HOJE NO
" RECORD"
Morgado admite falha
na condenação de adeptos
A Procuradora-Geral Adjunta do Ministério Público, Maria José
Morgado, admitiu esta quarta-feira falhas na punição legal de adeptos
violentos nos estádios de futebol e que estes "têm de sentir" que são
punidos rapidamente "se pisarem o risco".
ELUCIDATIVA |
"A contraordenação
não tem funcionado e tem de funcionar. Tem de haver uma inevitabilidade,
os adeptos violentos têm de perceber que correm um risco e que a
punição é inevitável, tanto penal como contraordenacional", disse Maria
José Morgado no decorrer do seminário internacional "Estádios de Sítio -
o fenómeno da violência associada ao desporto", que decorre em Lisboa.
Por
outro lado, sublinhou a procuradora, tem de haver "instantaneidade
nessa punição". "Pisa-se o risco hoje e é-se punido hoje, quanto mais
não seja amanhã, e é isso que não temos conseguido", disse Maria José
Morgado, considerando, por outro lado, essencial que se torne
obrigatório o registo dos grupos de adeptos organizados (claques) e
subsequente atualização desse registo.
Quanto às razões para
estas falhas, a procuradora disse que um parecer vinculativo da
Procuradoria-Geral da República de maio de 2012 "criou problemas de
impossibilidade de aplicação e de incriminação destas condutas" dos
adeptos violentos. "O Ministério Público tinha conseguido registar
condenações na época de 2011, (...) mas estas perderam o efeito
preventivo por falta de continuidade e pela jurisprudência de remeter
estas condutas [dos adeptos] para o âmbito das contraordenações", disse a
procuradora. Assim, disse, a partir de maio de 2012 "criou-se uma
espécie de offshore legal nesta matéria". Espelho disso, sublinhou, é o
escasso número de condenações efetivas de adeptos violentos em Portugal.
"Punição
efetiva e inelutável dos adeptos tenho o caso do Benfica-Spartak de
Moscovo, de 07 de novembro de 2012, em que houve a condenação de 30
adeptos, condenados a penas acessórias de proibição de entrar em
estádios", enumerou. Tirando este caso, acrescentou Maria José Morgado,
todos os outros "são de absolvições e há um caso de multa".
Maria
José Morgado sublinhou, no entanto, que a partir de julho de 2013 houve
uma clarificação importante na lei das armas, que indica agora que a
posse de tochas, fumos ou outros artefactos pirotécnicos passa a crime.
Esta alteração contribui "para travar a violência", disse Maria José
Morgado, que considera - ainda assim - que a lei das armas "continua
confusa".
* A que parlamentares interessa que a lei das armas continue confusa? As leis emanam do parlamento, há muitas denúncias de elaboração de leis para favorecer grupos de pressão, é legítimo perguntarmos a quem convém leis que estabelecem confusão.
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