HOJE NO
"OBSERVADOR"
“Ei!” este serviço facilita-lhe a vida
Duas juristas criaram a primeira empresa de assessoria aos emigrantes e
imigrantes depois de sentirem na pele as dificuldades de viver entre
dois países. A loja abriu portas em Lisboa esta semana.
Carla Zenóglio, 45 anos, emigrou em 2010 para Angola, mas volta a
Portugal duas vezes por ano. Durante essas breves viagens de regresso, o
tempo tem de ser suficiente para tratar do arrendamento da casa que
deixou para trás, para ir a consultas médicas, para aproveitar algum
evento cultural lisboeta. “Estamos muito pouco tempo em Portugal e não
conseguimos fazer tudo”, diz a consultora jurídica. Através das redes
sociais, Carla Zenóglio encontrou uma empresa recém-formada que,
acredita, vai ajudá-la a resolver os assuntos pendentes que tem em
Portugal e a aproveitar as curtas estadias no país. Trata-se da Ei!, o
primeiro serviço profissional de assessoria aos emigrantes, imigrantes e
viajantes, que esta semana abriu uma loja em Lisboa.
Gilda Pereira também emigrou para Angola e, à semelhança de Carla
Zenóglio, “sentia dificuldades em gerir tudo à distância”. Por isso,
entregou as chaves da casa de Lisboa à amiga Inês Salvo, que passou a
tratar-lhe do correio e a contratar uma empresa para limpar o
apartamento de Gilda nas vésperas de esta regressar a Portugal. Os
amigos emigrantes começaram a pedir coisas semelhantes a Inês.
Pouco
tempo depois, Gilda Pereira e Inês Salvo perceberam que tinham uma ideia
para um negócio e em junho lançaram, nas redes sociais, a empresa Ei!.
“É uma ideia que faz todo o sentido
com
o novo tipo de emigrantes que temos, cujo estrato social é mais
elevado”, disse Gilda Pereira durante a abertura da loja da sua empresa,
no número 20 da Avenida Visconde de Valmor.
As duas amigas, licenciadas em Direito, pensaram primeiro no apoio
aos imigrantes e emigrantes, mas acabaram por “sentir necessidade de
alargar os serviços aos viajantes”, depois de terem sido contactadas por
turistas que queriam encontrar um local para ficar durante a viagem a
Portugal. Para além disso, a Ei! presta apoio a muitos residentes em
países de língua portuguesa que se deslocam a Lisboa por causa de
cuidados de saúde.
Nestes três meses de funcionamento, os serviços mais solicitados são a
gestão de arrendamento, a obtenção de vistos, a receção e envio de
correio e a procura de alojamento. Mas também há quem peça ajuda para
transportar animais ou para comprar bilhetes para concertos, festivais,
ou para “jogos do Benfica”, disse Gilda Pereira.
A tabela de preços
varia de acordo com os serviços pedidos, mas no caso da gestão do
arrendamento, por exemplo, a empresa cobra “10% daquilo que a pessoa vai
ter de proveito”. A receção e envio de correio – que inclui um acordo
de confidencialidade para tudo aquilo a que a equipa “tiver acesso” ao
analisar a correspondência – pode custar 40 euros por mês. Os clientes
podem ainda pedir um orçamento para “o que foge dos serviços padrão”,
explicaram as sócias.
É o caso de Carla Zenóglio, que vai fazer um levantamento dos
serviços de que necessita e perguntar junto da Ei! qual o custo
previsto. Mas esta consultora jurídica está convencida de que compensa.
“Precisamos muito. Estou num país onde o acesso à internet é limitado.
Não conseguimos fazer as coisas. Temos 22 dias úteis de férias por ano e
é muito curto. Vivemos noutro país, mas continuamos a ter muitas
ligações”. Através desta empresa, Carla Zenóglio espera conseguir marcar
atempadamente os campos de férias que os filhos frequentam no verão ou
reservar e levantar os manuais escolares que têm de ser encomendados em
Portugal.
A família de Carla Zenóglio pensa um dia voltar ao país, ainda que
não haja “uma data certa” para esse regresso. Mas mesmo que isso
aconteça, a consultora jurídica sabe que “terá uma vida entre Portugal e
Angola” e provavelmente continuará a precisar da Ei!. “É um apoio que
temos. Deixamos de precisar de estar sempre a recorrer aos familiares”,
diz.
* A inteligência e prespicácia feminina a funcionarem.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário