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O incrível vómito de
Pepe e o chefe Mota
Esqueça tudo o que apresentamos nas páginas 4 e 5 e veja se concorda
comigo: a Liga perdeu o melhor jogador das últimas quatro, cinco
temporadas - Pepe. Aos 41 anos, o central, lenda da seleção e do futebol
mundial, com passagens vincadamente marcantes por F. C. Porto e Real
Madrid, decidiu pendurar as botas e arrumar as camisolas no baú, como se
assistiu no vídeo da despedida. Tenho um leque de jogadores que me
emocionam, pela qualidade, classe, talento e atitude competitiva. Sem
puxar muito pela memória, tenho um fetiche por Romário, Roberto Baggio
e, indiscutivelmente, Pepe. Os dois primeiros, verdadeiros craques de
Brasil e Itália, facilmente, colecionam uma legião de fãs, por serem
jogadores obras de arte, criadores de fantasias e golos. Já Pepe é um...
defesa e, mesmo assim, entra nesse lote restrito. Quando falo de Pepe, e
acredito que não sou caso único, lembro-me imediatamente da final do
Europeu, onde tivemos de sofrer a bom sofrer para bater a França com o
mítico golo de Éder. O ato não é bonito, mas ter visto Pepe a vomitar no
final desse jogo, o mais importante da história do futebol português,
foi para mim das imagens mais heroicas que assisti até hoje. Aquilo,
sim, foi deixar a pele em campo. E foi, assim, que Portugal se sagrou
campeão europeu.
Com passinhos de lã, sem muita gente dar por isso, José Mota é o
treinador com mais jogos (443) na Liga dos 18 que vão iniciar este
campeonato. Nunca treinou um grande, mas é muito... grande, e sei do que
falo, porque convivi de perto com o mister Mota e sei como valoriza as
relações humanas, sobretudo, com os jogadores. Não é mediático, nem
pertence à nova vaga dos jovens treinadores, daqueles que insistem numa
linha de três e nas saídas de bola só para ficar bem na fotografia. Mota
é um treinador que joga para ganhar, um condutor de homens, que tira o
melhor de cada um e que também soube evoluir com o avançar dos tempos. O
Farense continua muito bem servido.
* Amante do desporto desde o berço. Inconformado e guiado pelo porquê das
coisas. Licenciado em Comunicação Social na Escola Superior de
Jornalismo do Porto, editor no jornal Matosinhos Hoje, colaborador do
jornal A Bola e da UEFA. A vestir a camisola do Jornal de Notícias desde
2006, editor adjunto a partir de 2021. Tática preferida 4x2x3x1.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS" - 10/08/24.
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