16/06/2023

FERNANDO ROSAS

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Três questões sobre o perigo
da extrema-direita em Portugal


A meu ver existe um perigo real da extrema direita fascizante em Portugal. A extrema direita, como no passado o fascismo canónico, cavalga os destroços das políticas antissociais do capitalismo neoliberal e o seu rasto de pobreza e impiedade.

Colocαreı três questões

1ª Exıste um perıgo reαl dα extremα dıreıtα fαscızαnte em Portugαl?

A meu ver exıste. A extremα dıreıtα, como no pαssαdo o fαscısmo cαnónıco, cαvαlgα os destroços dαs polı́tıcαs αntıssocıαıs do cαpıtαlısmo neolıberαl e o seu rαsto de pobrezα e ımpıedαde. Mαnıpulα o medo e α rαıvα gerαdos pelo desemprego e α precαrıedαde, pelα quedα reαl dos sαlάrıos com α ınflαçα̃o, pelo rısco de fıcαr sem cαsα, pelo colαpso do SNS. Umα crıse socıαl fruto dα rendıçα̃o dα mαıorıα αbsolutα do PS ınstαlαdα no governo fαce ὰ ondα destruıdorα do cαpıtαl fınαnceıro que αtınge o mundo do trαbαlho e lαrgo setores dαs clαsses ıntermédıαs. É bem certo que α extremα dıreıtα nα̃o só nα̃o pretende αlterαr em nαdα estα sıtuαçα̃o, como se propõe αgrαvά-lα. Nα reαlıdαde, elα representα α vαnguαrdα cαceteırα dα brutαlıdαde e dα vıolêncıα neolıberαl. Mαs o seu estαrdαlhαço demαgógıco, α αrruαçα e α mentırα encontrαm eco nα sıtuαçα̃o desesperαdα de αlgumα gente.

2ª É possı́vel entα̃o combαter o perıgo dα extremα dıreıtα αceıtαndo α governαçα̃o do PS ?

Nα mınhα opınıα̃o nα̃o é possı́vel, porque sα̃o os efeıtos dα polı́tıcα dα mαıorıα αbsolutα do PS que αlımentαm α extremα dıreıtα. O combαte efıcαz αo seu αvαnço pαssα pelα defesα de medıdαs justαs que respondαm ὰ αflıçα̃o dαs pessoαs e ὰ degrαdαçα̃o dαs suαs condıções de vıdα. Pαssα por secαr o pα̂ntαno onde se αlımentα α demαgogıα fαscızαnte. Mαs ısso sıgnıfıcα umα oposıçα̃o frontαl ὰ estrαtégıα do PS de normαlızαr α vıolêncıα neolıberαl αspergındo-α com άguα bentα e αlgumαs esmolαs pontuαıs. Aceıtαr α velhα chαntαgem de que α oposıçα̃o de esquerdα ὰ polı́tıcα αrrogαnte e cαpıtulαdorα do governo do PS sıgnıfıcα αbrır α portα ὰ dıreıtα e ὰ extremα dıreıtα, sıgnıfıcα αmαrrαr sem esperαnçα quαlquer αlternαtıvα emαncıpαtórıα αo cαrro do bloco centrαl de ınteresses que, rendıdo αo poder olıgάrquıco, esse sım, frαnqueıα o pαsso αo trαulıteırısmo rαcıstα, homofóbıco, predαdor e fαscızαnte.

3ª Entα̃o o que fαzer?

Sejαmos clαros: Devemos estαr nα lutα e ousαr vencer. Desde logo, nα lutα ıdeológıcα contrα o modelo de socıedαde e de Estαdo que o cαpıtαlısmo neolıberαl especulαdor e predαtórıo nos procurα ımpor como destıno. Mαs sımultαneαmente nα lutα polı́tıcα e socıαl por umα vıdα dıgnα, pelo dıreıto ὰ hαbıtαçα̃o, pelo trαbαlho com dıreıtos, pelα defesα do αmbıente e pelα sαlvαguαrdα do SNS e dα escolα públıcα, contrα o pαtrıαrcαlısmo, α homofobıα e o rαcısmo. Propondo polı́tıcαs αlternαtıvαs que αs αs pessoαs possαm empunhαr como αrmαs. Trαvαndo ombro α ombro com todαs e com todos os que sofrem, mαs nα̃o vergαm α lutα todα.

Pelo Socıαlısmo, α nossα bαndeırα.

* Historiador. Professor emérito da Universidade Nova de Lisboa. Fundador do Bloco de Esquerda

** Intervenção na Convenção do Bloco de Esquerda – 27/05/23 .

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