24/04/2022

JOAQUIM JORGE

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Um novo 25 de Abril

Quando se vai festejar o 25 de Abril, dia da liberdade e da conquista de direitos para os cidadãos, no momento actual, nada disto faz muito sentido e começo a pensar que é necessário a refundação da República e do regime vigente.

Às vezes penso que se terá que se fazer um novo 25 de Abril, mas não com armas. As armas terão que ser as atitudes e comportamentos, como suporte de uma revolução pacífica de ideias.

Quando se vai festejar o 25 de Abri, dia da liberdade e da conquista de direitos para os cidadãos, no momento actual, nada disto faz muito sentido e começo a pensar que é necessário a refundação da República e do regime vigente.

Cresce a indignação dos portugueses contra uma classe política e dirigente, alguma dela corrupta, incapaz de tirar o país deste atoleiro e deste túnel sem luz ao fundo.

Actualmente, olha-se para qualquer lado, há um socialista, um familiar, um amigo, é impressionante como o PS tomou conta do aparelho do Estado.

Não podemos deixar de estar atentos às estatísticas da  Cáritas e da OCDE que alertam contra o injusto crescimento e o fosso abismal nas desigualdades, em que condenam milhares de pessoas à exclusão social.

Os cidadãos estão imóveis , aterrorizados, para ver quando isto acaba e começa a verdadeira recuperação, e não, a tão propalada propaganda versus eleições e discursos de políticos.

Os cidadãos impacientam-se, indignam-se e vociferam, mas de pouco vale. Os protestos sempre houve, mas os portugueses começam a pensar que nada resulta. O país tornou-se obediente, medroso e egoísta. O importante é ter um emprego ou um subsídio ou estar bem relacionado com alguém do PS.

Um regime que abandona os seus pode estar em causa. Os cidadãos abandonados à sua sorte poderão protagonizar um novo 25 de Abril . Os partidos de turno, PSD e PS , ora um ora outro lideraram os vários governos depois do 25 de Abril, porém, não têm dado conta do recado. No presente, o PS em tempo de poder passa em larga escala o PSD.

O bipartidarismo não tem resolvido o nosso endémico problema de sustentabilidade. É preciso alguém que tire Portugal do túnel e desta desgraça.

Porém, no momento actual, o unipartidarismo do PS é avassalador na sociedade portuguesa. Eu sei, foram escolhidos pelos portugueses em eleições, porém  metade nem sequer foi votar.

Hoje em dia, após o 25 de Abril, já lá vão 48 anos, os pobres estão cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos.

Procuro ser um optimista informado, mas começo a pensar que Portugal é um país sem solução.

A política vive do fatalismo da herança recebida e muito do “aplausómetro”.

Viver não é só tentar chegar ao fim do mês, há a satisfação de outras vertentes mínimas.

A economia não é só os bancos, os agiotas, as hipotecas, as acções, etc., a economia é também a vida explícita e geral.

A maior arma que o cidadão tem ao seu dispor é o “pensamento e a cultura”, temos que continuar a fomentar e incentivar o pensar e debater ideias.

Gostava muito de saber a opinião de Salgueiro Maia pelo rumo que Portugal está a levar? Salgueiro Maia, muitas vezes esquecido, sendo um dos principais  responsáveis pela nossa liberdade. Infelizmente, já falecido não  pode dar a sua opinião, mas tenho uma noção do que diria.

* Fundador do Clube dos Pensadores

IN "iN" - 20/04/22.

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