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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
MAI recua na nomeação ilega
na Proteção Civil
O ministro da Administração Interna foi obrigado a recuar na nomeação para a Inspeção Nacional da Proteção Civil de uma adjunta do presidente desta estrutura. Era ilegal de acordo com o regime do próprio governo
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, anulou a nomeação
da adjunta do presidente Autoridade Nacional de Emergência e Proteção
Civil (ANEPC) para a Inspeção Nacional daquele serviço. A decisão foi
tomada na tarde da passada sexta-feira, depois do DN ter noticiado que esta nomeação era ilegal de
acordo com a lei do próprio governo. O nome da jurista tinha sido
proposto pelo presidente da ANEPC, tenente-general Mourato Nunes.
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A
incompatibilidade colocava-se de duas formas, de acordo com a
legislação onde estão definidas regras das nomeações de membros dos
gabinetes dos ministros, secretários de Estado e subsecretários de
Estado: pelo facto de a jurista Soraia Jorge ter estado colocada no gabinete do ministro da Administração Interna e desde outubro no gabinete do tenente-general Mourato Nunes.
Segundo o nº 2 do artigo 8º da lei 11/2012 de 20 de janeiro,
"os membros dos gabinetes não podem desempenhar, pelo período de três
anos contados da cessação das respetivas funções, os cargos de
inspetor-geral e subinspetor -geral, ou a estes expressamente
equiparados, no setor específico em que exerceram funções".
Duas nomeações polémicas
Assim, por um lado, tendo a jurista estado nomeada no gabinete do
ministro, a sua designação para a Inspeção, um serviço que audita a
atividade de um serviço do setor, é incompatível. Por outro, tendo
estado no gabinete do próprio presidente da ANEPC, equiparado a membro
do governo, a nomeação era duplamente incompatível.
AS
contrário da outra nomeação polémica na ANEPC, publicada na sexta-feira
à tarde - a de Ana Cristina Gomes, chefe de gabinete do oficial general
para o cargo de Diretora Nacional de Administração e Recursos
daquele serviço -, a nomeação de Soraia Jorge não chegou a ser publicada
no Diário da República.
Ambas as funções são obrigatoriamente sujeitas a concurso público, o que não aconteceu
A nomeação foi em "regime de substituição", que a legislação
prevê "nos casos de ausência ou impedimento do/a respetivo/a titular
quando se preveja que estes condicionalismos persistam por mais de 60
dias ou em caso de vacatura do lugar".
Este não foi, no
entanto, o motivo indicado pelo ministério da Administração Interna
(MAI) quando justificava ao DN, no passado dia dois de março ambas as
nomeações: "A designação, em regime de substituição,
dos licenciados que vão assumir a direção nacional destas três unidades
(foi reconduzido, sem polémica, José Oliveira a diretor de Prevenção e
Gestão de Riscos, quadro superior da ANEPC desde 2007) visa
assegurar a manutenção do funcionamento regular dos serviços e tem em
conta a competência técnica, aptidão, experiência profissional e
formação adequadas para o exercício dos cargos de direção dos respetivos
designados".
O MAI adiantava que "nos prazos legais previstos será requerida à
Comissão de Recrutamento e Seleção da Administração (CRESAP) a abertura
dos respetivos concursos".
Fontes que estão a acompanhar o
processo, disseram ao DN que, na sexta-feira, o ministro chamou ao seu
gabinete Mourato Nunes e ambas as assessoras e concluíram que só
poderiam manter a nomeação de Ana Cristina Gomes. Soraia Jorge voltou,
para já, à função de adjunta de Mourato Nunes.
Apesar das
insistências do DN desde 4 de março passado, primeiro a confrontar o
gabinete do MAI em relação à ilegalidade, depois sobre o recuo, ainda
não houve nenhuma resposta.
Recorde-se que o PSD já pediu, em requerimento oficial, explicações a Eduardo Cabrita sobre as nomeações na ANEPC. Em declarações aos jornalistas, reagindo à iniciativa dos sociais democratas, o ministro respondeu com uma provocação:
"Está muito mal informado [o PSD], porque quando o PSD era Governo
havia nomeações, agora vai haver concurso público", afirmou Eduardo
Cabrita, à margem da posse da nova comandante do Comando Metropolitano
do Porto da PSP.
* O sr. ministro do MAI é no governo o campeão de "tiro ao pé" embora existam mais atiradores.
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