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HOJE NO
"EXPRESSO"
Adalberto persona non grata no Porto
Recuo do Governo no Infarmed deixou os socialistas a norte atónitos. Ministro tornou-se indefensável
Há uma revolta entre os socialistas da região Norte contra Adalberto
Campos Fernandes. A decisão de suspender a transferência do Infarmed
para a cidade do Porto foi apenas mais um episódio de uma relação que se
tem vindo a deteriorar ao longo do tempo. E já poucos conseguem
defender o ministro da Saúde.
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As hostilidades foram abertas por
Manuel Pizarro, líder da distrital do PS/Porto, que acusou Adalberto de
ter agido de forma “leviana” em todo o processo e, pior, de ter tentado
responsabilizar “terceiros” por um “problema que ele próprio criou,
sozinho”. Se o golpe de Pizarro foi violento, a verdade é que o
descontentamento é quase generalizado e estende-se a todas as estruturas
do PS no Porto: dirigentes da concelhia e da federação distrital,
deputados municipais e deputados à Assembleia da República. Ninguém
poupa o ministro.
“O ministro é um desastre político e vai
prejudicar eleitoralmente o PS no Porto”, diz um socialista do Porto ao
Expresso. “Foi um disparate absoluto”, concorda um dirigente do
PS/Porto. “Há uma enorme revolta. Todo o processo é risível”, completa
um deputado socialista. Mais críticas foram repetidas, com menor
violência, por vários deputados eleitos pelo Porto, como João Torres,
Bacelar Vasconcelos, Tiago Barbosa Ribeiro ou Fernando Jesus.
“Adralberto” contra-ataca
A
tensão é tal que houve quem, no PS, trouxesse a público uma alcunha que
o ministro ganhou mais a Norte e que era repetida, até aqui, em
surdina: “E o Infarmed já foi... O Adalberto é um adralberto”, escreveu
Alfredo Fontinha, deputado municipal do PS no Porto, no Facebook. E pior
ficou depois de o ministro não ter tido uma palavra para com os
dirigentes socialistas no Porto, que se sentiram isolados a defender a
honra do convento perante os ataques dos outros partidos.
O
impasse e as muitas promessas sobre a nova ala pediátrica do Hospital
São João ou as demissões no Hospital de Vila Nova de Gaia em protesto
contra a falta de investimento (sempre adiado) já tinham deixado o
ministro fragilizado. Nos bastidores, comenta-se há muito a incapacidade
do ministro em impor-se a Mário Centeno para exigir uma resposta rápida
para situações dramáticas como a das crianças da oncologia do São João,
algumas instaladas nos corredores do hospital. Mas também se critica a
facilidade com que Adalberto, dependendo da audiência, promete avanços
que depois se verificam impossíveis — daí o petin nom. O ‘caso Infarmed’
foi apenas a última polémica do ministro a Norte.
No último
debate quinzenal, António Costa ainda tentou proteger o ministro,
puxando para si a responsabilidade da decisão: “Se isto fosse uma
autocracia do António Costa, o Infarmed já estava no Porto.” Mas também
admitiu que não se governa “por capricho”, atirando para a comissão
independente para a descentralização a última palavra sobre o Infarmed —
bem longe das mãos do ministro da Saúde. Para memória futura, no
entanto, fica um outro debate quinzenal: aquele em que o
primeiro-ministro disse que Adalberto tinha sido “inábil” ao anunciar,
de forma precipitada, a ida do Infarmed para o Porto. Desde aí, que este
processo só tem um rosto e esse rosto os socialistas portuenses não
esquecem: se dependesse de muitos deles, Adalberto Campos Fernandes não
seria novamente ministro.
* Sempre fomos contra a ida do Infarmed para o Porto, o “Adralberto” já devia estar cansado de dar tiros nos pés, alguém que lhe roube as munições, o gajo de Tancos era apropriado
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