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Empresários com contratos com as Forças Armadas em caçadas com altas patentes militares nos terrenos do campo de Tiro de Alcochete
A justiça tem em mãos um novo escândalo nas Forças Armadas. Segundo informações apuradas pela CNN Portugal junto de fontes próximas do processo, em causa estão suspeitas de corrupção, além de outros crimes, investigados a partir de uma pista relacionada com eventos de caça, semiclandestinos, realizados em plena reserva militar do Campo de Tiro de Alcochete, sob a tutela do Estado Maior da Força Aérea.
A investigação partiu de denúncias internas e corre termos no Ministério Público em articulação com a PJ Militar – e aponta para favorecimento, ao mais alto nível, a empresários que são convidados para caçadas, acompanhados de altas patentes militares, nomeadamente generais.
Além dos indícios de que aquela atividade ali ocorre à revelia do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas – que tem por missão autorizar a caça e fazer o controlo cinegético nos terrenos do campo de tiro -, há suspeitas de contrapartidas financeiras para os responsáveis militares, uma vez que os convidados em causa gerem empresas que têm contratos públicos celebrados com as Forças Armadas.
Denúncia interna
Há largos meses, uma denúncia colocou a PJ Militar no rasto de um esquema antigo, e recorrente, no seio da Força Aérea, que tutela os oito mil hectares do campo de tiro de Alcochete. O caso já deu inclusive origem a buscas judiciais no Estado Maior da Força Aérea.
As caçadas com alto patrocínio militar ocorrem geralmente aos fins de semana, numa zona junto às reservas naturais dos estuários do Tejo e do Sado. A denúncia inicial apontava para a organização, validada pelos sucessivos coronéis que dirigem aquela unidade militar, de eventos de caça semiclandestinos junto a duas reservas naturais: os caçadores de fim de semana são empresários, acompanhados por generais e outras altas patentes das Forças Armadas, num espaço que já ganhou por exemplo o prémio de defesa nacional e ambiente.
Os eventos, conforme denunciado, incluem almoços de caça – repastos que juntam à mesa decisores das Forças Armadas e empresários que terão negócios com o Estado.
Há alegadamente um conhecimento alargado destas caçadas no universo militar, sendo distribuídas peças de caça por diferentes unidades da Força Aérea, como gesto de simpatia e de manutenção de bom ambiente, conforme foi denunciado.
Os pormenores foram considerados credíveis pela investigação do Ministério Público, a cargo do DIAP de Lisboa, que reúne indícios por crimes como corrupção ou favorecimento pessoal.
PGR confirma inquérito
A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou na tarde desta quinta-feira, 25 de novembro, a existência de um inquérito em curso sobre este caso. Em resposta escrita enviada à agência Lusa, a PGR adiantou apenas que o inquérito está a ser conduzido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e que a investigação se encontra “sujeita a segredo de justiça”, sem revelar por agora mais informações sobre a notícia hoje avançada pela CNN Portugal.
Também a Polícia Judiciária Militar (PJM), através do porta-voz Marco Ermidas, indicou à Lusa que os suspeitos envolvidos são “militares e não militares”. Esta investigação já decorre “há mais de seis meses”, acrescentou, sem adiantar mais pormenores, alegando que “o processo se encontra em segredo de Justiça”.
NR: Se alguém pensa que o sr. Vice-almirante Gouveia e Melo é exemplo comum de seriedade dos elementos das Forças Armadas desengane-se.
Nós por aqui estamos contentes porque todos os militares nossos conhecidos e ainda elementos da PSP e GNR são gente honesta, olha a nossa sorte!
Ao contrário do que diz o sr Presidente da República consideramos que nas FA existem e muitos mais vão ser conhecidos, indivíduos corruptos, criminosos que mancham a reputação e consideração por parte da sociedade civil por quem veste a farda militar. Todos os ministros da Defesa, todos os chefes de governo não podem alegar desconhecimento do conluio existente entre oficiais superiores e empresários corruptos nos três ramos militares.
Ressalve-se que João Gomes Cravinho demitiu compulsivamente o director da PJM a que o título alude.
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