21/09/2024

ANDRÉ MACEDO

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O IRS jovem é política velha

A artificialidade da medida eleva o poder discricionário do Estado ao nível hardcore: aos 35 anos, és um jovem promissor; aos 36, és um velho adulto curvado pelos impostos. Nada disto faz sentido, exceto na mercearia política.

IRS jovem é um disparate político, económico e financeiro. É um absurdo com ares de Sócrates que o FMI já arrasou e ontem o Conselho de Finanças Públicas pôs no devido lugar: é uma despesa pública – eu diria: é um desperdício e uma lastimável injustiça – que custará 1,2 mil milhões de euros por ano e votará a atirar o país para os braços do défice público. Não podia ser pior. A artificialidade da medida eleva o poder discricionário do Estado ao nível hardcore: aos 35 anos, és um jovem promissor; aos 36, és um velho adulto curvado pelos impostos. Nada disto faz sentido, exceto na mercearia política

Eu até compreendo que o Parlamento de hoje seja ingerível; e penso mesmo que PSD e CDS mereciam ter outras condições de governo pela simples regra da saudável alternância democrática. Mas esta ânsia de comprar votos através de benefícios pagos com o dinheiro de todos não é apenas um embaraço, é um risco para o país. 

Bem sei que o oráculo Vítor Bento fez escola ao dizer que o PSD nunca ganharia eleições porque o PS era o dono dos funcionários públicos e dos pensionistas – uma tese preguiçosa –, mas o primeiro- -ministro está a levar a cartilha longe de mais. Luís Montenegro quer ser amado, mas deveria querer ser respeitado. Tony Blair acaba de escrever um livro sobre o assunto onde explica como isso é fatal. Felizmente, o Conselho de Finanças Públicas existe e junta independência com competência. Não evita desastres, mas às vezes identifica o perigo a tempo de os governos mudarem de trajetória

* Consultor de comunicação

IN "O JORNAL ECONÓMICO" -20/09/24.

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