A França ameaçava há meses fazer deslizar
das metas orçamentais. Já o tinha feito em Abril passado e abandonado a
do défice nulo em 2007. Definiu, na altura, um objectivo de 3% em 2015.
Prolongou-o agora mais dois anos. Em meados do próximo
mês, no âmbito do semestre europeu, vai solicitá-lo, precisamente, ao
francês Moscovici, que antecedeu o atual ministro Sapin no Governo.
Este pedido surge num contexto europeu em mudança.
O novo Presidente da Comissão fala da necessidade de calibrar a intensidade da austeridade com
a evolução do desemprego. Mário Draghi tem desafiado a ortodoxia alemã.
Engrossam os economistas que questionam as orientações europeias.
Recentemente Paul Grauwe defende que importa suspender as famosas
reformas estruturais, urgindo estimular o investimento público.
A
brisa que se foi levantando, defendendo uma reorientação das orientações
macroeconómicas, tem vindo a engrossar na Europa. É cada vez mais
forte.
Afirmam os franceses que o crescimento tem sido fraco,
face ao previsto em Abril passado, assim como a inflação baixa.
Recorre-se, então, no deslizamento, aos ensinamentos da Macroeconomia e
aos pressupostos excecionais do Tratado Orçamental.
Para
Portugal, mais faria sentido este argumento. A riqueza nacional recuou
mais duma década. A destruição de postos de trabalho é enorme. A
inflação não é elevada. A emigração jovem permanente. O peso da divida
na riqueza nacional cada vez maior.
Os responsáveis políticos
europeus estão a tentar ganhar tempo. Estão num impasse. Portugal é a
demonstração da falência do caminho de ajustamento seguido.
Notícias
destas, como a francesa, só alimentam os que defendem a mudança.
Portugal só tem a ganhar. É preciso, no entanto, que a mudança se
consolide.
O caminho é tortuoso, demorado e não é fácil. Depende,
sobretudo, dos diversos eleitorados nacionais escolherem dirigentes com
visões distintas, para que ele se solidifique nas instâncias europeias.
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
17/09/14
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