémica, entre
os não fumadores
Da mesma forma, foi detectada uma menor mortalidade deste grupo
(78,4% entre não fumadores contra 92,9% entre fumadores) e uma maior
sobrevida global desde o diagnóstico (51 meses versus 25 meses).
Em suma, indica a investigadora, o CPNPC em não fumadores é mais
frequente em mulheres, o subtipo histológico mais frequente é o
adenocarcinoma, as co-morbilidades associadas com o tabaco são menos
frequentes e a sobrevida é melhor.
"Isto leva-nos a concluir que o CPNCP em não fumadores é uma entidade
clínica diferente com melhor prognóstico, ou talvez se manifeste de
forma diferente em não fumadores", acrescentou.
Ao contrário do que seria de esperar, contudo, ambos os grupos de
doentes continuam a ser diagnosticados no último estádio da doença, pelo
que é importante que quer os médicos, quer a população em geral, fique
alerta para o cancro do pulmão em não fumadores, para que o diagnóstico
seja feito mais atempadamente, com maior benefício para os doentes,
considera Cátia Saraiva.
No grupo de não fumadores foram frequentemente diagnosticados
estádios avançados da doença, mais de metade (59%) estavam já no estádio
IV, em que o cancro se tinha espalhado a outras partes do corpo:
diferentes áreas do mesmo pulmão, pulmão oposto, ossos e cérebro.
"Parece plausível que a população de não fumadores portugueses não
está ciente dos riscos de cancro de pulmão, mas precisamos de confirmar
os nossos resultados através de estudos de base populacional", refere a
investigadora.
* Uma notícia muito grave.
.
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