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Banco público de células estaminais
sem financiamento próprio
A responsável pelo Lusocord acredita que a situação vai ser resolvida em breve, depois de ter recebido um sinal positivo do governo
O Banco Público de Células Estaminais do Cordão Umbilical (Lusocord), a funcionar desde 2009 no Centro de Histocompatibilidade do Norte (CHN), nunca teve financiamento próprio mas esta situação deverá ser resolvida "em breve". Pelo menos, assim espera Helena Alves, directora do CHN e responsável pelo Lusocord.
"Recebemos um sinal positivo do governo e esperamos que as verbas contempladas no Orçamento do Estado sejam desbloqueadas." A responsável fala de um valor que rondará os dois milhões de euros e que representa "cerca de metade do que seria suposto para a actividade anual". Anualmente, o banco público congela cerca de três mil colheitas de células estaminais e a curto prazo, explica Helena Alves, "quando as amostras estiverem disponíveis, poder-se-á compensar esses gastos com o dinheiro que se poupa na importação do sangue do cordão e com o que se ganha na exportação" para os países que dele necessitarem. "Isto não é um poço sem fundo. Com a disponibilização das nossas amostras, acabaríamos por criar sustentabilidade para o banco", referiu.
Durante estes dois anos de funcionamento, o Lusocord tem andado "a poupar, a apertar e a inventar", isto porque, ainda segundo Helena Alves, "usa a verba disponível para o CHN". Não há dinheiro mas também não há pessoal. "O centro de histocompatibilidade tem andado sempre nos limites", refere a médica, admitindo que o quadro inicial previsto era de 49 pessoas mas "nunca chegou a ter mais de 24 ou 25 [funcionários]". "Actualmente, temos 14 pessoas no quadro, a começar na directora e a acabar na auxiliar de limpeza", frisou, sublinhando que, no caso do Lusocord, serão necessárias "pelo mesmos 10 a 12 pessoas" para garantir o seu funcionamento.
dificuldades financeiras Apesar do "excelente conjunto de amostras" para criopreservação e investigação, Helena Alves diz que "uma parte importante deste processo ficou por cumprir" devido às dificuldades financeiras e de pessoal. Assim, tiveram de ser feitas opções e a parte mais burocrática da análise ficou por fazer. "Preferimos fazer a colheita e a criopreservação e depois proceder à revisão dos processos de inscrição no registo internacional. Isso está por fazer mas, se houver gente, em dois ou três meses fica tudo concluído." A médica, especialista em imunohemoterapia, explica que a aposta foi feita no sentido de proteger o que não se pode controlar: as doações e o momento dos partos.
O Banco Público de Células Estaminais do Cordão Umbilical permite não só tratar doentes com leucemia, aplasias medulares e outras doenças com necessidade de transplante, como pode ainda disponibilizar amostras para a investigação no tratamento de doenças como diabetes, alzheimer, parkinson, paralisias cerebrais, doenças auto-imunes e coronárias.
Em dois anos, o Lusocord fez a criopreservação de sete mil unidades para transplantes, de um total de 18 mil dádivas. "Temos sempre um número muito superior de dádivas, só que nem todas podem ser criopreservadas para transplantes porque não preenchem critérios de qualidade, devido a infecções adquiridas no momento do parto ou porque o cordão não tem o comprimento ou volume de sangue suficiente para congelar", concluiu Helena Alves.
* Este banco não é o BPN e por isso não é um bom negócio, sim porque o BPN é um bom negócio, para poucos, sabemos!
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