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HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS
Livro sobre Salazar revela que ditador
era injetado com frequência
O livro
"A Queda de Salazar - O Princípio do Fim da Ditadura" revela que o
ditador era injetado com frequência tratando-se de um medicamento "não
identificado" apesar de haver uma referência a um estupefaciente.
"É
um dado novo. Não só as injeções que Salazar recebia e, nos últimos
tempos, a uma frequência de dia sim dia não", explica à Lusa o
jornalista José Pedro Castanheira.
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O
livro "A Queda de Salazar" de José Pedro Castanheira, António Caeiro e
Natal Vaz refere-se às "misteriosas injeções" administradas pelo
enfermeiro João Rodrigues Merca havendo no diário do próprio ditador
pelo menos uma referência a Eucodol, um estupefaciente que se tornou no
medicamento "favorito" de Hitler no final da II Guerra Mundial (1945).
O
livro reproduz uma fotografia da página de um dos diários em que
Salazar escreve a palavra "Eucodal", mas os autores do livro consideram
que é difícil saber em rigor que substância o ditador recebia, sendo que
o dado seguro é a frequência da injeções.
"Fazemos
uma estatística das injeções, elas são referidas no diário. É difícil
saber que substância tomava. É referido uma vez um nome, mas há razões
para pensar que não foi sempre essa substância", explica José Pedro
Castanheira acrescentando que na correspondência entre o embaixador
Marcelo Mathias e o próprio Salazar existem referências ao envio de
substâncias médicas que não se encontravam disponíveis em Portugal.
"Em
julho de 1968, um mês antes da queda da cadeira (agosto de 1968),
Salazar agradece ao embaixador que estava em Paris e tinha sido ministro
dos Negócios Estrangeiros o envio de várias caixas de injeções. Não
falam do nome do medicamento, mas Salazar diz que era um medicamento que
não existia em Portugal, o que em 1968 já não seria o Eucodal porque
nessa altura já se vendia livremente em Portugal, oriundo da indústria
farmacêutica alemã", refere o jornalista.
"Infelizmente o nome do medicamento não é revelado, mas é inquestionável que continuava a ser injetado dia sim dia não", frisa.
Os
autores da investigação referem no livro que a "farta literatura
historiográfica sobre Oliveira Salazar é omissa" quanto às injeções.
"Nenhum
dos seus biógrafos lhes faz referência. Tão-pouco Eduardo Coelho, nas
suas memórias de médico assistente. Contactados, três dos médicos que
acompanhavam Salazar após a cirurgia ignoravam pura e simplesmente este
dado clínico", refere o livro que dedica um capítulo sobre as
misteriosas injeções" (pág 97).
O livro
teve como ideia inicial fazer a sistematização do que já tinha sido
publicado nos jornais ou editado por historiadores e investigadores, mas
acabou por ter um caráter mais amplo em virtude dos factos apurados
através da consulta de documentos e entrevistas.
Segundo
José Pedro Castanheira, o livro incluiu, entre outras, informações
novas sobre os últimos dois meses da governação de Salazar em virtude da
consulta das transcrições dos diários do ditador que estão a ser feitas
por Madalena Garcia e "que são uma fonte riquíssima".
Muita
da informação diz respeito aos últimos dois meses em que Salazar se
instalou no forte do Estoril, do dia 26 de junho até à altura da queda
no dia 03 de agosto de 1968 e que estão minuciosamente detalhados.
O
livro "A Queda de Salazar - O Princípio do Fim da Ditadura", de José
Pedro Castanheira, António Caeiro e Natal Vaz (Tinta da China) é
apresentado hoje na residência oficial do primeiro-ministro, em São
Bento, Lisboa.
* Os "chutos" da ditadura.
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